Quadra da Unidos de Viradouro após o título de Campeã do Carnaval de 2024Renan Areias

Rio - Campeã do Carnaval 2024, a Unidos da Viradouro, segue em clima de alegria e gratidão após a conquista do título. Sem dormir, após uma noite intensa de comemorações, membros da escola marcaram presença na quadra da escola, no Barreto, em Niterói, na manhã desta quinta-feira (15), mesmo com chuva. Para os componentes, a conquista é resultado de muito trabalho e representa um presente para a cidade da Região Metropolitana, que completou 450 anos em 2023.
Ao DIA, mestre Ciça, responsável pela bateria, comentou a satisfação de poder trazer de volta o título para a Viradouro, após a escola ficar em segundo lugar no ano passado por causa de um décimo. Na ocasião, um dos décimos perdidos foi no quesito bateria.
"É muita emoção, a sensação é de tirar aquele peso. Fomos campeões depois de muito trabalho, muitos ensaios. É uma sensação de felicidade enorme! Ser campeão é muito bom! Sábado estaremos lá festejando e depois da Semana Santa já iremos trabalhar de novo. Foram sete meses de ensaio, uma escola como a Viradouro fez tudo dar certo na avenida, a escola fez um desfile magnífico", disse.
Quem também esteve na quadra foi o intérprete Wander Pires. Ele, que em 2010 acabou rebaixado com a escola para a Série Ouro (antigo Grupo de Acesso), falou sobre o prazer de poder entregar um título para os torcedores.
"Essa é minha primeira vez campeão pela Viradouro, cantamos em 2010 e ela desceu, não foi culpa minha, mas hoje a gente 'devolve', é uma coisa maravilhosa! Meus patrões me deram a oportunidade de contribuir para a cidade de Niterói e todos os componentes, junto com a bateria, de sermos campeões juntos. Isso significa muito!", contou.
Wander, que foi campeão com a Mocidade em 1996, complementou, agradecendo pela vitória. "É muito importante na carreira do intérprete, da escola e de todos nós, principalmente a gente que ganha a vida cantando com o coração. A gente agradece a Deus, aos orixás, e agradeço muito também a minha mulher. Agora é só alegria e comemoração!", disse.
Moradora do Centro de Niterói, Tia Renan, como é mais conhecida, revelou que o coração ainda fica saindo pela boca só de pensar na vitória.
"Foi um trabalho muito árduo, dias de ensaio com chuvas e com sol, nossa comunidade sempre fortalecendo para gente chegar nesse título, tanto que Harmonia teve 40 pontos e Evolução 40, somamos 80 pra ajudar a trazer o campeonato para nossa escola. É muito prazeroso a gente ficar meses nesse trabalho e receber esse resultado. É só felicidade!", comemorou a responsável pela ala dos adolescentes na Harmonia.
Tia Renan afirmou, ainda, que o título é uma vitória para a cidade. "Não tem presente melhor que esse, para a cidade que nós moramos, contribuir com nosso trabalho e dar esse presente pra Niterói é incrível."
A escola também é composta por muitos gonçalenses, que carregam a Viradouro no coração. Na Harmonia, por exemplo, alguns integrantes vieram de São Gonçalo, na manhã desta quinta-feira (15), para celebrar novamente.
Ainda na quadra, as passistas Gabriella Piedade, 19 anos, Thayna Pinto, 13, e Aysha Souza, 14, que estavam acompanhadas das mães, contaram que a escola é para elas como uma casa.
Gabriella, por exemplo, estreou na Avenida e se considera sortuda. "Foi minha primeira vez desfilando na Sapucaí e em uma escola de elite, pé quente né? Felicidade a mil, Viradouro pra mim é uma mãe, uma casa, tudo!", contou.
Thayna e Aysha estão na escola há mais tempo, desde quando não tinham idade para desfilar. "Estamos mais aqui do em casa, sem ela não sei o que seria de mim, só agradecer por tudo que essa escola proporciona", disse.
Verônica de Paula, de 59 anos, da ala das baianas, não conseguiu esconder o orgulho com o título. "Estamos muito felizes, foi uma vitória desejada, esperada, ano passado foi por um décimo e esse ano ganhamos por 7. Isso enche nosso coração de orgulho. Estou há seis anos na Viradouro como baiana. A mais nova tem 25 anos e a mais velha tem 85."
A baiana ainda comentou a expectativa para o desfile das Campeãs. "O coração já vai se preparando para o desfile, pelo que tudo indica vai ser igual ao de 2020 com chuva, na ocasião ficamos três horas em pé pegando chuva com fantasia pesada mas o sabor da vitória é inebriante. A escola tem muito cuidado com os componentes de cada ala, estamos muito felizes com a vitória", finalizou.
Julinho Nascimento e Rute Alves, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, também falaram sobre o diferencial da escola.
"Coração tá feliz, grato, realizado e em paz. A gente quase não teve descanso e aí agora estamos muito cansados, mas aquele cansaço que a gente lutou pra estar, nem dormir, mas ainda bem, porque se a gente não tivesse sido campeã a gente podia ta dormindo. Então ainda bem que não dormimos. Ano passado estava engasgado, foi um desfile tão bonito e não conseguimos. Então estava engasgado e esse ano a diferença foi de 7 décimos", destacou Rute.
Complementando a parceira, o mestre-sala reforçou que ambos trabalharam muito para que tudo desse certo na Sapucaí. "Coração a mil ainda, a gente não dormiu, estamos virados, mas trabalhamos para isso, foram muitas noites de sonos perdidos e com o objetivo de chegar na Sapucaí e apresentar um grande desfile. A gente pede tanto pra 'papai do céu' abençoar, ser merecedor de um grande desfile, mas a gente tem que fazer a nossa parte e fizemos, 'papai do céu' abençoou. O sentimento é de gratidão, de tantas pessoas que trabalham conosco e para nós, tem uma estrutura enorme em volta da gente", exaltou.
A Unidos do Viradouro faturou nota 10 em todos os quesitos, alcançando a pontuação máxima de 270 pontos. A escola, que fechou o segundo dia de desfiles do Grupo Especial, na madrugada de terça-feira (13), conquistou o terceiro título de sua história. O último havia sido em 2020.
Em uma apresentação sem erros, a Vermelha e Branco se inspirou na ancestralidade e encantou o público com enredo sobre o culto à serpente no Benim, na África, e no Brasil, exaltando a força das mulheres negras. Desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, o tema fez um passeio pela história, levando uma mensagem em defesa da liberdade de culto e do respeito entre as religiões.