Roberta Campos - divulgação
Roberta Camposdivulgação
Por RICARDO SCHOTT

Numa determinada noite, Roberta Campos foi convidada por seu amigo Nando Reis para conferir de perto o que acontecia nos seus shows quando ele cantava, sozinho, 'De Janeiro A Janeiro'. A música é a canção de Roberta da qual Nando participou, e cuja história ela recentemente contou num mini-documentário, 'De Janeiro a Janeiro: Como Tudo Começou', postado por ela em seu canal do YouTube.

"Ele tinha me dito: 'Você vai ver a reação das pessoas, é o ponto alto do meu show!'", recorda a cantora de 42 anos, que naquele momento ficou sem acreditar, e viu o público cantando a música, uma balada de violão, em voz altíssima. 'De Janeiro A Janeiro', originalmente gravada em seu primeiro disco, o independente 'Para Aquelas Perguntas Tortas' (2008), foi regravada com Nando no 'Varrendo A Lua' (2010) estreia na DeckDisc. O ex-titã apareceu na história após ela sugerir a participação dele ao produtor do álbum, Rafael Ramos.

"Quando o Nando gravou a música comigo, as pessoas ficaram curiosas: 'Quem é essa menina?'. Tem gente até que pensa que a música é dele. Foi bom porque acabou reverberando", conta ela, que, preparando disco novo, tem por acaso se dedicado a gravar músicas com convidados. Tem uma com o Skank vindo aí. Recentemente saíram 'Fique Na Minha Vida', ao lado de Vitor Kley, e 'Vem Me Buscar', com o Olodum. Para esta última, a reservada Roberta, costumeiramente autora de delicadas baladas de violão, resgatou um lado carnavalesco que andava adormecido.

"Teve uma época em que era difícil para mim brincar Carnaval porque eu cantava nos bares e não era muito meu estilo", brinca Roberta, mineira de Caetanópolis que mora em São Paulo desde 2004. "Lembro que como eu sempre toquei MPB, eu ficava até sem trabalho na época. Hoje é uma época em que eu não trabalho e aproveito para descansar, mas já fui mais para a rua", conta ela, que é casada com a advogada Marina Souza, que é também sua empresária, e não tem filhos.

Passado simples

Mesmo gravando coisas novas, Roberta resolveu olhar para o passado no documentário que lançou. No vídeo, ela volta a Caetanópolis, visita seu ex-professor de violão e volta ao quarto que tinha na casa onde foi criada. Vinda de uma família humilde, Roberta foi criada pela avó ("deu um aperto no coração lembrar dela, pelo fato de ela não estar mais lá fisicamente", conta), sempre quis cantar e tocar, mas lembra de ter tido pouco acesso a discos na infância.

"Eu ouvia muito rádio. Meu tio-avô é que me mostrava umas coisas que ele ouvia: Roberto Carlos, Paulinho Nogueira, Elis Regina, Milton Nascimento. Na adolescência meu sonho era ser vocalista do Kid Abelha junto com a Paula Toller", recorda ela, que para gravar o primeiro disco, já em São Paulo, aproveitou o dinheiro de direitos autorais de duas músicas suas gravadas, e investiu em um equipamento. "Eu aprendi o básico do básico do básico de violão, e o que eu tinha era o principal: a vontade de ser cantora, de compor, de escrever o que eu sentia. Isso me ajudou a fazer tudo o que eu queria".

Com o disco lançado, Roberta foi, ela própria, divulgar seu trabalho nas rádios: uma delas, em São Paulo, acabou servindo de ponte para a DeckDisc. "Hoje eu me considero uma vencedora, porque por mais que tivesse dificuldades, fui para um estilo musical difícil. Poderia ter resolvido tocar algo mais fácil. Acho que é a prova de que a gente pode conseguir o que quer, basta ter vontade e buscar", conta.

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