-Declarações foram dadas em entrevista ao 'Fantástico', da TV GloboReprodução/TV Globo
Aos 56 anos, Janja foi questionada pelas jornalistas Maju Coutinho e Poliana Abritta sobre seu "jeito atuante" que já teria causado incômodo em aliados de Lula e como teria lidado com a situação.
"Sinceramente, não me incomodei com isso. Porque a opinião que importava para mim nesse momento da campanha era do meu marido. Se era importante para ele eu estar fazendo algumas coisas e estar do lado dele. E eu trouxe para mim esse papel de cuidar mesmo dele, de preservá-lo, até de segurança", disse.
Logo depois, as jornalistas chegaram a perguntar se, na avaliação dela, as críticas teriam sido motivadas por machismo, ciúmes ou as duas coisas.
"Acho que foi um pouquinho de cada um. Houve machismo porque talvez a figura do Lula por si só se bastasse e agora tem uma mulher do lado dele, não que complemente, mas que soma com ele em algumas coisas. Então hoje, acho importante olhar para ele, olha para ele e também está me vendo. Isso não acontecia antes, só olhava para ele. E hoje ele tem um complemento, é uma soma, que sou eu. E não é porque eu estou do lado dele, é porque eu sou essa pessoa, eu sou a pessoa que é propositiva, que não fica sentada, que vai e faz'", declarou.
Rosangela Silva afirmou que irá trazer pautas importantes para as mulheres e que seu papel no governo do marido será mais de "articulação com a sociedade civil". Dentre os compromissos pelos próximos anos citados por Janja, estão o combate ao racismo; à violência contra a mulher; e garantir alimentação a todos. No entanto, a esposa do presidente eleito não chegou a citar propostas nem se aprofundou nos temas.
A futura primeira-dama comentou também sobre o relacionamento com Lula e como ele começou. "No final de 2017, o MST faz um jogo e o Chico Buarque ia jogar. Eu preciso ir nesse jogo e acabei indo. Foi muito emocionante porque eu queria ver o Chico Buarque, tem a foto, tá lá no meu Instagram. Eu já conhecia o meu marido de outros momentos, não sei se ele lembrava muito de mim. A gente sentou para almoçar, todo mundo. Aí depois pediu meu telefone para alguém, eu recebi e ali foi indo. A gente foi se aproximando", contou. Sobre o dia a dia do casamento ela diz que acha que o Brasil "até conhece, mas não conhece o homem bem-humorado dentro de casa". "Ele acorda cedo para treinar, treina todo dia. 5h30 já está desperto, ele faz questão. A gente acorda dando risada", disse.
A respeito das acusações de machismo de Lula, ela disse que tem uma coisa que eu se lembra e que "até não gosto muito". "Ele se refere à esposa do [Fernando] Haddad, ele fala assim ‘o Haddad e a esposa do Haddad’. Aí eu sempre digo 'Ana Estela, Ana Estela'", citou.
Janja também falou sobre a relação com a senadora e candidata à presidência no primeiro turno das eleições, Simone Tebet. "A gente estava em casa, peguei, vamos ligar, vamos ligar, falei com a senadora, os dois conversaram. Não foi nada 'você vai ligar e isso'. Eu não tenho nenhum papel de articulação política. Pode até ter acontecido, mas não que tenha sido uma coisa planejada. Era importante falar com ela, importante conversar com ela", explicou.
Ela ainda contou sobre suas inspirações no cargo e citou Eva Perón, ex primeira-dama da Argentina, entre 1946 e 1954, e Michelle Obama. "Na Argentina, eu visitei a casa de Evita, o museu de Evita Perón, e me revelaram algumas coisas da história dela que talvez nem todo mundo, nem toda a sociedade brasileira conhece. Não conhece o papel que ela teve para as mulheres naquele momento histórico da Argentina. Outra que eu também fiquei bastante impressionada foi Michelle Obama. De saber que muitas das políticas que foram tentadas do governo [Barack] Obama foram propostas dela, principalmente na área da saúde", disse.
A respeito das eleições do 2º turno, ela disse que "a primeira coisa que ele [Lula] queria fazer era sair para o portão [da casa onde os 2 moram, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo] e abraçar o pessoal que ficou a tarde inteira no portão".
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