Cláudia LeitteReprodução/Instagram

Rio - O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou inquérito para investigar um possível crime de racismo religioso cometido por Claudia Leitte. A cantora alterou o nome de uma orixá das religiões de matriz africana durante ensaio de verão no Candyall Guetho Square, em Salvador, onde fica a sede da Timbalada, banda criada por Carlinhos Brown. Na apresentação, a artista trocou o verso 'Saudando a rainha Yemanjá' por 'Só louvo meu rei Yeshua'.
O MP-BA recebeu a denúncia da Iyalorixá Jaciara Ribeiro e do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). O caso foi instaurado pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. 
Segundo a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz, o procedimento foi instaurado para apurar a responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal.
Após o episódio, o secretário da Cultura e Turismo de Salvador se manifestou nas redes sociais. "A celebração dos 40 Anos do Axé-Music é muito bem-vinda, é necessária e pertinente. Contudo, ela não pode vir sem também trazer junto algum pensamento crítico. Importante botar as coisas no seu devido lugar antes de começar o oba oba. Temos a oportunidade de seguir em frente, corrigir percursos, fazendo o melhor e o justo. Viva o Axé", escreveu Pedro Tourinho.
Com a repercussão da postagem, Tourinho negou que tenha sido uma indireta para a Cláudia Leitte e disse que essa questão é muito mais sobre o todo do que sobre a parte. "Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome dos Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é surreal e explícito reforço de que houve de errado daquele tempo", disse.