Max representa João Cândido, o 'Almirante Negro'Thalita Queiroz / Agência O Dia

Rio - O entregador Max Ângelo dos Santos, que foi agredido e ofendido pela ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Corrêa de Sá em abril do ano passado, desfila pelo Paraíso do Tuiuti na madrugada desta terça-feira (13).

Pisando pela primeira vez na Sapucaí, Max representa João Cândido na terceira alegoria da escola, que leva ao Sambódromo o enredo "Gloria ao Almirante Negro". Emocionado e bastante nervoso, o entregador tem a responsabilidade de ser o destaque do terceiro carro, intitulado "O dragão do mar reapareceu na figura de um bravo marinheiro".

Segundo ele, a sensação nessa noite é de felicidade por poder passar uma homenagem tão importante que está entrelaçada em sua própria história. "Hoje eu tenho um sentimento de justiça e também de muita alegria por estar vivendo isso, representando um herói nacional", disse.

O samba homenageia João Cândido, que se empenhou na luta contra maus-tratos, a má alimentação e as chibatadas sofridas pelos homens negros na Marinha do Brasil.

Relembre o caso
As agressões contra Max aconteceram no dia 9 de abril de 2023 em São Conrado e foram gravadas por testemunhas. Nas imagens, é possível ver a ex-atleta Sandra Mathias puxando e agredindo o entregador. A mulher dá um soco em Max e o agarra pela roupa. Em seguida, ele se esquiva e se afasta. Sandra, então, diz: "Tu (sic) não vai embora não, filha da p...".
O crime aconteceu depois que Sandra se revoltou com a presença de entregadores sentados na porta de uma loja, na Estrada da Gávea, próximo ao número 847. Segundo Max, a mulher passeava com o cachorro e, ao se deparar com o grupo, cuspiu no chão, na frente da vítima, e seguiu andando com animal. Ao voltar, uma entregadora questionou o motivo da raiva da ex-jogadora, que se alterou e passou a ofender e agredir os trabalhadores.
"No domingo, a gente estava sentado como de praxe, como a gente faz todo santo dia, esperando a entrega e ela passou, passeando com o cachorro. Quando chegou na nossa frente, ela olhou para mim com cara de nojo e cuspiu no chão e seguiu o caminho. Quando ela voltou, minutos depois, a menina perguntou para ela por que ela tinha tanta raiva da gente e aí começaram as alterações, as agressões verbais, seguidas de agressões físicas", relatou Max na época.
"(Me) chamou de marginal, de preto, disse que eu tinha que voltar para a favela, que eu não tenho que estar em São Conrado, que ela paga IPTU e muitas outras coisas, me mandou tomar em tudo quanto é lugar", completou.
Sandra agrediu com socos e com a guia de uma coleira de cachorro. Ela foi indiciada pela 15ª DP (Gávea) pelos crimes de lesão corporal, injúria e perseguição (stalking).