Rio - O título de campeã do Carnaval de 2017 está nas mãos das 12 escolas de samba do Grupo Especial. Presidentes e representantes das agremiações vão se reunir com a direção da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) amanhã para decidir se aceitam o pedido da Mocidade Independente de Padre Miguel para a divisão do campeonato com a Portela. O veredito poderá ser feito por meio de votação entre as escolas.
O vice-presidente da Verde e Branca, Rodrigo Pacheco, está otimista e já faz planos para uma grande festa na quadra da escola, caso a Mocidade seja decretada campeã ao lado da Portela. “O foco da Mocidade não é a divisão do dinheiro, mas sim o título. E se realmente ele vier, a comunidade pode esperar uma bela comemoração”, contou Pacheco. Cautelosa, a direção da Portela alegou que aguarda a decisão das instâncias administrativas da Liesa.
Oficialmente, a Liga informa que a reunião de amanhã será para discutir o Carnaval de 2018, mas representantes das escolas de samba já foram orientados sobre uma possível votação para decidir os rumos do campeonato deste ano.
Será colocada em pauta a hipótese de falha da Liga na distribuição correta da edição do livro Abre-Alas para os jurados, na qual cita a presença de uma destaque da Mocidade que foi retirada do roteiro na última versão do documento feito pela escola.
A expectativa é que após a votação, a Liesa confirme a divisão do campeonato entre Portela e Mocidade. Além do título, a agremiação de Padre Miguel também terá direito a metade do prêmio em dinheiro.
Enquanto a polêmica não chega ao fim, torcedores das escolas de samba trocam farpas nas redes sociais. Na página oficial da Mocidade no Facebook, internautas apelidaram o recurso da Verde e Branca de tapetão.
Em alguns comentários, usuários alegam que o pedido de divisão do título pode abrir precendente para que outras escolas questionem o julgamento do júri nos próximos carnavais. Na defensiva, torcedores da Mocidade pediram justiça e ressaltaram o desfile impecável da escola.
Perda de pontuação
A solicitação da Mocidade pela divisão do campeonato foi feita à Liga no dia 23 de março, após a divulgação das justificativas das notas dos julgadores. No quesito enredo no módulo 2, o jurado Valmir Aleixo Ferreira tirou um décimo da Mocidade pela ausência do destaque ‘Esplendor dos 7 Mares’, que não constava mais na edição atualizada do livro.
Na ocasião, a Liesa tratou o caso como uma falha de comunicação e alegou que a Mocidade enviou a versão atualizada do livro Abre-Alas, sem a presença da destaque, após a realização do curso de julgadores para o quesito.
Na interpretação da escola, se Valmir Ferreira tivesse dado nota 10 à Mocidade, haveria empate com a Portela. O desempate seria decidido no quesito comissão de frente, em que a Verde e Branca levaria a melhor, pois atingiu a nota máxima de todo júri.
Além do debate sobre o campeonato, a reunião convocada para os representantes das agremiações amanhã terá outras pautas importantes, como os acidentes com os carros alegóricos da Paraíso do Tuiuti e Unidos da Tijuca, que deixaram mais de 40 pessoas feridas.
A Liesa foi notificada pelo Ministério Público Estadual a apresentar o cronograma relativo às adequações de segurança que devem ser implementadas até o próximo desfile. A 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Capital do MPRJ, que instaurou inquérito civil para exigir o aperfeiçoamento da segurança.
O MP pede informações sobre exigências técnicas de segurança ao Corpo de Bombeiros, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) e ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Reportagem do estagiário Matheus Ambrosio, com supervisão de Angélica Fernandes