Bolsonaro deseja aumentar o número de ministro do Supremo, passando das atuais 11 cadeiras para 16EVARISTO SA / AFP

Aliados do Centrão não gostaram da defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a reforma do Supremo Tribunal Federal . O vice Hamilton Mourão (Republicanos) afirmou que há um plano do seu grupo para que o número de ministros do STF salte de 11 para 16. O chefe do executivo federal confirmou a intenção durante as eleições 2022 , o que gerou reação em diversos setores da sociedade.
Segundo apurou o Portal iG, o posicionamento do mandatário desagradou a membros do Centrão. Na avaliação deles, não é o momento colocar esse tipo de discussão para o público. “Essa proposta serve para mexer com a base que já vota no presidente, mas afasta os eleitores mais moderados”, comenta um aliado do Bolsonaro.
“Nós precisamos furar a bolha. Colocar esse assunto como o centro da discussão, claro que ocorrerá rejeição. Falar que vai aumentar o número de ministros no STF é igual um candidato dizer que tem a intenção de regulamentar a mídia. Percebeu que ninguém fala isso do lado de lá? Qual a necessidade da gente falar da mudança no STF então?”, acrescenta.
Um dos coordenadores da campanha do presidente confirma que a insatisfação chegou ao QG bolsonarista e que tudo foi explicado para os aliados. “Todos sabem que o presidente está incomodado com o ativismo do STF. Cabe ao Congresso mostrar força para que os poderes sejam respeitados”, pontua.

“O presidente deixou claro que a proposta correrá se o Supremo continuar desrespeitando a Constituição. O povo escolheu um Congresso conservador para que pautas conservadoras saíam do papel. O STF precisa respeitar”, completa.

No entanto, Bolsonaro recuou em relação ao tema. Em entrevista ao Canal Pilhado, o governante avisou que poderá esquecer a proposta desde que a Corte “diminua a temperatura”.
Deputados e senadores bolsonaristas eleitos receberam uma “chamada de atenção”. O pedido é que ninguém siga falando sobre o tema do STF. A ordem é evitar dar munição “aos adversários e para a imprensa”.

O “pacto” de silêncio tem um motivo: Declarações de Bolsonaro e alguns membros da cúpula da campanha do presidente são debatidas frequentemente, apesar do governante ‘escapar’ do roteiro traçado.

Porém, deputados e senadores eleitos não participam do dia-a-dia, ou seja, seus posicionamentos podem fugir dos planos da equipe. “Não podemos deslizar. Para virar, temos que fazer um trabalho perfeito”, diz um dos coordenadores.