Câmara de Caxias promove debate sobre o racismo estruturalArt Vídeo/ Victor Hugo/Divulgação
O evento foi presidido pelo Vereador Catiti (PDT): “fico feliz em promover este debate, pois entendo que esta é uma das obrigações desta Casa Legislativa: abrir espaço para reflexões que combatam desigualdades, intolerâncias e preconceitos.”
As palestras apresentadas levaram em questão múltiplas formas de enfrentamento ao racismo estrutural. Alexandre de Castro Catharina levou aos presentes as saídas e os desafios judiciais na área processual. Segundo ele, o Direito possui a sua parcela de culpa no que diz respeito ao apagamento da cultura e dos direitos pretos no Brasil: “um exemplo disso é a capoeira considerada há um tempo atrás crime. A legislação foi constituída neste país sobre a ótica branca e hoje chegamos a um patamar que só confirma uma tese: enquanto houver discriminação racial, não haverá democracia”.
Levando a um outro olhar sobre as consequências degenerativas do racismo, o psicólogo Paulo Henrique Santos do Patrocínio mostrou como o adoecimento mental dos negros é agravado por conta da discriminação racial. Através de um relato emocionado, Paulo compartilhou sua experiência cotidiana para chamar atenção do público sobre o racismo enraizado nas pessoas, “eu sou psicólogo e trabalho num grande hospital, tratando o público infanto-juvenil. Ainda há pacientes e pessoas que, quando me apresentadas, não acreditam que eu sou o psicólogo disponível para oferecer o tratamento, ou seja, me descredibilizam, sem me conhecer, pela cor da minha pele, como se um preto não tivesse a capacidade de ser um profissional com nível superior”.
Os desafios do povo preto também foram mencionados por Luana (Evanderlina Guimarães). A presidente do Condedinepir ressaltou que apenas um trabalho de união pode gerar mais ações que ajudem a mudar a realidade da desigualdade social e racial no Brasil, “nós estamos aqui para confrontar e mostrar que é preciso mudar a legislação. É muito positivo estar dentro da Casa do Povo, apoiada pelo presidente desta Câmara e pelo Vereador Catiti. A forma como o legislativo de Duque de Caxias nos abre as portas nos engrandece e nos dá mais coragem para lutar. A união de todos faz muita diferença.”
Corroborando do mesmo pensamento, o presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/ Duque de Caxias também pontuou que os poderes precisam convergir sobre o tema, “é fundamental que legislativo, executivo e sociedade civil caminhem juntos contra o racismo estrutural. A união dos poderes e eventos como este são caminhos para ações que podem mudar a realidade do povo preto”.
Ao término do evento, a jornalista e cineasta Luciana Andrea exibiu um documentário premiado que exalta a figura de mulheres pretas duquecaxienses. O grupo Ojuobá Axé fez apresentações de maculelê, capoeira, samba e outros ritmos africanos. As crianças, lideradas pelo mestre Tarobinha, encantaram os presentes com as coreografias e os cânticos na ponta da língua.
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