Ministro Ciro Nogueira criticou a cobertura da imprensa no primeiro turno da eleiçãoPedro França/ Agência Senado

São Paulo - O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), reprovou o comportamento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que hostilizaram profissionais de imprensa na quarta-feira, 12, nas proximidades da Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Para ele, a reação de alguns eleitores é "incontrolável" e se deve, segundo sua avaliação, a uma "revolta" da população contra o que Nogueira classificou como "estelionato eleitoral" contra o chefe do Executivo.

"São coisas, às vezes, incontroláveis. Existe um sentimento de revolta muito grande do eleitorado do presidente Bolsonaro com essa tentativa de estelionato eleitoral que aconteceu no primeiro turno", afirmou, sem detalhar o que seria esse "estelionato".

Nogueira atribuiu à mídia a motivação para esse tipo de episódio. "Nunca pode descambar para a violência e cercear o trabalho da imprensa, isso aí nós temos que reprovar. Agora, não vou negar que existe um sentimento de frustração e revolta com o papel de grande parte da imprensa no primeiro turno". As declarações foram feitas em entrevista ao jornal Estado de Minas.

No feriado do dia 12, durante visita de Bolsonaro à Basílica, militantes bolsonaristas causaram tumulto e hostilizaram repórteres e cinegrafistas das redes de televisão. As cenas, envolvendo em especial uma equipe da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, foram transmitidas ao vivo pela CNN. No mesmo dia, o arcebispo de Aparecida foi vaiado por bolsonaristas que ouviam a missa do lado de fora ao falar sobre "vencer o dragão do ódio e da fome". O religioso também afirmou que é preciso ter uma "identidade religiosa" e disse que "ou somos evangélicos ou somos católicos"

Na última semana, políticos ligados ao presidente chegaram a propor que veículos de comunicação fossem investigados por noticiar os resultados das pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno. A maioria dos levantamentos davam vantagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas com margem muito maior sobre Bolsonaro do que os votos apurados no primeiro turno.
*Com informações de Estadão Conteúdo.