Na Praça XV, o carnaval não oficial começou muito animado com vários blocosPedro Teixeira / Agência O Dia

Rio – Já começou a festa! A tradicional abertura não oficial do Carnaval 2025, sempre no primeiro domingo do ano (5), agitou milhares de foliões no Centro do Rio. A região virou uma verdadeira celebração a céu aberto, com máscaras e fantasias para todos os gostos. As ruas foram tomadas pelos 27 blocos que inauguram as celebrações com muito samba e outros estilos musicais. O dia começou com o Bloco Baile Todo, no Buraco do Lume, às 9h. No mesmo horário "Não Monogamia Gostoso Demais", na Rua do Mercado, e "Mulheres Rodadas", que se concentrou no CCBB, às 10h, e foi até a Praça XV, onde também estava o "Toques Para Ododua" e um pouco mais tarde, o "Te Devoro", com músicas do cantor Djavan.
Durante o clima de curtição, o estudante de história e guia de turismo Bernardo Brito, 22, que estava de pernas de pau no "Não Monogamia Gostoso Demais", exaltou as festividades não oficiais como parte importante do caráter popular do Carnaval. "Para mim, é maravilhoso. Uma oportunidade linda de estar na rua. O carnaval não oficial é resistente. A gente está representando a festa popular, na rua, porque vários blocos do Rio de Janeiro ainda não têm a oportunidade de serem oficializados", disse. A não-monogamia é um termo que refere a pessoas que têm relacionamentos com mais de um parceiro ao mesmo tempo.
A contadora Rafaela Martins, 25, há um ano aprendendo a se equilibrar em pernas de pau, ressaltou as oportunidades e empregos gerados com o início antecipado das festas. "Eu acho muito importante esse movimento que fazemos na rua. Dá muita oportunidade para as pessoas trabalharem, para a gente ter a nossa movimentação, manifestação", afirmou. Há 15 anos, o contador Milton Junior participa de blocos usando a fantasia de Mr Catra. "Eu e uns amigos resolvemos apostar quem iria sair e eu acabei gostando", disse ele.
Mãe e filha que curtem o carnaval juntas permanecem juntas. Dona Norma Castanheira, de 87 anos, e a filha, a professora Aline, 54, estavam no Bloco Mulheres Rodadas, que se concentrou no CCBB e foi até a Praça XV, onde também havia o "Te Devoro", o "Toques para Ododua" e o "Não Monogamia Gostoso Demais". As duas estavam fantasiadas de Rainha de Copas. "Eu adoro esse carnaval não oficial. É uma festa democrática. Para todo mundo", diz Aline. Sua mãe completa: "Eu adoro carnaval. Venham todos para o Rio de Janeiro", diz dona Norma com a experiência de quase 90 anos.
Quem também estava curtindo o "Mulheres Rodadas" em família era o ator Matheus Solano. "O carnaval não oficial é maravilhoso. É o segundo ano que a Paula [Braun, esposa] participa. Estou aqui com as crianças. Muito feliz de acompanhar esse crescimento dela. Ela veio com surdo no ano passado, agora está com o trombone de vara. É um bloco importante de resistência de vulnerável. Então, fico muito feliz com isso tudo", afirmou.
Já o bloco "Te Devoro", que toca clássicos de Djavan, também se concentrou na Praça XV. A professora Luciana Pacheco, 35, passou a frequentá-lo recentemente. "Eu conheci porque eles iam ensaiar na rua atrás de casa, na Lapa. Aí eu acabei escutando e pensei: 'Gente, que som bom, adorei!'. Aí eu perguntei nos grupos qual o bloco que toca Djavan", explicou.
"Maravilhoso. É legal ter várias coisas acontecendo ao mesmo tempo porque não fica inchado num lugar só. Apesar de ter vários blocos rolando, você consegue ver os músicos, escutar as músicas, curtir sem ficar muito cheio", concluiu.
A também professora Barbara veio de Belo Horizonte, Minas Gerais, para curtir os blocos. Ela exaltou a importância dos eventos de rua para manter a essência do carnaval. "O Carnaval não oficial tem que existir. Se a gente oficializa totalmente o carnaval, a gente despolitiza a festa e ela vira institucionalizada", disse.
Enquanto uns se divertem, outros aproveitam a temporada para ganhar um pouco mais de dinheiro. Esse é o caso da vendedora ambulante Alice Paúra. "Trabalho nesses eventos e aqui têm muitos. Na Pedra do Sal eu fico sempre. Hoje tem cerveja, refrigerante e água. Às vezes eu boto também uma caipirinha. Há quatro anos que trabalho com isso", diz Alice, que estava na Praça XV desde às 6h e esperava que o movimento fosse melhorar no decorrer do dia.