Rio - Depois de Claudia Leitte retirar 'Iemanjá' da letra de uma música e ser acusada de intolerância religiosa, ela deixou de seguir e de ser seguida por Ivete Sangalo no Instagram. A atitude reforçou as especulações de que Veveta teria se incomodado com a decisão da loira de alterar um trecho da canção "Caranguejo".
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Internautas opinaram sobre a troca de 'unfollow' entre as cantoras. "Estou do lado de Ivete, esse afastamento é um livramento pra ela", comentou um usuário do X, antigo Twitter. "[Claudia Leitte] bloqueou Ivete pra aparecer. A coitada tem sobrevivido de polêmicas e suspeitas de crimes", disparou outra pessoa. Por outro lado, fãs defenderam a loira. "A realidade é que Ivete nunca gastou de Claudia, os encontros sempre foram bem artificiais. Já Claudia sempre foi fã de Ivete e tinha um carinho por ela, sentimento que nunca foi recíproco. Resumindo: Claudia se livrou".
Entenda
Em um show de pré-Réveillon em dezembro, ao invés de cantar "saudando a minha rainha Iemanjá" a artista falou "eu canto meu Yeshua", que para algumas religiões cristãs é o nome de Jesus. A atitude foi bastante criticada, além de ser alvo do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que começou a investigar se a cantora praticou racismo religioso.
Claudia Leitte se manifestou, alegando que de seu "lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial". A cantora já havia sido criticada pela troca há alguns anos e repetiu a mudança.
Após a polêmica, o secretário de Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, se manifestou no Instagram e Ivete curtiu a publicação. "A celebração dos 40 Anos do Axé-Music é muito bem-vinda, é necessária e pertinente. Contudo, ela não pode vir sem também trazer junto algum pensamento crítico. Importante botar as coisas no seu devido lugar antes de começar o oba oba. Temos a oportunidade de seguir em frente, corrigir percursos, fazendo o melhor e o justo. Viva o Axé", iniciou ele.
Depois de muita gente apontar como uma indireta para Claudia Leitte, Tourinho disse que essa questão levantada é muito mais sobre o todo do que sobre a parte. "E maior e mais endêmica do que qualquer caso isolado. Sei que perde-se controle, mas a intenção não é alimentar 'hate' contra ninguém, e sim puxar a discussão como um todo sobre a necessidade de saber o que é axé e reconhecer toda a história. Fechei comentários porque a discussão estava indo na direção errada", completou.
Em seu relato, o secretário diz que homenagens ao Axé Music em 2025 têm de ser também afirmativas, trazendo os tambores para frente, os compositores para o alto. "Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome dos Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é surreal e explícito reforço de que houve de errado daquele tempo", disse.
"É importante a gente buscar na história desse povo afro-brasileiro, dessa cultura, tantas perseguições, desde o tempo da escravidão. Está na hora da gente pensar melhor e se comportar melhor em relação aos direitos dos povos afro-brasileiros. A gente tem que saber como começa essa história. É muito digno que a gente respeite as religiões de matriz africana", complementou a ministra.
Daniela também destacou a importância de respeitar as religiões de matriz africana. "O axé é a força que emana de tudo que é vivo. Que a gente aprenda a se amar, porque se o candomblé sofre preconceito é porque o preto sempre sofreu preconceito, isso é uma consequência do racismo. Que a gente afirme toda a importância das religiões de matriz africana. Eu não seria quem sou, sem os terreiros de candomblé, sem o povo que mantém sua cultura através da sua religião. Então, eu bato cabeça", complementou.
Apesar das críticas, Carlinhos Brown defendeu a cantora. Em entrevista, o músico afirmou que "Claudia Leitte não é uma pessoa racista" e que a interpretação da mudança deveria ser feita com mais compreensão. Além disso, lembrou que nas tradições de matriz africana, Yeshua pode ser associado a Oxalá, que, segundo o candomblé, é o marido de Iemanjá.
"Essa ideia de que Jesus não está próximo de nós é equivocada. Você não entra em um terreiro que não tenha uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Então, não vamos nos envolver com aqueles que querem destruir isso", declarou, pedindo para que a questão fosse despolitizada.
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