Rio - Marcelo Tas, de 64 anos, foi o convidado do programa "Roda Viva", da TV Cultura, apresentado por Vera Magalhães, nesta segunda-feira. Com quatro décadas de carreira, o apresentador revelou o que gosta de consumir na televisão e opinou sobre presença de pastores na grade de programação.
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"Eu adoro a TV ao vivo. Adoro. Então, assim, os telejornais, as transmissões de esporte. Eu gosto muito quando as coisas podem dar errado, sabe? Então, o ao vivo eu acho sensacional. Como eu falava lá no CQC, 'a TV ao vivo é a casa onde mora o capeta', onde você tem medo do que possa acontecer fora do seu controle, né? Que é outra palavra que eu não pratico muito, eu acho ruim. Eu acho que o controle, ele prejudica muito a televisão. Ele prejudica a ousadia acontecer na televisão", disse o comunicador.
Em seguida, ele citou o que o desagrada. "Odiar, vou falar uma coisa aqui que talvez eu vá para o inferno: não gosto de ver tantos pastores com boletos no horário nobre da TV aberta brasileira. É só boleto. É pix, tem rifa. Todo tipo de pilantragem para arrancar dinheiro de pessoas frágeis, que estão em situação de desespero. Eles são hábeis em montar situações armadas, de pessoas sendo curadas. Vocês não acham um absurdo? A gente está em 2024... Estou falando de pastores pilantras mesmo, respeito muito os pastores, principalmente os evangélicos. Eu fui zapeando e passei por uns 12 pastores até chegar no Sport TV, que é o que eu estava procurando para ver as Olimpíadas".
CQC ajudou a eleger Jair Bolsonaro?
Em um momento do programa, Tas opinou sobre a tese de que o programa "CQC", que apresentou durante 2008 a 2014 na Band, ajudou a notabilizar e a eleger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2018. "O embasamento desse raciocínio é muito frágil. O Bolsonaro foi eleito em 2018. Eu saí do CQC em 2014. É uma visão enviesada. O CQC mexeu muito com o ego de algumas pessoas poderosas do jornalismo, especialmente da esquerda brasileira. Eu comecei a olhar essas teses, que falam que o CQC foi responsável pelo Bolsonaro, e percebi um padrão. Geralmente são pessoas ligadas ao PT que querem que a explicação para o surgimento do Bolsonaro seja o CQC e não o fracasso do PT no comando desse país", disse.
O apresentador também ressaltou que não tem problema em falar sobre o assunto e declarou. "O CQC expôs o baixo clero. A gente cansou de mostrar que ele (Bolsonaro) mente, é isso que ajudou a eleger o Bolsonaro? Ou foi a capa da Veja, que falou de novo que ele era o cara? Como a Veja já tinha feito com o Collor. A gente tinha que estar falando da Veja e não do CQC".
Transmissão dos jogos olímpicos pela CazéTV
Marcelo Tas comentou a transmissão das olimpíadas pelo canal CazéTV. "É uma mudança de paradigma. É a primeira vez, que, por exemplo, as Olímpiadas estão sendo transmitidas e os direitos são da Globo e da CazéTV. Para quem duvidava de que estamos vivendo novos tempos, a resposta está aí... A audiência, até onde estou acompanhando, da CazéTV é maior do que a audiência de alguns canais do SporTV, que é um veículo de excelente qualidade mas com um grau de investimento muito diferente. Fico feliz não do Cazé estar ganhando da Globo, mas de mostrar ousadia, inteligência, competência, porque tudo aquilo ali tem muito jornalismo", afirmou.
Trabalho na TV Cultura e possíveis interferências
Apresentador do "Provoca", Marcelo também falou sobre a possível insatisfação do Governo do Estado de São Paulo com a programação da TV Cultura e as supostas interferências, já que parte da verba da emissora pública vem do governo paulista. "Não houve nenhuma interferência. Agora, é bom dizer, pressões sempre existem. É importante você negociar suas liberdades e seguir negociando".
'Estou na velhice'
Aos 64 anos, Tas esclareceu que não vê problema em estar na 'velhice'. "O Brasil que foi o país mais jovem, hoje vai ter uma população de pessoas mais velhas. Ando muito interessado nesse assunto e ando gostando de usar essa palavra, velhice. Eu estou na velhice. Saudável e ativo. Não tem nenhum problema de estar na velhice", comentou ele, que tem praticado remo. "Eu nunca cuidei tão bem de mim mesmo, porque eu já me tratei muito mal durante uma temporada. Atualmente, eu descobri o meu esporte, que é o remo".
Confira:
O CQC foi responsável por catapultar a popularidade do então deputado Jair Bolsonaro até chegar à Presidência da República?
Marcelo Tas, convidado do #RodaViva, acredita que o programa, na verdade, mexeu com o ego de membros da esquerda brasileira.