Rio - O calendário ainda marca julho de 2017, mas o carnaval de 2018 já começou. Afinal, onze escolas do Grupo Especial já têm seus enredos e iniciaram os trabalhos para levar um grande espetáculo para avenida. Somente a Beija-Flor e o recém-promovido Império Serrano não divulgaram os temas que defenderão ano que vem.
Adiantada, a Paraíso do Tuiuti já escolheu até o samba-enredo para comemorar os 130 anos da Lei Áurea.
Entre os enredos de destaque, o Salgueiro, que recupera a tradição de falar sobre a África e a Mocidade, que aposta novamente em um país, dessa vez a Índia.
Três estreias são aguardadas: a Portela aposta em Rosa Magalhães e os imigrantes, enquanto a Grande Rio traz Renato Lage homenageando Chacrinha, e o atual campeão, Paulo Barros, começa nova era na Vila Isabel abordando o futuro.
Tentando o bi, campeãs buscam caminhos diferentes
Campeã de 2017, a Portela perdeu Paulo Barros e agora conta com a multicampeã do Sambódromo, Rosa Magalhães, à frente do barracão. Em busca do bicampeonato, a Azul e Branca de Madureira falará sobre imigração, contando a idas e vindas de grupos de imigrantes ao redor do mundo, com o enredo "De Repente de Lá Pra Cá e Dirrepente de Cá Pra Lá...".
Declarada também campeã após confusão com notas dos jurados, a Mocidade Independente manteve o time e continua com Alexandre Louzada. Mantém também a temática de homenagear uma nação após a bem sucedida viagem ao Marrocos. Dessa vez, a escolhida é a Índia, com “Namastê... A Estrela que habita em mim saúda a que existe em você".
Salgueiro volta às origens; Mangueira brinca na crise
O Salgueiro também mudou bruscamente. Depois de 15 anos sob o comando de Renato Lage, a escola da Tijuca estreia o carnavalesco Alex de Souza, e , com ele, a tentativa de retomar uma antiga tradição, ao falar sobre a história africana. O enredo prestará homenagem às mães negras com "Senhoras do ventre do mundo".
A Mangueira, quarta colocada em 2017, quer mostrar que há espaço para brincar e se divertir, mesmo em tempos de crise econômica. O criativo Leandro Vieira, revelação dos últimos anos, levará para a avenida o enredo "Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco!"
Imperatriz e a Ilha apostam na continuidade
Estreando o casal Renato e Márcia Lage, a Grande Rio quer, enfim, sair da fila e conquistar seu primeiro título no Grupo Especial. Para isso, aposta no lendário comunicador Chacrinha, no ano em que se comemoram os 30 anos de sua morte. O enredo lembra o bordão do "Velho Guerreiro" que incitava a plateia a julgar os calorouros: "Vai para o trono ou não vai?".
A Imperatriz Leopoldinense manteve o competente Cahê Rodrigues para celebrar o bicentenário do Museu Nacional com "Uma noite real no Museu Nacional". A União da Ilha gostou do resultado desse ano e manteve Severo Luzardo, que vai levar um banquete bem brasileiro com "Brasil bom de boca".
Vila com Barros aposta no futuro; São Clemente e Tijuca, nas artes
A São Clemente perdeu Rosa Magalhãe e trouxe Jorge Silveira, ex-Viradouro, para contar os 200 anos da Escola de Belas Artes no enredo "Academicamente Popular”. Já a Vila Isabel passa por uma reformulação para recuperar as boas posições. A escola de Martinho tirou o campeão Paulo Barros da Portela e aposta em um enredo com a cara do carnavalesco: "Corra, que o futuro vem aí!"
A Unidos da Tijuca perdeu Mauro Quintaes, mas manteve o restante da comissão, formada por Annik Salmon, Marcus Paulo e Hélcio Paim. A aposta no ressurgimento da escola do Borel será no ator, diretor, escritor e multi-artista Miguel Falabella com "Um coração urbano: Miguel, arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem".
A Paraíso do Tuiutí manteve Jack Vasconcelos para falar dos 130 anos da Lei Áurea com "Meu Deus! Meu Deus! Está extinta a escravidão?". O enredo, inclusive, já tem até samba, composto por Moacyr Luz, Cláudio Russo, Dona Zezé, Aníbal e Jurandir.
Reportagem do estagiário Caio Belandi com supervisão de Marlos Mendes