-Declarações foram dadas em entrevista ao 'Fantástico', da TV GloboReprodução/TV Globo

A futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, declarou, em entrevista exibida pelo "Fantástico", da TV Globo, falou sobre as críticas que já recebeu após a eleição de Lula (PT) e afirmou que deseja "ressignificar o conteúdo do que é ser uma primeira-dama".

Aos 56 anos, Janja foi questionada pelas jornalistas Maju Coutinho e Poliana Abritta sobre seu "jeito atuante" que já teria causado incômodo em aliados de Lula e como teria lidado com a situação.

"Sinceramente, não me incomodei com isso. Porque a opinião que importava para mim nesse momento da campanha era do meu marido. Se era importante para ele eu estar fazendo algumas coisas e estar do lado dele. E eu trouxe para mim esse papel de cuidar mesmo dele, de preservá-lo, até de segurança", disse.

Logo depois, as jornalistas chegaram a perguntar se, na avaliação dela, as críticas teriam sido motivadas por machismo, ciúmes ou as duas coisas.

"Acho que foi um pouquinho de cada um. Houve machismo porque talvez a figura do Lula por si só se bastasse e agora tem uma mulher do lado dele, não que complemente, mas que soma com ele em algumas coisas. Então hoje, acho importante olhar para ele, olha para ele e também está me vendo. Isso não acontecia antes, só olhava para ele. E hoje ele tem um complemento, é uma soma, que sou eu. E não é porque eu estou do lado dele, é porque eu sou essa pessoa, eu sou a pessoa que é propositiva, que não fica sentada, que vai e faz'", declarou.
Muito presente nas redes sociais, a futura primeira-dama comentou sobre o motivo da movimentação nas plataformas: "Eu decidi abrir meu Instagram, muito com receio, mas era uma coisa que eu tinha que fazer porque as pessoas tinham curiosidade de conhecer, não conhecer a Janja, mas de conhecer quem era a mulher que estava ao lado do Lula".
Questionada por Maju a respeito dos ataques de intolerância religiosa sofridos nas redes, quando Janja foi "associada de forma pejorativa a religiões de matriz africana", ela respondeu: "Ter sido atacada por conta disso não me diminui".
"Pelo contrário, eu acho que ser ligada a uma religião de matriz africana só me dá orgulho. Talvez isso represente um pouco do que é os brasileiros e as brasileiras. Sabe? Eu sou aquela pessoa que me emociono na missa, com a fala do padre, e também me emociono com o tambor. Também me emociono com um hino de louvor a Deus. E muitas pessoas disseram para mim: ‘Você precisa apagar aquela foto’. Tem uma foto minha no Instagram com algumas imagens de orixás. Eu não vou apagar. Aquilo também me representa", completou.

Rosangela Silva afirmou que irá trazer pautas importantes para as mulheres e que seu papel no governo do marido será mais de "articulação com a sociedade civil". Dentre os compromissos pelos próximos anos citados por Janja, estão o combate ao racismo; à violência contra a mulher; e garantir alimentação a todos. No entanto, a esposa do presidente eleito não chegou a citar propostas nem se aprofundou nos temas.

A futura primeira-dama comentou também sobre o relacionamento com Lula e como ele começou. "No final de 2017, o MST faz um jogo e o Chico Buarque ia jogar. Eu preciso ir nesse jogo e acabei indo. Foi muito emocionante porque eu queria ver o Chico Buarque, tem a foto, tá lá no meu Instagram. Eu já conhecia o meu marido de outros momentos, não sei se ele lembrava muito de mim. A gente sentou para almoçar, todo mundo. Aí depois pediu meu telefone para alguém, eu recebi e ali foi indo. A gente foi se aproximando", contou. Sobre o dia a dia do casamento ela diz que acha que o Brasil "até conhece, mas não conhece o homem bem-humorado dentro de casa". "Ele acorda cedo para treinar, treina todo dia. 5h30 já está desperto, ele faz questão. A gente acorda dando risada", disse.
Janja falou ainda sobre o dia da prisão do presidente eleito, em abril de 2018: "Estava voltando de Itaipu, estava no meu carro, dirigindo. Lembro que parei no estacionamento de uma farmácia e chorava muito. Eu não acreditava. Liguei para ele, ele pedia para eu ficar tranquila, tava indo para o Sindicato dos Metalúrgicos. Tive que chamar um amigo meu porque eu não conseguia mais dirigir".
Segundo ela, durante o tempo em que o marido ficou no presídio, eles trocaram cartas. "Muitas cartas muito felizes e muitas cartas. Teve momentos muito difíceis desses 580 dias. O dia mais difícil para ele foi o dia da morte do neto", disse. Arthur Lula da Silva morreu em 1º de março de 2019, aos 7 anos, em decorrência de uma infecção generalizada provocada pela bactéria Staphylococcus aureus, que costuma ser encontrada em infecções de pele.

A respeito das acusações de machismo de Lula, ela disse que tem uma coisa que eu se lembra e que "até não gosto muito". "Ele se refere à esposa do [Fernando] Haddad, ele fala assim ‘o Haddad e a esposa do Haddad’. Aí eu sempre digo 'Ana Estela, Ana Estela'", citou.

Janja também falou sobre a relação com a senadora e candidata à presidência no primeiro turno das eleições, Simone Tebet. "A gente estava em casa, peguei, vamos ligar, vamos ligar, falei com a senadora, os dois conversaram. Não foi nada 'você vai ligar e isso'. Eu não tenho nenhum papel de articulação política. Pode até ter acontecido, mas não que tenha sido uma coisa planejada. Era importante falar com ela, importante conversar com ela", explicou.

Ela ainda contou sobre suas inspirações no cargo e citou Eva Perón, ex primeira-dama da Argentina, entre 1946 e 1954, e Michelle Obama. "Na Argentina, eu visitei a casa de Evita, o museu de Evita Perón, e me revelaram algumas coisas da história dela que talvez nem todo mundo, nem toda a sociedade brasileira conhece. Não conhece o papel que ela teve para as mulheres naquele momento histórico da Argentina. Outra que eu também fiquei bastante impressionada foi Michelle Obama. De saber que muitas das políticas que foram tentadas do governo [Barack] Obama foram propostas dela, principalmente na área da saúde", disse.

A respeito das eleições do 2º turno, ela disse que "a primeira coisa que ele [Lula] queria fazer era sair para o portão [da casa onde os 2 moram, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo] e abraçar o pessoal que ficou a tarde inteira no portão". 
Pensando no futuro próximo, com a posse em 2023, Janja disse que vai "estar muito feliz no dia 1º de janeiro. Por ele, pelo Brasil, pela esperança, pelo amor. Vou cantar”.
*Com informações do Ig