Atriz Vilma Melo - Divulgação
Atriz Vilma MeloDivulgação
Por O Dia

Rio - Vilma Melo é uma mulher de fibra. Nos últimos meses, a atriz de 51 anos enfrentou muito mais dificuldades do que é possível imaginar. De uma hora para outra, a carreira que ia de vento em popa — ela gravava a segunda temporada da série 'Segunda Chamada', da Globo, e estava em cartaz no teatro — desacelerou. Com a pandemia da covid-19, tudo virou de cabeça para baixo.

"Em março, a agenda estava lotada. Dia 13, eu estava em São Paulo gravando a série e retornaria sábado, dia 14, para o Rio, para fazer prova de figurino para apresentação do Prêmio Shell, e assistir ao espetáculo infantil 'Em Contos e Encontros das Águas'. Eu estava no júri do prêmio CBTIJ, cuja a diretora Erika Ferreira, exatos 14 dias depois, se tornaria uma das primeiras vítimas fatais da covid-19 no nosso estado. Voltaria a São Paulo no dia 15, e para o Rio dia 17, seria um bate e volta. Mas houve o fechamento das casas de espetáculo, e as gravações foram suspensas. Apenas a cerimônia do prêmio Shell foi mantida, com equipe reduzida, distanciamento, sem plateia e sendo gravada para transmissão. A sensação era de vazio", lembra a atriz.

E os problemas não pararam por aí. Em abril, o marido de Vilma, o light designer Binho Schaefer, se submeteu a um procedimento cirúrgico. "A bariátrica estava marcada previamente e não sabíamos os rumos de nossas agendas de trabalho. Além das turnês de Djavan, Maria Bethânia e Ana Carolina, ele tinha datas de entrega de projetos de exposição, novos shows e espetáculos, e ninguém tinha a noção do que estava por vir", conta.

Mas o que tinha tudo para ser uma cirurgia simples acabou tirando a vida do profissional. "A cirurgia foi mantida, e infeliz e tragicamente mal-sucedida. No dia 9 de maio, a classe artística perdeu não só um gênio da luz, grande criador, referência no show business do nosso país, como um excepcional e admirado parceiro de trabalho e amigo. E eu, para além da classe, perdi meu companheiro de 20 anos, pai dos meus dois filhos". 

Era neste cenário que Vilma precisava olhar adiante e seguir em frente. "Foram dias difíceis, desgaste físico, financeiro e sobretudo emocional", diz. Mas, neste momento, a artista se apegou naquilo que ama fazer: trabalhar. "Em julho, recebi um convite da Armazém Cia de Teatro para participar de sua mais nova criação, o espetáculo 'Parece Loucura, Mas Há Método', que tem feito enorme sucesso na web. Ele é uma espécie de jogo teatro. A plateia é quem escolhe como tudo acontece", explica.

"As batalhas dos atores em defesa de seus personagens são conduzidas por um MC, e logo na apresentação, em que os personagens são identificados apenas por um número, o público tem a possibilidade de eliminar um dos combatentes, afinal são nove personagens de Shakespeare, e para os duelos precisamos de número par. São 3 rodadas entre os oponentes e o público escolhe o vencedor. Tudo é uma surpresa, tanto para eles, quanto para nós, atores. Nunca sabemos quem será o nosso combatente e que texto ele usará", completa Vilma.

O espetáculo tem dado um novo ritmo à vida da atriz e a ajudado a superar algumas dores. "Na primeira apresentação, ao final, fomos tomados por um sentimento ímpar, alguns de nós com mais de 130 dias de confinamento nos deparamos com uma plateia emocionada, que abriu suas câmeras e microfones aplaudindo efusivamente ao som de: 'Bravo!' Choramos nós, chorou o público! Em 'Parece Loucura, Mas Há Método', uma das atrizes mora fora do Brasil, outra está em Campos, outro em São Paulo, outro no interior do Rio e ainda assim é possível a apresentação sextas, sábados e domingos, pela plataforma Zoom, com ingressos custando a partir de R$ 10, vendidos no site Sympla. E isso é uma vitória em meio a tantas dores vigentes".

 

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