Rio - Com uma carreira em novelas, filmes e no teatro, Nathalia Serra está em cartaz no Rio até 8 de dezembro com o musical "O Rei do Rock", no Teatro João Caetano, no Centro, que aborda a vida e obra de Elvis Presley (1935-1977). No espetáculo, a artista interpreta a atriz, cantora e dançarina sueca Ann Margret, que também ficou conhecida por viver um romance extraconjugal com astro da música.
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Com ingressos a R$ 5 e inúmeros hits de Elvis, a produção reúne amigos e familiares da carioca na plateia. "Muita gente do meu convívio está podendo ir várias vezes, levando muitos amigos. Sinto que pela primeira vez, estou conseguindo trazer meu trabalho para casa, proporcionando acesso de verdade ao grande público pra me assistir no teatro", comemora Nathalia.
Intérpret de Ann, a artista relata os desafios - tratados em terapia, inclusive - para construir as muitas camadas da personagem. "Precisei encarar com profundidade e empatia a parte principal dessa história que eu contaria, que é essa mulher exercendo a posição de amante na vida desse cara (Elvis Presley). Por causa de experiências pessoais dolorosas na minha vida pessoal, me peguei resistente em alguns aspectos, tive dificuldade de torcer genuinamente para que ela fosse bem sucedida nessa relação, o que claramente fragilizaria minha interpretação, se eu já entrasse em cena sem acreditar que Elvis a escolheria como esposa. Foi tema de várias sessões da minha análise, precisei ir fundo junto com a direção, até achar a brecha que eu precisava para trazer a verdade necessária", revela.
Ela também admite que teve surpresas ao se aprofundar na história da antiga estrela de Hollywood. "Ela é uma artista gigante, super ativa artisticamente até hoje com 83 anos, com uma história interessantíssima, para muito além do romance com Elvis Presley! Atriz premiadíssima, inclusive indicada ao Oscar. Ganhadora de Grammys como cantora, e uma mulher e artista muito a frente do seu tempo. Contemporânea a Marilyn, mas com uma sensualidade diferente da dela, talvez menos objetificada e com muita personalidade. Na vida pessoal, se casou exatamente uma semana depois de Elvis, mas continuou recebendo violões de flores do astro, em todas as suas estreias e datas importantes, como aniversários", recorda.
Para o musical, Nathalia precisou se preparar fisicamente para atuar, cantar e dançar. "É ser atleta de alta performance. Equilibrar essas três funções no palco, exige muito treinamento. Assim como qualquer atleta, a gente faz aula/treinamentos o ano inteiro para dar conta dessa rotina, com a técnica afiada como precisa estar. Acho que o maior desafio é manter o foco e a disciplina, os cuidados físicos e com a voz, e ter a grana necessária para além de pagar as contas todas, ainda sobrar para investir nessa manutenção", destaca ela, que precisou intensificar os cuidados com "joelho, lombar e quadril na academia e fisioterapia" e procura "dormir bem todas as noites para preservar a saúde vocal".
Televisão e cinema
A atriz já integrou o elenco de "Malhação - Pro Dia Nascer Feliz (2016) e "O Tempo Não Para (2018)". Nos cinemas, esteve presente em "O Sequestro do Voo (2023)" e "Mamonas Assassinas (2023)". Nathalia deixa claro que admira todos os formatos, mas que sente um carinho especial pelo teatro. "Eu tenho um respeito gigantesco pelo meu ofício. Tenho carinho especial por todos os formatos, e cada um me oferece prazeres específicos, porém nutridos pelo principal, que é poder contar boas histórias. Mas devo confessar, que a troca e a resposta direta do público quando estou no palco, é algo inexplicável".
Diretora e preparadora de atores
Ela também é diretora e preparadora de atores, então, diz que essa experiência nos bastidores contribui para o seu trabalho como atriz. "É fundamental para um ator, ter uma visão macro da obra. Entender de luz, som, ângulos, entender as escolhas cênicas dos colegas e a linguagem do seu diretor, e ainda conseguir criar em cima disso é o que torna tudo mais interessante. É fundamental que o ator tenha uma compreensão macro da obra para conseguir encaixar seu trabalho de forma a contribuir para o todo. Ter vontade de dirigir e preparar atores, acaba sendo um caminho natural pra quem se conecta ao todo".
Desejo de ser protagonista
Formada em artes cênicas nos Estados Unidos, artista revela que apesar dos inúmeros papéis, ainda não conseguiu ser protagonista em nenhuma produção, mas que sente esse desejo. "Quero protagonizar. Até hoje, não consegui defender uma personagem central de uma história. Gosto de desafios, e me sinto pronta para assumir essa responsabilidade".
Apesar de não ter planos para o futuro bem definidos, Nathalia tem uma única certeza: "Sou operária da arte. Conseguir continuar trabalhando muito para viver disso, cavar novas oportunidades e poder seguir atuante tanto nos palcos como no audiovisual é só o que desejo para a minha vida", garante.
Serviço:
'O Rei do Rock' Sexta-feira, às 19h; Sábado e domingo, às 17h Local: Teatro João Caetano Endereço: Praça Tiradentes, s/n - Centro Ingresso: R$ 5
*Reportagem da estagiária Mylena Moura, sob supervisão de Isabelle Rosa