A imponente fachada do casa de espetáculos, que teve investimento de R$ 65 milhõesDivulgação
Lembro bem que ainda criança, no fim da década de 80, eu simpatizava com o Carnaval. E em 1989, aos 11 anos, me encantei com o icônico samba de enredo "Trinca de Reis", da Mangueira. Curioso, fui pesquisar sobre a casa de shows Scala, exaltada em prosa e verso pela Estação Primeira naquele ano, assim como seu dono, Chico Recarey, chamado de "Rei da noite" carioca na letra.
Fundado em 1982, localizado no coração do Leblon, o Scala apresentava espetáculos e bailes noturnos famosos, em sua maioria ligados ao Carnaval, que faziam a alegria de cariocas e turistas, mas que em 1994 encerrou a temporada do show Golden Rio, deixando a cidade órfã de entretenimento noturno fixo de alto padrão.
Inspirado em casas de espetáculos renomadas como o Moulin Rouge, em Paris, Señor Tango, em Buenos Aires, e Estravaganza, em Las Vegas, o novo Roxy desfila glamour já na entrada, com uma remodelada calçada de pedras portuguesas, que fazem referência ao famoso calçadão de Copacabana. A fachada revitalizada apresenta as clássicas colunas cilíndricas destacadas dos panos de esquadria, valorizando suas formas, agora com coloração dourada, representativa da época de ouro do cinema.
Ao ingressar no consagrado foyer, o público pode perceber o equilíbrio entre a modernidade de elementos atuais e os detalhes construtivos preservados desde a inauguração, com destaque para a escada principal, cujo piso em lioz rosa foi restaurado, além dos guarda-corpos dourados em suas formas originais, as colunas internas em granito preto e o antigo painel artístico localizado no alto do espaço central, preservado e recomposto, representando a dança, a música e a arte cênica, preconizando a transformação do cinema em casa de espetáculos.
O jantar
Antes do show, outro ponto alto da noite: um aliciente jantar assinado pelo chefe Danilo Parah e produzido com maestria pelo chef executivo da casa, Caio Silva, que promete agradar ao mais exigente paladar, servido ao longo de 2 horas, enquanto o público aprecia música ao vivo com o trio da Banda Roxy, que toca sucessos da Bossa Nova e da Música Popular Brasileira.
Saboreei na entrada um crudo de atum com coalhada de queijo de cabra, seguido de um peixe grelhado ao molho de limão-cravo com palmito assado. De sobremesa, uma inesquecível e surpreendente textura de chocolate com pé-de-moleque de castanhas brasileiras (simmmm, é de dar água na boca!). Vale ressaltar que o menu é variado e há opções tão saborosas quanto as descritas acima.
A apresentação musical exalta ritmos e costumes brasileiros, em um palco de aproximadamente 400 metros quadrados, com um painel de LED côncavo, com tecnologia 4D, que proporciona uma experiência cinematográfica imersiva, numa viagem por ícones que vão desde o Pelourinho, em Salvador, até as profundezas da Amazônia, passando pela Festa de Parintins e, é claro, o Carnaval do Rio de Janeiro.
Com direção geral de Abel Gomes, responsável pelas cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas Rio 2016, o espetáculo “Aquele Abraço” celebra a diversidade e a alegria de um Brasil plural, em megaprodução voltada para toda a família (a classificação é livre), que nos faz sentir a vibração do Samba, do Funk, do Frevo e da Bossa Nova, além de mostrar Poesia de Cordel, Street Art e outros costumes de diferentes regiões brasileiras.
O Roxy Dinner Show transmite a essência do povo brasileiro e dá vida - com luxo, alta gastronomia e música - aos principais cartões postais do Brasil. O show me fez lembrar, com muita alegria, do samba de 1989, que o saudoso mestre Jamelão cantava "nesse Rio que eu amo a noite é uma criança".
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