Em comício no Paraná, Lula também pediu para que a população recupere as cores da bandeira do PaísSILVIO AVILA / AFP

No segundo ato de campanha em São Paulo neste sábado, 24, o candidato do PT a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, relembrou sua trajetória política, criticou a Lava-Jato, e agradeceu sua militância. Repetindo diversas críticas ao governo, o ex-presidente se desculpou por, em alguns momentos, se exaltar. "Eu estou falando bravo, mas o lulinha que vai governar é o lulinha paz e amor", declarou.

No ato, o petista continuou a se comprometer com o fim dos decretos que facilitaram o acesso às armas de fogo e com uma reforma trabalhista que escute trabalhadores e empresários. Segundo o candidato, ele vai acabar com o "bico". "Esse País não pode continuar assim", disse.

"Resolvi encarar outra campanha porque o povo não merece passar o que está passando", continuou. Além dos temas econômicos, Lula voltou a responsabilizar o atual chefe do Executivo por pelo menos 400 mil mortes por Covid-19 no País.

Sobre os decretos que facilitaram o acesso às armas de fogo, o petista disse não ter nada contra o produtor rural que queira ter uma arma, mas repetiu que o foco do governo deve ser na compra de materiais didáticos. O petista também afirmou que está em seus planos acabar com os sigilos decretados pelo presidente em diversos temas sensíveis ao Executivo. "Ele vai ver se é ladrão ou não quando eu tomar posse e acabar com esse sigilo ", disse.

Em Itaquera, Lula lembrou de sua atuação como líder sindical, e fez uma correlação entre sua prisão em 1980, com o objetivo de parar uma greve, com a de 2018, quando foi preso e não pode concorrer à presidência da República. Segundo Lula, nas últimas eleições "armaram um conjunto de mentiras" contra ele.

Corrigindo sua esposa, Rosangela Silva, a Janja, que, no início do comício, tinha dito que o último ato da campanha do petista seria no dia 26, Lula brincou. "O que vou fazer até o dia 2? Meu último ato vai ser esperar abrir as urnas e a gente comemorar a nossa vitória no dia 1°."

Nesta manhã, o candidato cumpriu agenda em Grajaú, no extremo sul da capital paulista. No ato, o petista acusou a campanha de Jair Bolsonaro (PL) de incentivar a abstenção nas eleições e tentar esvaziar a ida às urnas como estratégia política.

As críticas de Lula à suposta estratégia de Bolsonaro vêm em um momento em que a campanha do petista intensifica o trabalho para atrair o chamado "voto útil" e garantir uma vitória ainda no primeiro turno.

Lula critica disparo de mensagens com ameaças caso Bolsonaro não seja reeleito
O ex-presidente  repercutiu, nesta noite, a notícia de que, no Paraná, pessoas receberam mensagens incitando simpatizantes do presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL) a invadir o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do chefe do Executivo não consiga a reeleição no primeiro turno. "No Paraná, estão mandando informações mentirosas por mensagem para as pessoas. Como fizeram com o Haddad em 2018", criticou o petista.

As mensagens, disparadas de um número antes usado para comunicações de serviços digitais do Departamento de Trânsito do Paraná, o Detran, e pelo sistema chamado Paraná Inteligência Artificial, o PIA, diziam: "Vai dar Bolsonaro no primeiro turno! Senão, vamos à rua para protestar! Vamos invadir o Congresso e o STF! Presidente Bolsonaro conta com todos nós!!".

"Eu não vou fazer o jogo rasteiro deles", disse o petista, durante comício em Itaquera, na zona leste de São Paulo, criticando o uso de notícias falsas nas eleições.

Segundo a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), o disparo das mensagens foi feito a partir de uma empresa terceirizada. Segundo o companhia, a questão já esta sendo apurada internamente e serão tomadas "todas as medidas para encontrar os responsáveis".

Bandeira

Ao final do comício, Lula também voltou a pedir que a população recupere as cores da bandeira do País. Com críticas ao presidente Bolsonaro, o petista afirmou que se o chefe do Executivo quiser uma "bandeira para ele", "ele que crie um partido político como eu criei o PT".

Cartas

Ao comentar sobre o tempo que ficou na prisão em 2018, quando trocava cartas com sua atual esposa, a socióloga Rosangela Silva, a Janja, o petista afirmou que um dia pretende publicar as cartas. "Vai ter que ser um livro +18", brincou.
Lula não compareceu ao segundo debate com os candidatos à Presidência da República, realizado neste noite.