Completando 14 anos, o Sargento Pimenta faz sua 12ª apresentação mesclando Beatles ao ritmo brasileiroRenan Areias / Agência O Dia

Rio - "Um, dois, três, Sargento Pimenta", gritaram os 100 percussionistas de mãos dadas, momentos antes de subir ao palco, no Aterro do Flamengo, na Zona Sul, nesta segunda-feira de Carnaval (12). Às 10h30, um dos blocos mais populares da cidade, que reverencia a banda britânica The Beatles, começou o show em homenagem à cantora, compositora e Rainha do Rock brasileiro, Rita Lee.
Com o tema "Rita in the Sky with Diamonds", o Sargento Pimenta deste ano segue com a tradição de mesclar músicas dos Beatles aos ritmos brasileiros. Mesmo antes de começar a festa, foliões já escolhiam seus lugares perto do palco, armavam suas cadeiras com um guarda-sol e esperavam a banda subir no grande palco, montado na altura da Praça Paris, na Glória.
Ao som de "Lovely Rita", "Pagu", "All You Need Is Love" e "Amor e Sexo", Leandro Donner, um dos fundadores do Sargento Pimenta, fez um pronunciamento para a abertura do bloco. "Estamos aqui para transformar nossa folia em uma grande homenagem a esse ícone da música: a adorável, inigualável, inconfundível e inesquecível, Rita Lee", celebrou Donner.
Casados há oito anos, Eliaquem Baptista, de 67 anos, e Isabel Fester, de 56, chegaram cedo no Sargento Pimenta. "Além da homenagem a Rita Lee, o conceito que nos atraiu foi que eles tocam Beatles. Trouxemos nossa cadeira de praia para ficarmos tranquilos. Gostamos de curtir o Carnaval assim, na boa", disse Eliaquem, em entrevista ao DIA.
O sol e o calor intenso não assustaram as pessoas que se fantasiaram de Rita Lee, com peruca, luva e bota. Rosane Lerner, de 62 anos, toca agogô na banda do Sargento Pimenta desde 2013 e fez questão de se vestir como a Rainha do Rock. "Coração bate forte ao subir neste palco. Sempre é algo novo e isso é muito legal", contou. Já a paulista Adriana Feixman, 60, entrou para a percussão em 2016. "Foi a melhor escolha da minha vida", afirmou Adriana.
Lina Karoblyde, de 47 anos, nasceu na Lituânia e mora no Brasil há 13 anos. Neste Carnaval, o Sargento Pimenta foi o primeiro bloco que a professora de inglês curtiu com sua amiga engenheira, Élida Guerreiro, de 33. "A gente gosta do 'Rock and Roll'. Não importa se o bloco é parado ou andando, a gente se diverte de qualquer jeito", contou Lina. "Adoro a Rita Lee. Estão fazendo uma mistura perfeita", finalizou Élida.
O repertório do bloco traz clássicos, como "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", no ritmo de Maracatu, "She Loves You", em marchinha de Carnaval, "Help!", em samba-afro, "Hard Day's Night", na levada do funk, e "Here Comes the Sun", no arrasta-pé.
O casal Bernard Moczydlower, de 35 anos, e Ana Carolina, de 34, comentaram sobre a dinâmica do bloco parado. "Assim é bem melhor do que andando, menos tumulto", disse o comerciante. "Ele acordou colocando Beatles na caixa de som para entrar no clima", contou a empresária.
Margarida Tavares, de 70 anos, estava indo trabalhar em um evento religioso no Centro de convenções Firjan, na Zona Central do Rio, quando passou pela festa. "Temos que ajudar o padre, acreditar em santos, mas também temos que fazer o que a gente gosta", brincou Margarida.
Cerca de 100 batuqueiros, formados na oficina de percussão ministrada semanalmente ao longo do ano, participam da banda do Sargento Pimenta. O encontro entre a bateria de escola de samba e guitarras, baixo, saxofone, trombone e trompetes torna possível um passeio por ritmos brasileiros, sem perder a melodia dos "rapazes de Liverpool".
Um dos fundadores do bloco, Gustavo Gitelman, explicou sobre o "Rita in the Sky with Diamonds". "[Rita Lee] tem tudo a ver com o bloco e Carnaval. Ela tinha um amor grande pelo Rock e pelos Beatles. Nosso sonho era poder tocar com ela, mas a gente consegue homenageá-la dessa forma", afirmou.
Bloco do Sargento Pimenta

Fundado em 2010, o Bloco do Sargento Pimenta está em sua 12ª aparição no Carnaval carioca. Já em seu primeiro desfile, em 2011, foi aclamado como melhor bloco pelo concurso Serpentina de Ouro, promovido pelo jornal O Globo. Ainda ocupando as estreitas ruas de Botafogo, na Zona Sul, o bloco arrastou surpreendentes 5 mil pessoas naquele ano. Em 2012, o "Yellow Submarine" estacionou no Aterro do Flamengo, mesmo lugar onde se mantém até hoje.
O público foi crescendo de forma exponencial, até chegar ao impressionante número estimado de 500 mil pessoas, em 2017, ano em que foi feita uma homenagem aos 50 anos do icônico álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles. Em 2023, depois de uma pausa forçada pela pandemia, os "Pimentas" voltaram com tudo, reunindo mais de 400 mil pessoas.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini