Beto Sem Braço morreu em 1993Reprodução / Facebook

Rio - A família do compositor Beto Sem Braço comemorou a escolha do sambista como tema do Império Serrano. Morto em 1993, o autor de clássicos como "Camarão Que Dorme a Onda Leva" e "Brincadeira Tem Hora", será o grande homenageado do enredo "O Que Espanta Miséria é Festa."
Para a nutricionista Priscila Casemiro, de 46 anos, filha do compositor, o desfile promete mexer com o público: "O Império precisa voltar ao seu lugar. Não tenho dúvida de que o Império será campeão. A escola vai emocionar muito na Avenida."
Torcedora da escola de Madureira, ela espera que o enredo consiga captar a alma da obra de Laudenir Casemiro, nome de batismo do compositor. "Acho que o que marca meu pai é uma forma muito característica de compor, tendo uma melodia muito clara. Qualquer um que ouve identifica que a música é de Beto Sem Braço. Isso não pode faltar", diz Priscila, que ressalta que o enredo não é biográfico, tendo a obra como principal enfoque, além da conexão de Beto com o subúrbio.
A família avalia que o desfile será uma grande oportunidade para que as novas gerações possam conhecer a trajetória do compositor. "A obra do meu pai toca na rádio todos os dias, principalmente em músicas do Zeca Pagodinho. Foram 21 canções compostas por Beto Sem Braço e gravadas pelo Zeca, mas o compositor não é visto. Acredito que o enredo vai fazer as pessoas conhecerem mais o Beto compositor."
O sambista teve cinco filhos, quatro mulheres e um homem, este último já falecido. Ainda de acordo com Priscila, suas três irmãs, que são evangélicas, não irão desfilar.
Identidade
Priscila também considera que o tema ajuda a reforçar a identidade do Império Serrano. Ela conta ainda que gostaria de ver compositores amigos de seu pai participando da disputa de samba-enredo.

"O Império fez muito pelo meu pai porque ajudou a consagrá-lo como compositor de samba-enredo. Antes ele passou pela Vila, a convite de Martinho da Vila, mas não ganhou nenhum samba", declara Priscila, que elege suas canções preferidas do pai: "Um Dia de Rei", "Lindo Requebrado", "Querer de um Querer" e "Se Liga, Doutor."
Projetos
A obra de Beto Sem Braço, em breve, também será eternizada em livro. A biografia está sendo escrita pelo jornalista Marcos Salles em parceria com Priscila. A nutricionista também pretende criar uma fundação para preservação da obra do pai. O projeto prevê atividades como contação de histórias para crianças e aulas sobre samba. Um documentário, dirigido por Luiz Antonio Pilar, completa a lista de projetos idealizados pela família. Vale lembrar que a quadra da agremiação, em Madureira, já possui um busto do autor, inaugurado em 2023.
Trajetória
Beto Sem Braço ganhou destaque na década de 1980 ao ter canções gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva, Almir Guineto, Beth Carvalho e outros. Compôs também os sambas do Império Serrano de 1982, 1983, 1985, 1987, 1989 e 1992. Entrou para a história ao fazer “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, com o qual a verde e branco venceu seu último título, em 1982. Faleceu em 1993, vítima de tuberculose.
Em 2025, o Império Serrano vai ser a última escola da Série Ouro a desfilar, no sábado (1º de março).
 
*Reportagem do estagiário João Alkmim, sob supervisão de Raphael Perucci