Por gabriela.mattos

Rio -  A mudança no título do Carnaval de 2017 gerou polêmica entre os torcedores da Mocidade e da Portela. Na noite desta quarta-feira, dirigentes das escolas de samba do Grupo Especial aprovaram a divisão do campeonato entre as agremiações de Padre Miguel e de Madureira. A Azul e Branca, que volta a ficar no jejum de 47 anos sem ganhar a competição sozinha, vai se pronunciar sobre a decisão em uma coletiva de imprensa, às 17h desta quinta.

Mocidade e Portela dividiram o título no Carnaval de 2017Arte%3A O Dia Online

As escolas que votaram a favor da Mocidade foram Vila Isabel, Grande Rio, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e São Clemente. Já Imperatriz, Beija-Flor, Unidos da Tijuca e Salgueiro se abstiveram. Portelense, o contador Flávio dos Santos, de 50 anos, afirmou que nunca havia visto uma situação parecida e acrescentou que a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) abriu um "precedente perigoso". "Já vi resultados questionáveis e mais de uma escola campeã, mas tudo dentro da apuração. Só essa nota merecia ser revista? Então teria que revisar todos os quesitos de todos os jurados", completou.

Para a estudante Georgette Tartari, de 33 anos, a decisão da Liesa pode até ter sido justa para a Mocidade, mas ressaltou que a Portela fez um desfile impecável. "Me pergunto de que forma isso pode afetar os próximos carnavais. Não sei se é válido ganhar assim. Por uma nota de desempate, mal avaliada, o título teve que ser dividido. Claro que fiquei chateada", lamentou. 

O publicitário Eduardo Pascottini, de 28 anos, destacou que a divisão do campeonato não diminuirá a alegria pelo título. "Além de achar que a Portela merecer mesmo, valeu também o reconhecimento da importância da escola, que é, de fato, um dos grandes ícones da cultura carioca", reforçou.

Já os torcedores da Mocidade estão fazendo a festa. Segundo o administrador Pedro Gaspar, de 23 anos, a mudança "reparou um erro grave por parte da comissão julgadora". "A escola foi lesada por um erro que não existiu", enfatizou o jovem, que costuma frequentar os ensaios na quadra da Verde e Branca.

Mocidade de coração, a cabeleireira Fidelina Barbosa, de 23 anos, assistiu ao desfile pela Internet, já que se mudou para El Salvador em novembro do ano passado. "A escola estava linda e vem fazendo bons desfiles há pelo menos dois anos. A escola lutou e se mobilizou diante do erro para trazer para a comunidade o que merece", explicou Fidelina, que morou em Padre Miguel.

A publicitária Carina Souza, de 23 anos, reforçou que a decisão foi justa, mas disse que a Mocidade continuou sendo a maior prejudicada da história. "Não teve a oportunidade de comemorar no dia da apuração e nem de desfilar como campeã. E a escola ainda está sando como campeã ilegítima para algumas pessoas", analisou.

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