Briga aconteceu na feira de artesanatos da Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do RioBeatriz Perez/ Agência O DIA

Rio - É falso que o candidato ao Governo do Rio Marcelo Freixo tenha sido alvo de protesto por parte de populares durante uma caminhada em uma feira de artesanato na Tijuca no Rio, no sábado do dia 16 de julho. Vídeos mostram Freixo sendo hostilizado. Mas o embate foi entre militantes de grupos políticos rivais. É considerado falso conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
O conteúdo foi publicado no dia seguinte, 17 de julho, nas redes do vereador de São Gonçalo e candidato a deputado federal Glauber Poubel (Pros) com o seguinte texto: "Maior cabo eleitoral do Lula no RJ, Marcelo Freixo, sendo 'bem recebido' na rua". A legenda diz que "Freixo nunca mais vai pra rua". A publicação não menciona local ou data do fato e recebeu 179 mil visualizações.
O site Jornal da Cidade Online também publicou, no dia 18 de julho, os vídeos em que Freixo é xingado com o título: "Protegido por seguranças armados, Freixo é vaiado em via pública no RJ (veja o vídeo)". A publicação do site teve 3.115 interações no Facebook. Juntos, os vídeos superaram 190 mil visualizações até o fechamento desta verificação.
A publicação do site dizia ainda que Freixo foi "alvo de protesto do povo" durante passagem por uma feira pública em São Cristóvão. Na verdade, o caso aconteceu na Praça Saens Pena, na Tijuca, Zona Norte do Rio. "Os transeuntes cansados das falsas promessas da esquerda, gritam: 'Ei, Freixo, vai se f*, o estado não precisa de você”, afirmava o site. As informações foram corrigidas após contato de O DIA nesta terça-feira (16).
Site corrigiu informação após contato de O DIA. Publicação corrigida à direita - Reprodução
Site corrigiu informação após contato de O DIA. Publicação corrigida à direitaReprodução
Não houve protesto popular, dizem feirantes
A gravação foi realizada no dia 16 de julho, um sábado, durante uma caminhada do deputado federal Marcelo Freixo na feira de artesanato na Praça Saens Peña, na Tijuca. A reportagem de O DIA esteve no local para verificar com testemunhas, feirantes e trabalhadores, se de fato houve uma hostilização da população contra o candidato naquele dia.
Ouvimos cinco pessoas que trabalham no local e presenciaram o episódio. Nenhuma delas quis se identificar por temer represálias. Todas elas afirmam que houve uma briga entre os grupos políticos de Marcelo Freixo e Rodrigo Amorim. Foram apoiadores do deputado estadual pelo PTB que entoaram palavras de ordem contra o candidato ao governo do Rio pelo PSB. Não foi, portanto, uma manifestação espontânea da população contra Freixo.
"Não foi uma rejeição tijucana. O Freixo veio fazer a política dele limpa. O tijucano acolheu muito bem. Apareceu esse grupo infiltrado que começou o tumulto", afirmou uma mulher que trabalha há 40 anos no local.
Outra trabalhadora ponderou que não gosta de política e lembrou que o episódio quase derrubou as barracas. "Foi uma confusão, quase derrubaram minha barraca. Foi briga de político. Eles deveriam ter ido brigar no meio da praça, que tem espaço, mas ficaram entre as barracas. Foi um sufoco", afirmou.
Outra pessoa contou que um grupo ligado ao deputado Rodrigo Amorim chegou em veículos e foi ao encontro de apoiadores de Marcelo Freixo. A confusão aconteceu entre as barracas em frente ao Shopping 45. "Estavam muito violentos. Nunca havia presenciado nada disso aqui", corroborou.
Apesar dos relatos de ambos os políticos, de que os opositores estavam armados, nenhum feirante entrevistado notou a presença de armas na discussão. Segundo eles, as agressões foram estritamente verbais. A segurança da feira precisou intervir.
Imagens de grupo político hostilizando o deputado federal Marcelo Freixo foram veiculados em redes sociais como protesto espontâneo em feira - Reprodução
Imagens de grupo político hostilizando o deputado federal Marcelo Freixo foram veiculados em redes sociais como protesto espontâneo em feiraReprodução
Deputados registraram ocorrência
A Polícia Civil informou que ambos os envolvidos fizeram registros na 19ª DP (Tijuca) e as investigações estão a cargo da Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF). Diligências estão em andamento, com agendamento de oitivas para que os fatos sejam esclarecidos e que o inquérito seja concluído e remetido à Justiça.
O tumulto foi noticiado à época. Amorim afirmou que se deparou com pré-candidatos de esquerda e outros filiados a partidos da chapa do PT e PSB, quando estava a caminho de um evento do PTB, em São Cristóvão.
Apoiadores de Freixo e Lula alegaram que foram intimidados, com armas, por parte de Amorim e de pessoas que o acompanhavam. Em nota, o diretório Estadual do PT afirmou que houve "empurrões, quebra de bandeiras e ameaças". Sem citar o nome do agressor, Marcelo Freixo confirma parte da versão dada pelo Partido dos Trabalhadores.
"Foi muito violento. Um candidato ligado a Cláudio Castro chegou empurrando crianças e senhoras de idade, agredindo, mas as medidas judiciais e legais já estão sendo tomadas e vamos acionar a Justiça Eleitoral", relatou Freixo. Questionada pelo DIA, a Justiça Eleitoral informou, nesta terça-feira (16), que ainda não foi acionada sobre o caso.
A assessoria de imprensa de Rodrigo Amorim negou agressões físicas e que o deputado estadual ou assessores portavam armas no local. Amorim deu queixa na Polícia Civil por "crime contra honra" e afirmou que denunciaria o episódio na Justiça eleitoral por "campanha antecipada".
Em vídeo postado no Instagram, Amorim desmentiu versão de Freixo de que o tumulto teria partido de seus apoiadores: "Marquei com apoiadores na Praça Saens Pena para de lá seguirmos até São Cristóvão, onde haveria um evento do PTB. Eis que fomos agredidos, provocados, ouvi ofensas à minha família, ofensas ao presidente Jair Bolsonaro", disse o deputado estadual.
Por que investigamos: O DIA checa conteúdos suspeitos de desinformação no âmbito das Eleições Estaduais no Rio de Janeiro e que tenham viralizado na internet. Envie conteúdo suspeito para o nosso WhatsApp (21) 98762-8248.
O que dizem os autores da publicação: Procurado, o Jornal da Cidade Online afirmou que fez devida atualização da matéria. O vereador de São GonçaloGlauber Poubel (Pros) não retornou o contato feito pela reportagem até a publicação deste texto.