Volta Priscila estreia no Disney+Divulgação
"Nossa ferida ainda não foi sarada e nunca vai ser. Pelo fato da Priscila não estar aqui com a gente, porque a gente não sabe o paradeiro dela, o que foi que aconteceu... No documentário a gente vai ver as lacunas, o que tem que se voltar a fazer porque eu falo que não existe o culpado. O culpado é aquele cara que não quer voltar atrás e fazer o certo. Tenho certeza que quem está cuidando do caso da Priscila hoje, que foi aberto, vai poder voltar atrás e entrar nas lacunas que foram deixadas. Isso é uma coisa que a gente espera", afirma Vitor Belfort.
Com direção de Eduardo Rajabally e direção de conteúdo pesquisa de Bruna Rodrigues, a série documental convidou autoridades policiais que investigaram o desaparecimento de Priscila, assim como as atuais, a gravarem depoimentos. No entanto, ninguém foi autorizado pela Polícia Civil a comentar. A reportagem de O DIA procurou William Medeiros, atual delegado titular da Delegacia Antissequestro, que orientou que o caso deveria ser tratado com a assessoria de imprensa da corporação.
Em resposta ao e-mail enviado, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) disse que "se solidariza com a dor da família. Desde os primeiros momentos, todos os recursos disponíveis foram empregados a fim de elucidar o caso e esclarecer o paradeiro da vítima. Inúmeras diligências foram realizadas e diversas linhas de investigações foram checadas. Vale ressaltar que todas as denúncias relacionadas ao caso foram e continuam sendo exaustivamente apuradas pela Delegacia Antissequestro (DAS)".
A assessoria confirmou que o inquérito "segue aberto", mas não informou desde quando.
Além de mostrar inúmeras linhas de investigações frustradas, prisões, operações em morros cariocas, abordar temas que aumentaram a dor da família - como boatos de que a jovem teria envolvimento com drogas e dívida com o tráfico - e até falsas autorias para o suposto crime, o projeto mostra momentos de Priscila com a família e viagens em vídeos e fotos, trechos de um diário e cartas para amigas e ex-namorados. Nos depoimentos, familiares relembram um período em que ela teve depressão na adolescência após uma temporada de intercâmbio nos Estados Unidos.
"Foram quatro anos de dor, e eu fiquei doente mesmo, porque era muita emoção. Peguei filme deles crianças, slides de uma viagem que a gente fez ao Havaí, que foi muito bom para todos dois. Foi muito difícil, rever, escutar a voz dela. Isso foi muito difícil, mas, como o Vitor fala, eu tinha um objetivo, e realmente isso me levou até o final feliz, de poder mostrar quem era a Priscila verdadeira, como ela era amada pelas amigas, foi um parto diário, mas realmente foi muito bom o resultado", revela.
Para amenizar a dor e o vazio de ter uma filha sumida, Jovita abraçou a pauta e atua como Superintendente de Pessoas Desaparecidas e Documentação Básica, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro.
"Só conhece mesmo essa dor, quem passa por ela porque ela é tão sobrenatural, tão desumana. Conhecer essa dor só quem passa por ela, diferente da morte", diz Jovita, destacando a importância do acolhimento às mães de desaparecidos.
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