Dandara Queiroz e Heloisa Honeín no lançamento de No Rancho Fundo, nova novela das seis da TV GloboBeatriz Damy / tv Globo

Rio - Estreia nesta segunda-feira (15), a nova novela das seis da TV Globo, "No Rancho Fundo". Escrita por Mario Teixeira e com direção de Allan Fiterman, a comédia romântica, inspirada no sertão do Cariri, no Ceará, traz artistas veteranos, como Andrea Beltrão e Alexandre Nero, e apresenta alguns rostos da nova geração, como as atrizes Dandara Queiroz, de 25 anos, e Heloísa Honein, de 24, que vivem as personagens Benvinda e Margaridinha, respectivamente, ambas "agregadas-filhas" da protagonista Zefa Leonel (Andrea Beltrão).
Queiroz, com uma trajetória marcante na moda, é descendente da etnia tupi-guarani e fez sua estreia na televisão no especial "Falas da Terra – Histórias Impossíveis" em 2023. Já Honein acumula em seu currículo trabalhos significativos como "Todas as Flores", que foi lançado no Globoplay em 2022, e aguarda a estreia de "Guerreiros do Sol", prevista para 2025.
Ao O DIA, as jovens falam sobre a responsabilidade de estar na primeira vez em uma novela na TV aberta e logo ao lado de atores renomados. Heloísa compartilha sua experiência de ser escalada para "No Rancho Fundo" e sua preparação para a viver Margaridinha. Também conta como recebeu o convite da produtora de elenco e sua conexão instantânea com a personagem.
"Estava em casa quando recebi uma mensagem da Patricia Rache, produtora de elenco, me convidando para fazer um teste para uma novela. Fui até lá, fiz o teste para um papel, mas no mesmo dia me pediram para testar para outra personagem, a Margaridinha. Lembro-me claramente desse momento... Depois, peguei um Uber e fui visitar uma amiga. Enquanto estava a caminho, recebi o monólogo da Margaridinha. Li aquelas palavras e instantaneamente soube: era meu papel. Existe algo quase espiritual nessa profissão, pois muitas vezes consigo sentir quando uma personagem será minha. É como se elas já existissem dentro de mim, em algum lugar, e quando leio o texto, é como se algo íntimo fosse tocado, relata a atriz, acrescentando que tem sido fundamental na preparação cuidar de plantas. "Uma conexão íntima com a natureza".
Dandara Queiroz também detalha seu desafiador processo de seleção para interpretar Benvinda e sua jornada na preparação da personagem. Ela descreveu um dia turbulento em sua viagem para o teste presencial, destacando a empatia e apoio que recebeu. "Foi um teste realmente desafiador para mim! Quando viajei ao Rio para o teste presencial, enfrentei um dia bastante tumultuado. O meu voo foi cancelado, mas consegui me encaixar em outro com horário próximo, pedindo encarecidamente à companhia aérea, que demonstrou empatia pelo meu sonho. No aeroporto, tentei estudar, escrevendo as falas no caderno, mas a minha caneta acabou! Fui a uma livraria buscar outra, e não encontrava. A atendente gentilmente me deu sua caneta pessoal, e eu disse que ela estava me ajudando a mudar o rumo da minha história", explica a atriz, que desde o início sentiu que o papel era seu.
"Fui com confiança, apesar dos contratempos. Ao chegar no teste, recitei para a equipe um poema que havia escrito durante o voo de São Paulo para o Rio, e foi um momento emocionante. Eu lembro das palavras do Allan, diretor artístico, que disse: 'Tem que ter mais de Dandara em Benvinda'. Não pude conter as lágrimas de emoção", relembra.
Tanto Heloísa quanto Dandara expressam sua admiração por Andrea Beltrão e a felicidade de ter a oportunidade da encenar ao seu lado. "Atuar com Andrea é como ganhar uma faculdade na melhor escola de artes cênicas do Brasil! Eu fico a todo tempo olhando como ela trabalha, como a experiência se mostra presente em cada detalhe. Nas pausas, nos olhares e expressões. Ela me ensina muito, me sinto honrada com essa oportunidade", enaltece Dandara. "Trabalhar com a Andrea é uma coisa que eu nem sei se consigo colocar em palavras. Eu assistia ‘Tapas e Beijos’ até ontem, sabe? Eu a admiro tanto, tenho tanto respeito por ela. Ela é uma grande mulher, uma grande atriz", disse Heloísa.
Conexão com as personagens
Heloísa compartilha sua afinidade com a natureza e o sonhador que tem em comum com Margaridinha, enquanto Dandara reflete sobre sua jornada pessoal em relação à realidade de vida de Benvinda. Elas destacam as diferenças geográficas e experiências, mas também as semelhanças emocionais que as conectam às suas personagens.
"Eu sou muito sonhadora. Vivo mais nos meus sonhos do que na minha própria realidade da vida. Margaridinha também é assim. (Risos). A maior diferença, acho que é o espaço geográfico de onde ela vem e de onde eu sou. Eu nasci no Rio, tenho uma relação muito próxima com a água, o mar e as matas. O clima seco, a terra, a relação com o sertão são coisas muito distantes de mim, infelizmente", lamenta Heloisa.
"Benvinda possui uma qualidade que admiro profundamente: o respeito pelos nossos ancestrais. Ela é uma jovem de coração puro e inocente, que demonstra imensa gratidão pelo acolhimento que Zefa Leonel a proporcionou desde pequena. Apesar das nossas diferenças, que se baseiam principalmente na realidade em que cada uma viveu, reconheço que temos origens humildes. Eu também vim do interior e, assim como ela, senti um grande impacto com a brusca mudança para um novo estilo de vida. Pretendo utilizar todas as minhas experiências para enriquecer a história de Benvinda", pondera Dandara.
Dedicação
As atrizes expressam seu compromisso e dedicação ao trabalho, compartilhando a emoção da estreia da novela e a importância de transmitir autenticidade e emoção em seus papéis. Dandara também enfatiza a representatividade indígena e seu papel em criar uma identificação genuína e conscientização sobre questões sociais e culturais.
"O que eu posso dizer é que meu trabalho é umas das minhas maiores fontes e depósitos de amor, cuidado, carinho e diversão. Acho que, se as pessoas sentirem isso de alguma forma, se eu puder afetá-las, que seja através do meu amor pelo meu ofício. Se for isso, para mim já valeu", conclui Heloisa. "Eu estou muito feliz em poder representar de forma que não seja caricata, folclórica ou clichê. É uma oportunidade gratificante para mim e para o meu povo. Uma sensação de ser vista de verdade, uma confiança e reconhecimento para quem almeja ocupar esses espaços no mundo das artes cênicas. Além de indígena, sou atriz e posso dar vida a papéis que fogem desses estereótipos. Eu me vejo com o objetivo de criar uma identificação com tantos povos originários que foram colonizados, e que hoje não ocupam mais os territórios desmarcados. Com isso, vêm questionamentos referente a sua identidade. Precisamos falar sobre isso. Ter essa consciência social, política e cultural", finaliza Dandara.