O desafio para o próximo presidente, segundo analistas, será vencer a polarização política, recuperar a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, reduzir as desigualdades sociais.Divulgação

Com a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência, na sabatina organizada pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), analistas discutiram ontem como resolver os problemas do País nas áreas da saúde, economia e direito.
O desafio para o próximo presidente, segundo eles, será vencer a polarização política, recuperar a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, reduzir as desigualdades sociais. Entre os caminhos, foi destacada a necessidade de investir em ciência, de reestruturar programas de transferência de renda e de dar as condições para uma maior autonomia dos cidadãos.
Esses temas estão presentes na Agenda Estadão, uma série de reportagens que respondem a 15 questões fundamentais para o correto diagnóstico e superação de obstáculos que impedem o Brasil de atingir seu potencial máximo. Entre as perguntas estão como o governo pode corrigir a inversão de prioridades na educação; como a Justiça pode ser reformada com foco em eficiência; e como adotar uma política de ajuda às pessoas em situação de extrema pobreza.
Participaram do debate de ontem Jorge Kalil, imunologista, professor da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente do Instituto Todos pela Saúde; Marcos Schahin, professor do curso de Direito da FAAP, mestre em Filosofia do Direito pela PUC e doutor em Direito Ambiental pela Unisantos; e Bernard Appy, economista formado pela USP e ex-secretário executivo de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
UNÂNIME
Todos eles concordaram que o principal desafio que o próximo governo irá enfrentar é a profunda desigualdade social. Segundo Appy, é essencial facilitar o crescimento da economia brasileira "Só quando a economia cresce você consegue, de fato, distribuir os benefícios do crescimento", disse. A Agenda Estadão mostrou que hoje 33,1 milhões passam fome no País.
Já quando o tema foi segurança pública, Schahin ressaltou que o problema central não vem sendo trabalhado da melhor forma, com o poder público atuando em questões que tratam das consequências, mas não da causa. "A polícia é importante, o sistema penitenciário é importante, mas nada é efetivo sem fechar este buraco, que são as desigualdades econômica e identitária."
VALORIZAÇÃO DO SUS
No âmbito da saúde, o caminho para a redução das desigualdades é o reforço do SUS. "Ele foi extremamente importante na pandemia. Se não existisse, seria uma catástrofe", disse Kalil. A Agenda Estadão instou o próximo presidente a explicar os planos para aprimorar a coordenação e otimização dos recursos de modo a tornar os gastos mais transparentes.