A cantora Claudia LeitteReprodução / Instagram

A professora e escritora Bárbara Carine, vencedora do Prêmio Jabuti 2024 na categoria Educação, detonou a cantora Claudia Leitte, que substituiu o nome de Iemanjá durante uma música, em apresentação no último sábado (14). A educadora afirmou, em vídeo publicado nesta quarta-feira (18), que a artista cometeu racismo religioso e se aproveita da cultura do axé para lucrar.
"É realmente revoltante o racismo religioso, eu diria até um terrorismo religioso que essas pessoas instauram na nossa cultura. É muito triste a demonização de orixá, Iemanjá, é extremamente revoltante o lucro com a demonização dessa cultura porque é uma pessoa que vive do axé. É um estilo musical que não só tem relação com as bases africanas, pela nomenclatura, mas tem a ver com a sua estrutura rítmica. Toda a musicalidade do axé parte das culturas de terreiro, e a mulher está há décadas lucrando com essa cultura", disparou, sem citar Claudia nominalmente.
A canção "Caranguejo", lançada em 2004 pela banda Babado Novo, possui os seguintes versos: "Maré tá cheia/Espera esvaziar/Joga flores no mar/Saudando a rainha Iemanjá". Na versão adaptada pela cantora, ela substitui o último verso por "Só louvo meu Rei Yeshua", nome de Jesus Cristo em hebraico.
"Ela estava em baixa. Ela sabe que quando ela está assim, apagadinha, desaparecida, ela pode fazer isso porque ela volta para a cena nesse pior lugar possível, mas que muitas pessoas na nossa sociedade que são conservadoras aplaudem esse tipo de estratégia. Não vão entender como estratégia, porque são pessoas tacanhas, mas como postura religiosa, mas é estratégico, do ponto de vista financeiro, lucrativo", complementou Bárbara Carine.
Após o show, que aconteceu em Salvador, o secretário de Cultura da cidade, Pedro Tourinho, criticou quem retira orixás de canções.
A reportagem tentou contato com a assessoria da Claudia Leitte, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para manifestações.