Érica Paes, ex-lutadora de MMA e criadora do programa "Empoderadas"Divulgação

Érica Paes nasceu em Belém, no Pará, mas foi no Rio de Janeiro, sua casa há mais de 20 anos, que escolheu fazer a diferença na vida de muitas mulheres. Ex-lutadora de MMA e especialista em segurança feminina, ela criou o programa “Empoderadas”, que ensina técnicas de defesa pessoal para mulheres. Hoje, a iniciativa é uma das maiores aliadas na luta pelo fim da violência contra as mulheres no Rio.
Tudo começou quando ela mesma também foi vítima. Érica sofreu duas tentativas de estupro, uma aos 14 anos e a outra já adulta, quando saía de uma reunião na escola do filho. Ela também sofreu violência doméstica e sabe bem como esse ciclo funciona.
Uma das primeiras mulheres no mundo a lutar MMA profissionalmente, Érica também é faixa preta e campeã mundial de jiu-jitsu. Apesar da fama de ser linha dura, tem um coração enorme e fez do seu talento nos tatames uma importante ferramenta de solidariedade. Mesmo em sua casa, ela está sempre recebendo denúncias e atendendo mulheres vítimas.
Filha de um advogado e de uma mulher super empoderada (a mãe de Erica se formou em medicina aos 65 anos), ela tem um filho de 25 anos e foi avó bem jovem, aos 40. Prima da atriz Dira Paes, Érica foi a responsável pelo treinamento de outra famosa, Paolla Oliveira, que deu vida à policial e lutadora Jeiza, na novela A Força do Querer.
A ex-lutadora se tornou um grande símbolo no combate à violência contra a mulher. O programa Empoderadas, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, oferece treinamento em técnicas de enfrentamento à violência contra meninas e mulheres, além da identificação dos sinais da violência nas situações do cotidiano. A iniciativa já conta com 58 polos espalhados por todo o estado do Rio. O objetivo é interromper esse ciclo e fortalecer a autonomia financeira das mulheres, por isso, a iniciativa oferece também cursos profissionalizantes.
Uma história linda e cheia de amor e solidariedade. Vamos conhecer um pouco mais sobre esta mulher que inspira outras mulheres? Confiram a entrevista completa!
Como foi sua criação? Como é sua relação com a família?
Eu nasci e fui criada em Belém, cercada por uma família forte e amorosa. Minha mãe sempre foi uma mulher forte, um exemplo de resiliência e determinação. Meu pai era meu melhor amigo, sempre me apoiando em todas as minhas decisões e conquistas. Essa base familiar sólida me deu a força necessária para enfrentar os desafios da vida.
Como se sente sendo avó? Como está sendo essa fase?
Ser avó aos 40 anos é uma experiência incrível e inesperada. Me sinto renovada e cheia de energia para acompanhar o crescimento do meu neto. É uma fase de muito aprendizado e amor, onde posso retribuir todo o carinho e apoio que recebi da minha família.
Quais foram os maiores desafios na criação do Empoderadas?
A trajetória do Programa Empoderadas tem sido desafiadora, mas também extremamente gratificante. Desde o início, enfrentamos muitas barreiras, como a falta de recursos e apoio. No entanto, com determinação e trabalho árduo, conseguimos alcançar um impacto significativo na vida de muitas meninas e mulheres. Os maiores desafios foram superar o preconceito e a resistência inicial, mas a força e a união de nossa equipe foram fundamentais para o sucesso do projeto.
Você imaginava conseguir realizar esse trabalho tão importante?
Sempre acreditei no potencial e sabia que conseguiríamos alcançar tantos resultados. Embora nem tudo tenha saído como planejado, as adaptações ao longo do caminho nos permitiram crescer e melhorar continuamente. A chave foi manter o foco no objetivo principal: empoderar e proteger meninas e mulheres contra a violência.
Quais são os próximos projetos?
Temos muitos planos para o futuro, incluindo a expansão do Programa Empoderadas para outras regiões e a criação de novas iniciativas de conscientização e prevenção. Ainda há muito a ser feito na pauta pela defesa das mulheres, como o fortalecimento das leis de proteção, o aumento da rede de apoio e a promoção da igualdade de gênero em todas as esferas da sociedade.
O que ainda falta para acabar com a violência contra as mulheres?
Apesar dos avanços, a violência contra mulheres ainda é um problema persistente. Precisamos de mais educação e conscientização para mudar mentalidades e comportamentos. Além disso, é crucial garantir que todas as vítimas tenham acesso a recursos de apoio e proteção. A colaboração entre governo, organizações não-governamentais e a sociedade civil é essencial para criar um ambiente seguro para todas as mulheres.
Você se acha um mulherão? O que é ser um mulherão para você?
Eu me considero uma mulher forte e determinada, determinação essa que o esporte me trouxe, mas acredito que o verdadeiro "mulherão" é aquela que luta pelos seus direitos e pelos direitos das outras mulheres, enfrentando desafios com coragem e resiliência. Ser um mulherão é ter a capacidade de se reinventar e de transformar o mundo ao seu redor.
Pode deixar um recado para todas as mulheres?
Queridas mulheres, nunca subestimem a força que têm dentro de vocês. Vocês são capazes de superar qualquer obstáculo e de alcançar todos os seus sonhos. Juntas, somos mais fortes. Continuem lutando pelos seus direitos, apoiando umas às outras e inspirando mudanças positivas. Acreditem sempre no seu potencial e lembrem-se de que não estão sozinhas!