Tayná Vaz e os filhos Letícia e Vicente - Arquivo Pessoal
Tayná Vaz e os filhos Letícia e VicenteArquivo Pessoal
Por O Dia

Rio - É muito comum ouvir que os primeiros meses de uma criança serão fundamentais para o resto de sua vida. E uma das explicações para isso talvez esteja no fato de que, dentre os mamíferos, a única espécie que depende totalmente da mãe quando nasce até atingir uma determinada idade é a nossa. Mas, obviamente, não é apenas isso. "A segurança física de proteção e o alimento que a mãe oferece ao bebê são, claro, muito importantes. Mas é a emocional, que inclui o afeto e o acolhimento do choro, que vai nortear a comunicação entre os dois. Desenvolver a confiança na mãe e estabelecer um vínculo afetivo e seguro com ela é determinante não somente na primeira infância, mas por muito tempo depois. Há, inclusive, estudos que mostram que a criança que desenvolve essa ligação no início da vida possui menos chances de ter problemas com vícios em drogas, depressão e aprendizado", explica Telma Abrahão, biomédica especialista em inteligência emocional e disciplina positiva.

Tayná Vaz é mãe de Letícia, de 4 anos, e Vicente, de 1 ano, e conta que, embora agora o tempo tenha que ser dividido entre os dois filhos, tenta dar ao menor a mesma atenção que deu para a mais velha quando nasceu. "Ela sentiu ciúmes no início, o que é natural, já que sempre fomos muito grudadas. Mas expliquei que o irmão ia precisar muito de mim no começo, e que eu faria por ele o que fiz por ela quando bebê. E ela entendeu. Inclusive, acho que essa conexão que sempre tivemos a fez compreender melhor a necessidade de, nesse momento, estar mais com o Vicente. O vínculo criado nessa fase inicial é único e constitui um laço eterno de confiança e parceria. Fora que participar das descobertas do seu bebê, desde o início da alimentação até os primeiros passos, as brincadeiras e os desafios, é muito gratificante para nós, mães", diz.

Mas estar com o bebê é mais que toque e corpo a corpo. As brincadeiras também são muito necessárias para garantir essa conexão e para que a criança tenha seus sentidos aguçados. "Na medida em que você brinca de dar beijinho, fazer cócegas e massagem, passar algodão pelo corpinho ou texturas diferentes na mão da criança, estimula-se o tato. Quando há conversa, exercita-se a audição. Já o contato visual é bom para a visão e a própria atenção", explica Patrícia Guillon, psicóloga e coordenadora de cursos direcionados à infância e adolescência da PUC-PR.

A psicóloga Isabela Cotian comenta que, embora seja fundamental esse tempo com o bebê, cobrar da mulher que ela dê atenção exclusiva à criança pode gerar culpa e medo. "Sabemos que hoje a mulher tem outros papéis além da maternidade e é preciso respeitar isso. Quanto mais a mãe estiver feliz com ela mesma, mais conseguirá estar bem e disponível para seu bebê", pontua. Mas um alerta importante: "Uma coisa é a liberdade que toda mãe deve ter para estabelecer rotinas e horários. Outra é não dar atenção ao filho, por exemplo, para navegar na internet. Buscar um tempo de qualidade sem o uso do celular diz a eles implicitamente que são sua prioridade. Que percepção você quer passar para eles? Que tipo de comportamento você espera construir quando quiser tempo com seu filho no futuro, se hoje você escolhe um celular?", conclui

 

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