Damares Alves fez afirmação durante culto Evangélicoreprodução /video

Damares Alves, ex-ministra da Mulher Família e Direitos Humanos e senadora eleita pelo Distrito Federal, afirmou que crianças são traficadas para abuso sexual a partir da ilha de Marajó, no Estado do Pará. Segundo ela, as crianças teriam seus dentes arrancados para “não machucarem na hora do sexo oral”. A afirmação foi feita durante um culto da Assembleia de Deus Ministério da Fama realizado na cidade de Goiânia no último sábado (08). Assista ao vídeo
Durante sua fala Damares afirmou que “fomos para a Ilha de Marajó e lá nós descobrimos que as nossas crianças estavam sendo traficadas por lá . Nós temos imagens de crianças nossas, brasileiras, de quatro anos, três anos, que, quando cruzam as fronteiras, sequestradas, têm os seus dentinhos arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral. Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa, para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.

Ainda segundo Damares, durante sua gestão à frente do ministério no governo Bolsonaro (de janeiro de 2019 a março de de 2022) ela teve acesso a vídeos que comprovam sua afirmação, acrescentando que existem outros vídeos de bebês e crianças de até cinco anos de idade sendo estupradas. “Eu descobri que nos últimos sete anos no Brasil explodiu o número de estupros de recém-nascidos. “Nós temos imagens lá no ministério de crianças de oito dias sendo estupradas. Nós descobrimos que um vídeo de estupro de crianças custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil”, prosseguiu.

Apesar das fortes denúncias, Damares não apresentou provas nem citou qualquer investigação da Polícia Federal ou do Ministério Público Federal sobre o caso. Ela aproveitou o momento em que fazia a denúncia para afirmar que “a guerra contra Bolsonaro que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que o Congresso levantou, acreditem, não é uma guerra política, é uma guerra espiritual”.
Procurada pela reportagem de O DIA, a Polícia Civil do Pará disse que “encaminhará ofício para que a ex-ministra repasse os conteúdos citados, para que sejam apurados minuciosamente”. A assessoria da corporação afirmou, ainda, que "qualquer agente público que tome conhecimento de crimes tem por obrigação comunicar a Polícia Civil do Pará e que até o momento não recebeu nenhuma denúncia".  Ainda no comunicado, o Governo do Pará afirmou que a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou que, "no Arquipélago do Marajó, os órgãos de segurança, de forma integrada, realizam ações de combate à exploração sexual infantil com operações rotineiras e especiais para coibir a prática, além de campanhas em conjunto com o Poder Judiciário para divulgação dos canais de denúncia".

Repercussão na internet

As afirmações de Damares causaram forte impacto nas redes sociais e levantaram controvérsias. Alguns internautas acreditam que a senadora, que foi eleita com 714.562 votos, está produzindo uma ‘fake news’ com o objetivo de influenciar o curso das eleições. “Que discurso bizarro esse de Damares? Crianças traficadas na ilha de Marajó, com os dentes arrancados, comem comida pastosa para fins de sexo oral e anal. Isso beira o extremo absurdo”, escreveu o usuário do twitter walterjosdias3.

As afirmações de Damares ocorrem num contexto no qual o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi reeleito com 70% dos votos e declarou apoio a Lula no segundo turno.

Procurada pela reportagem de O DIA, a assessoria da Senadora eleita Damares Alves não deu retorno. O espaço segue aberto para manifestação.