Dani Calabresa e Marcius MelhemDivulgação/Globo

Rio - O imbróglio envolvendo a humorista Dani Calabresa, de 41 anos, e o ex-diretor do Núcleo de Humor da TV Globo Marcius Melhem, de 50, está longe do fim e ganhou mais uma capítulo nesta terça-feira. Cerca de dois anos após as acusações de assédio sexual contra Melhem, a revista "Veja" obteve acesso a novas provas. De acordo com a publicação, Marcius Melhem afirma ser vítima de um complô e tem se defendido com fotos, áudios e conversas de WhatsApp com suas denunciantes. 
As acusações de assédio moral e sexual contra Marcius Melhem vieram a público no final de 2020. Segundo as denúncias, o diretor forçava intimidade com as subordinadas e prejudicava quem não cedia às suas investidas. Além de Dani Calabresa, outras sete mulheres também denunciaram o diretor. O inquérito policial corre na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), no Centro do Rio. 
Marcius Melhem abriu, em São Paulo, um processo na Justiça Cível e pede reparação de danos morais contra Dani Calabresa. Ambos os processos correm sob sigilo. Após as acusações, a TV Globo encerrou o contrato com Marcius Melhem em agosto de 2020. Dani Calabresa teve seu contrato fixo com a emissora encerrado em julho deste ano. 
Segundo a reportagem da "Veja", que afirma ter tido acesso aos documentos, Marcius Melhem entregou à Justiça conversas de WhatsApp trocadas entre Dani e o ex-diretor em tom carinhoso e também com cunho sexual. Ainda de acordo com a publicação, existem testemunhos de denunciantes que admitem, contraditoriamente, ter tido relações consentidas com Marcius Melhem. 
Entre as provas inéditas obtidas pela revista está o depoimento de uma amiga de Dani Calabresa: Maíra Perazzo. Ela acompanhava a humorista na festa em que teria ocorrido o assédio sexual relatado em reportagem da revista "Piauí". Segundo Melhem, durante a tal festa, ele estava em um canto afastado com Dani, trocando beijos, quando a humorista puxou a amiga para que eles formassem um trio. Maíra foi chamada a depor no processo como testemunha a favor de Melhem. Depois da festa, ela ainda ficou com o ex-diretor mais uma vez. 
A reportagem mostra também que Dani comentou a festa em um grupo de WhatsApp com atores da Globo e não citou o assédio. Em conversa privada com Melhem, a humorista também teria dito que mandaria a amiga "embrulhada em plástico bolha" para o diretor. Um mês depois da festa, Maíra foi de São Paulo para o Rio e ficou novamente com ele. 
Outra prova seria o fato de que a atriz Veronica Debom, uma das acusadoras de Melhem, assume ter vivido um relacionamento de mais de um ano com Marcius Melhem. Ela classificou para a Justiça o envolvimento como "abusivo". De acordo com a "Veja", as provas no processo mostram que ela e Melhem eram um casal apaixonado, que trocava "nudes" e mensagens picantes. As mensagens finais mostrariam também que o diretor quis colocar um fim no relacionamento e Veronica ficou ressentida. "Eu tomei um pé na bunda estou apaixonada por você e tomei um pé na bunda, amor. Risos não que eu não ache que você não tem razão, acho que você está coberto de razão", teria dito. Quando começaram as denúncias, Veronica também teria mandado mensagens para Marcius Melhem afirmando que ele é inocente.
A defesa de Marcius Melhem defende que houve um movimento de vingança contra ele e todas as vítimas se conheciam antes das acusações, além de serem defendidas pela mesma advogada, Mayra Cotta. A representante delas afirma que "as vítimas não faziam parte de um círculo íntimo de amizades e que só souberam quem eram as demais vítimas em agosto de 2021". 
A reportagem cita ainda outra acusadora de Melhem, Bárbara Duvivier. Ela e o diretor eram casados quando tiveram um relacionamento extraconjugal. Bárbara engravidou no final de 2017 e, em trocas de mensagens de WhatsApp, os dois discutem a possibilidade do filho ser do ex-diretor. A hipótese depois foi descartada. De acordo com a defesa de Marcius Melhem, Bárbara o acusa de ser um chefe assediador para se livrar do constrangimento de que os dois traíram seus respectivos cônjuges em um relacionamento extraconjugal.
Melhem também apresenta no processo provas contra a denunciante Georgiana Goes. A atriz afirma que o ex-diretor tentou beijá-la em uma festa em 2014. No entanto, a artista teria mantido um relacionamento amistoso com o chefe mesmo após o episódio. Em uma mensagem, ela teria dito que sonhou com ele "num abraço longo e quente".  
Há também o caso da atriz Débora Lamm, que aparece no inquérito como uma das vítimas. Segundo a "Veja", ao ser questionada pelo juiz se sofreu assédio sexual, a atriz não soube o que responder. "Eu acho... não, não, eu sou testemunha". Ainda de acordo com a publicação, apesar de constar no processo da Deam como vítima de assédio sexual, Débora se queixa na verdade de ter perdido espaço profissional na Globo após ter tentado afastar Dani Calabresa de Marcius Melhem durante uma festa. Ela também teria reconhecido que nunca foi maltratada profissionalmente pelo ex-diretor e teria voltado a trabalhar com ele na peça "O Abacaxi".