A influenciadora Fany RamosDivulgação
Os abusos começaram aos dois anos. Os parentes não acreditavam. Fany, ainda uma criança, começou a se calar, e além de vítima a menina se tornou a ‘vilã’ da história. O primeiro agressor foi um tio, o segundo, o marido de uma tia. Aos doze anos, o padrasto foi o terceiro abusador. Durante nove anos ela sofreu as agressões de pessoas da família e até hoje seguem impunes - nenhum foi preso.
Mas aos 15 anos a vida começou a mudar, ela conheceu seu atual marido e o amor. A família começou a crescer, Fany engravidou e as dificuldades aumentaram. Foram várias privações e, após duas gestações, Fany engordou e não conseguiu perder peso. Desenvolveu compulsão alimentar e crises de ansiedade. Afundada na depressão e sem perspectivas, desesperada, chegou a tentar suicídio.
Com a pandemia, seus problemas se agravaram e refletiram ainda mais no aumento de peso, ela chegou a 117 quilos. Com problemas de saúde, aos 24 anos, ela fez uma cirurgia bariátrica e a jornada foi documentada em vídeos no TikTok, Instagram e YouTube. Dois meses após a cirurgia, Fany engravidou de Noah, seu terceiro filho. A influenciadora enfrentou momentos difíceis de aceitação durante toda a gestação, mas continuou a compartilhar sua jornada. Atualmente são mais de quatro milhões em todas as suas redes. Uma mulher que superou abusos, pobreza e consolida-se como uma inspiração positiva para milhões de pessoas.
Fany deixou para trás a vida sedentária e se tornou um exemplo de força, superação, transformação e resiliência. Vamos conhecer um pouco mais sobre o nosso mulherão de hoje? Confiram a entrevista completa.
Conta um pouco da sua história?
Sou do Rio de Janeiro, fui criada em uma comunidade localizada em Costa Barros, o Complexo do Chapadão. Minha infância foi difícil, sofri abusos sexuais dos 6 aos 15 anos e isso me gerou muitos traumas, fui criada pelos meus avós. Um dos meus abusadores morava na casa de cima, outro era um ex-padrasto e o outro marido de uma tia. Minha vida foi cercada por isso. Em meio todos os traumas não tive o apoio e nem acolhimento da família para acreditar e lutar por mim, e isso gerou grandes dores na infância. Bom… cresci, amadureci, entendi que eu jamais poderia ser culpada por nenhum desses abusos, excluí boa parte das pessoas da minha vida. Hoje a minha família é a que eu criei, tenho contato com alguns parentes, mas família é a minha.
Quando eu olhei para meus filhos e vi que eles mereciam a minha melhor versão por eles, uma mãe curada, uma mãe disposta, uma mãe viva de verdade, comecei a procurar ajuda psicológica para tratar feridas abertas.
Superar os abusos que sofri não foi a pior parte, a pior parte mesmo é superar os traumas que ele deixa. Supero eles todos os dias, eu não sou meus traumas, eu sou quem eu vim pra ser. Então eu não carrego a dor, mas essa dor e essa vergonha não é minha. Quando eu aprendi que a minha voz tinha valor, comecei a calar todo medo em mim.
Foi uma virada trabalhosa, com muita ajuda psicológica e Deus. O processo de emagrecimento foi um processo de reencontro, aonde comecei a criar novos hábitos pós-bariátrica, comecei a criar uma nova versão minha. Muitas mulheres passam pelo mesmo problema.
Que você pode superar e vencer qualquer coisa, quando assumimos o controle da nossa vida e trabalhamos nossa mente para acreditar que somos capazes, tudo muda. A gente só vive uma vez e que seja uma grande vida.
Sou a criadora de conteúdo desde 2015, acredito que nasci para isso. Amo me comunicar com pessoas, amo ajudar mulheres a se levantar, amo compartilhar minha jornada e sempre foi assim. Então tudo foi fluindo, uma mãe, dona de casa sem ter como trabalhar fora e sem rede de apoio. Eu nem saia de casa, mas quando eu estava gravando eu me sentia tão bem, tão realizada e tudo foi acontecendo. Eu sou completamente realizada.
Eu me acho uma mulher incrível, tenho orgulho. Uma mulher que entender que sua força vem de dentro, uma mulher que mesmo que o mundo tenha tentado derrubar, ela balança mas não cai. Uma mulher, quando ela encontra a força que vem de dentro, ninguém consegue parar ela.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.