Erasmo CarlosDivulgação/Guto Costa

Rio - A morte do cantor e compositor Erasmo Carlos abalou o música brasileira, nesta terça-feira. Nascido e criado na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio, o artista fazia questão de exaltar o carinho que tinha pela localidade onde iniciou sua carreira artística ao lado de outros ícones da MPB como Roberto Carlos, Tim Maia e Jorge Ben. "Uma perda enorme", lamentou o presidente da Associação de Moradores Nova Tijuca, Jaime Miranda, ao DIA.
"O Erasmo era tijucano, tem história no cinema (Cine Madrid), na Praça Saens Peña... E ele sempre deu valor, sempre lembrava que era tijucano. Muito triste. Tijucano histórico, assim como o Tim Maia", declarou Jaime. "Acho, inclusive, que a prefeitura deveria pensar em alguma homenagem ao Erasmo Carlos. O gigante gentil, muito emblemático pra Grande Tijuca, de maneira geral. Uma pena. A Associação lamenta muito, espero que a família possa ser consolada no momento tão difícil, todos nós tijucanos", completa.
Jaime ainda relembrou a banda The Sputniks, formada por Erasmo, Roberto e Maia com Arlênio Lívio e Wellington Oliveira, antes do sucesso nos tempos da Jovem Guarda. "Esse grupo foi muito importante, o começo de tudo", destacou. Na década de 50, os rapazes se apresentavam no icônico Bar do Divino, que ficava localizado na Rua Haddock Lobo.
E a relação do Tremendão com a Tijuca também foi eternizada na canção "Turma da Tijuca", lançada em 1984. "Eu era aluno do Instituto Lafayette, naquele tempo eu já pintava o sete. Trocava as letras dos anúncios do cinema, transformando um belo filme num sonoro palavrão. Que turma mais maluca, aquela turma da tijuca", cantava Erasmo.
O trecho da música ficou mais claro quando o cantor lançou a autobiografia "Minha Fama de Mau", em 2009. "Casa do ócio, oficina do diabo, diz o ditado que é uma definição precisa daquela rapaziada da Tijuca. Afinal, a falta do que fazer, principalmente nas noites de sábado, nos levava a aprontar, como quando trocávamos as letras do Cine Madrid, reinventando o nome dos filmes. Trocamos 'Teseu e o Minotauro' por 'Tesão do Mineteiro'. Criamos outras jóias, como 'Uma Puta em Nova York' ('Um Rei em Nova York') e 'Mogli, o Menino Viado' ('Mogli, o Menino Lobo'). Ficávamos esperando o dia amanhecer só para ver a reação das pessoas indo trabalhar", contou.
Aos 22 anos, Erasmo deixou sua residência na Rua Professor Gabizo para morar em São Paulo. Mesmo assim, em 2017, o cantor foi convidado para fechar a noite de celebrações pelo aniversário de 258 anos da Tijuca, quando recebeu o título de Cidadão Tijucano da Superintendência Regional da Grande Tijuca.