A cantora Paula LimaDivulgação
Paulistana nascida na Vila Mariana, a cantora estudou piano erudito dos sete aos 17 anos. Chegou a se formar em direito, mas a música sempre falou mais alto. A artista já enfrentou muitos desafios nesses mais de 30 anos de carreira. Obstáculos para a ocupação de espaços pelo fato de ser uma mulher negra. Ela venceu preconceitos e se consolidou.
Integrou a banda "Funk Como Le Gusta" e tem parcerias com grandes nomes como Seu Jorge; Jorge Bem Jor; Emicida; se apresentou com Elza Soares, Marcelo D2, Margareth Menezes, Milton Nascimento, entre outros.
A artista acumula cinco álbuns que rodaram o país e o mundo. "É Isso Aí", seu primeiro, levou Paula a ser indicada como cantora revelação no Prêmio Multishow e ao Grammy Latino. Recebeu o Prêmio de Melhor Cantora, pelo Troféu Raça Negra. Em 2015, Paula apresentou "O Samba é do Bem", álbum também indicado ao Grammy Latino, que traz “Clareou”, hit composto para ela e que é sucesso nacional.
Já se apresentou em Paris, Amsterdã, África do Sul, Angola, Tunísia, EUA e Portugal. Integrou a banca de jurados do programa “Ídolos”. Em 2017, aceitou o convite do Tribunal de Justiça de SP e foi a embaixadora da campanha “Rompa o seu silêncio, você não está sozinha! #SomosTodasMariadaPenha”. Paula também foi convidada pela Sony Music para estrelar o projeto “Vozes Negras”, sobre a realidade do artista negro no mercado musical nacional.
Dona de cachos marcantes, bem resolvida com seu corpo, com uma voz icônica e suave, ela se destaca como uma das maiores vozes e representante do soul e MPB. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa mulher que inspira outras mulheres? Confira a entrevista completa!
Como foi sua criação? Como é sua relação com a família?
Tive uma vida cercada de amor, orientação e referências! Meu avô acreditava em formação, valores e caminhos abertos! Tive pais amorosos e dedicados e tive acesso à educação e cultura. Tios e tias com ensino superior. Infância, adolescência e início da vida adulta com férias na casa de praia da família e depois dos meus pais. Uma vida leve, harmoniosa e feliz. Sou completamente apaixonada pela minha família linda! Me formei em piano erudito e em direito na Universidade Mackenzie. Sou muito grata, realizada, realizando e feliz.
Você é um ícone da música negra. Quais os maiores desafios que já enfrentou?
Fico muito feliz em poder fazer aquilo que acredito e que mexe com o meu coração. Hoje o mercado da música negra no Brasil é gigante se incluirmos tudo o que se refere ao estilo: o samba, o pagode, o funk, a MPB Black, o pop. É um mercado gigantesco que tem apresentado novas vozes e grandes artistas. Cito dentro desse cenário: Alcione, Ludmilla, Iza entre tantos outros.
Já enfrentei alguns desafios como: que tipo de música ela faz… não havia um conhecimento e entendimento geral sobre esse tipo de som. E também obstáculos para a ocupação de espaços pelo fato de eu ser uma mulher negra e fazer um som até então considerado “diferente”. Mas ultrapassamos e estamos aqui conversando sobre tudo isso. Esse tipo de conversa abre portas e abre novos caminhos para que a gente chegue a um novo lugar.
O que ainda falta fazer na carreira?
Ahhhh, muuuitaaaa coisa. Novos sons e sonoridades, novos shows, a presença em alguns admiráveis festivais, entre outras coisas com muitos detalhes…
Qual a receita para lidar com o preconceito?
Preconceito é um desafio na vida das mulheres e na vida das mulheres negras ele é ainda mais presente, severo e doloroso. O caminho para a igualdade é a educação, a que vem desde sempre, para todos. Pais e filhos. É tornar realidade o entendimento de equidade de gênero e liberdade. É respeitar as diferenças. É acreditar e agir pelo anti-racismo. É o comprometimento pela transformação, dignidade. É entender que o justo é para todos. Entender que estamos bem quando todos estão bem.
Você se acha um mulherão? O que é ser um mulherão para você?
Rs! Me acho uma mulher grande, não sei se isso significa “ser um mulherão”. Talvez ser um mulherão hoje para mim faça sentido quando penso na força, resiliência, fé, caminhar com passos fortes e firmes. Dar a mão e apoiar outras mulheres. Sentir a plenitude de forma profunda, interna. Ser alguém de luz que ilumina. E pensar em fazer para o outro o que gostaria que fizessem para você com respeito e amor.
Qual é o seu recado para todas as mulheres?
Desejo caminhos livres, abertos, vibrantes! Desejo consciência, sabedoria e realizações. Fé e alegrias. Desejo muito amor. Sejamos firmes e fortes. Estamos juntas.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.