A polêmica declaração do presidente Jair Bolsonaro foi dada durante entrevista ao canal Paparazzo Rubro-Negro, no YouTubeReprodução/Youtube Paparazzo Rubro-Negro
A polêmica teve início quando Bolsonaro respondeu a uma pergunta sobre a hipótese de o Brasil se tornar comunista numa eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ele insinuou que meninas venezuelanas têm de se prostituir no Brasil para "ganhar a vida". Bolsonaro relatou que, em 2020, estava andando de moto em Brasília quando viu meninas "arrumadinhas" de "14, 15 anos", até que "pintou um clima" e ele pediu para entrar na casa delas.
"Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, de moto. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’, entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí eu te pergunto, menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida", disse o presidente ao "Paparazzo Rubro-Negro".
Na live desta madrugada, Bolsonaro afirmou que o episódio relatado por ele foi revelado em uma transmissão ao vivo que fez em 2020. Ele disse ter mostrado "toda a sua indignação" naquela ocasião.
"O que eu estava mostrando com aquilo (era) a minha indignação. Aquelas meninas venezuelanas que tinham fugido de seu país, tinham fugido da fome. Estavam se arrumando para quê? Mostrei toda a minha indignação ali", completou.
A fala original de Bolsonaro sobre as meninas gerou forte repercussão nas redes e entre a classe política. A presidente do PT e deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, o deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL), a deputada federal Duda Salabert (PDT) repudiaram a declaração de Bolsonaro.
Deputado pede investigação à PGR
O deputado distrital Leandro Grass (PV) encaminhou ofício à Procuradoria-Geral da República pedindo investigação sobre a conduta do chefe do Executivo. No documento, o parlamentar argumenta que "tão grave" quanto a declaração sobre ter "pintado um clima" foi o fato de o presidente ter identificado uma situação de exploração de menores e "não ter feito uma denúncia formal para as autoridades competentes".
"Se havia algum problema por ele verificado, deveria procurar as instâncias de controle, justamente para que providências fossem tomadas. Há, na região, Conselho Tutelar ativo e que exerce seu mister com bastante competência", diz o ofício.
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