Gabi Morais Reprodução do Instagram

Rio - O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado no dia 10 de outubro e, com isso, assuntos como os impactos da internet na vida das pessoas ganham ainda mais destaque. A busca pela perfeição e 'likes' pode trazer consequências severas para a saúde mental, já que, apesar de suas inúmeras vantagens, as redes sociais podem ser um ambiente tóxico, repleto de críticas e pressão incessante pela vida e imagem considerada 'ideal' pela sociedade. Com isso, há muitos casos de transtorno de personalidade, em que a pessoa se vê bem diferente do que ela é na vida 'real'.
A psicóloga Leticia de Oliveira alerta que muito do que se vê na web é apenas um recorte da realidade, ainda com edição, filtros e modificações no corpo. "As pessoas falam o que elas querem e muitas pessoas começam a desenvolver transtornos de personalidade, onde criam uma identidade nova, se enxergam de uma maneira completamente equivocada e se descrevem de uma maneira diferente do que de fato elas são, porque se identificam com essas pessoas da interrnet, que na maioria das vezes são personagens e querem ser aquilo que de fato nem existe", afirma.
A profissional ainda ressalta que não há 'fórmulas' para uma vida, relacionamento ou corpo perfeito e relata que quem mais 'cai' nessa armadilha são pessoas mais frágeis emocionalmente. "Elas compram o 'pacote' da vida perfeita do outro. Muita gente deprimida, ansiosa, se sentindo inferior, se divorciando, acaba se comparando, porque está embasando felicidade, sucesso e satisfação no que vê na rede social e deixou de ter a própria percepção e na vida real".
Do outro lado das telas, os influenciadores digitais também sofrem com os ataques que recebem dos internautas por compartilharem a vida e opiniões nas redes sociais. Gabi Morais, anteriormente conhecida como Gabriela Pugliesi, por exemplo, chegou a ser 'cancelada' algumas vezes. Ela, então, comenta a mudança na postura das pessoas em relação ao seu trabalho ao longo dos anos. "Eu não tinha nenhum filtro. Achava que não tinham pessoas olhando com malícia para o que eu falava ou fazia. Hoje eu sei que tem. As pessoas estão só esperando um escorregãozinho seu para tripudiar", dispara ela, que hoje prioriza seu bem-estar e o de sua família, deixando de lado as críticas e pressões das redes sociais.
Mas calma! De acordo com Letícia, tem como se manter conectada sem ter tantos prejuízos mentais. "Estabeleça horários específicos para usar as redes e evite o uso contínuo, limitando o tempo que passa nelas diariamente. Isso ajuda a evitar a procrastinação e o vício; siga páginas e perfis que agreguem valor à sua vida. Evite perfis que gerem comparações ou que transmitam negatividade, focando em conteúdos inspiradores e educativos, mantenha as notificações desligadas para reduzir a ansiedade de estar sempre conectado; pratique o 'detox digital', retirando-se das redes por um período. Essas pausas regulares podem reduzir o estresse e melhorar o bem-estar mental, evite interações em discussões que podem levar a conflitos desnecessários, preservando sua saúde mental e emocional". 
A criadora de conteúdo e coreógrafa Nathália Zannin segue algumas das dicas. "Uso a internet como trabalho e em alguns momentos como distração, mas nunca quis ser refém disso. Sempre busquei não expor tanto a minha vida pessoal e tomei muito cuidado com o que eu postaria ali. Cuido muito da minha saúde mental para não virar refém desse sistema, dessa bolha que é a internet. Tento não ficar me comparando, não ficar me cobrando e passar a minha verdade apenas. Tento usar esse ambiente tóxico para um lugar de conhecimento e positividade", destaca.