Mãe de Daniel Alvos saiu em defesa do filho após condenação por estupro na EspanhaReprodução de Instagram

A mãe de Daniel Alves, Maria Lucia Alves, foi às redes sociais defender o filho da condenação de quatro anos e meio de prisão por estupro de uma jovem de 23 anos, no banheiro de uma boate de Barcelona.
"Inocente, sim. Essa decisão não é a final", escreveu no Instagram, ao respostar uma publicação da advogada Graciele Queiroz, uma das advogadas do jogador.
Essa foi a única declaração da mãe de Daniel Alves. Já a advogada divulgou uma nota na qual a família  pede "respeito e compreensão diante do desafiador momento que atravessa".
Ela ainda afirmou que a família de Daniel Alves busca assegurar que "os recursos cabíveis à decisão da justiça espanhola sejam bem fundamentados, buscando a liberdade do jogador e a posterior revisão da decisão".

Relembre o caso

O Tribunal de Justiça de Barcelona anunciou nesta quinta-feira (22) a condenação de Daniel Alves a quatro anos e meio de prisão, por considerar que foi "comprovado o estupro", e também determinou cinco anos adicionais de liberdade condicional e uma ordem de restrição para que ele não se aproxime da vítima por nove anos. Ele também terá que pagar uma indenização de 150 mil euros (pouco mais de R$ 800 mil).
O ex-jogador pode apresentar recurso contra a sentença. O Ministério Público, que desde o início das investigações conferiu credibilidade ao relato da denunciante, solicitou pena de nove anos de prisão para o brasileiro.
No julgamento, que aconteceu entre 5 e 7 de fevereiro, a defesa de Daniel Alves havia solicitado a absolvição e, em caso de condenação, havia mencionado o consumo de bebidas alcoólicas como uma das possíveis circunstâncias atenuantes.

Alegação de embriaguez de Daniel Alves

No terceiro e último dia do julgamento, Daniel Alves voltou a alegar que estava embriagado na noite de 30 de dezembro de 2022, quando ocorreu o estupro. O ex-jogador afirmou que bebeu cerca de duas garrafas de vinho e um copo de uísque, antes de seguir para um bar onde consumiu gin tônica.
"Não sou um homem violento. Não a forcei a praticar sexo oral forçadamente", disse o ex-atleta.
A esposa de Daniel Alves, Joana Sanz, prestou depoimento no segundo dia do julgamento e também afirmou que o ex-jogador tinha bebido muito.
"Ele foi comer com seus amigos no restaurante. Passou o dia aí e voltou era quase 4 (horas) da manhã. Voltou muito bêbado, uma pessoa com muito álcool. Bateu no armário e caiu na cama", disse
As informações foram contestadas pela promotoria, que citou que o acusado "a pegou pelo cabelo com força, forçou a fazer sexo oral, deu tapa na cara, a penetrou por trás e ejaculou dentro e fora". Além disso, também apontou que o brasileiro não estava embriagado e que parecia "normal" através das imagens das câmeras da boate Sutton.

Ausência de lesão vaginal

Especialistas de ambas as partes analisaram as condições da vítima após o ocorrido. Um perito forense da defesa de Daniel Alves alegou que os exames não apontavam nenhuma lesão vaginal e isso provaria que não houve relação forçada entre as partes. No entanto, o médico forense da promotoria afirmou que em um estudo com 500 mulheres, apenas 22% das que haviam feito sexo não consensual tinham lesões vaginais.
"Nesse caso, não encontramos nenhuma lesão, mas não podemos dizer que não tenha nenhuma agressão", disse o especialista.
A psicóloga forense que representa a vítima também explicou o fato da jovem, de 23 anos, não estar tomando remédios para estresse pós-traumático.
"Quando estamos com uma paciente que sofre com sintomas pós-traumáticos tão variados, é alguém que tem a sensação de perder o controle da vida e das emoções. Não estar tomando medicação não significa que não tenha uma síndrome pós-traumática. Muitos não querem tomar para não estarem sob efeito de remédios. Um dos indicadores da condição de vítima é sentir culpa por algo que de fora está claro", disse a profissional.

Mulheres acusam o ex-jogador de apalpá-las

Na mesma noite, outras duas mulheres dizem ter sido tocadas pelo ex-atleta. Segundo uma amiga e uma prima da vítima, Daniel Alves as apalpou e logo em seguida as convidou para a área VIP da boate Sutton, onde ele estava com um amigo.
O fato teria acontecido momentos antes de Daniel levar a mulher, que o acusa de estupro ao banheiro da boate. Ambas também confirmaram que o brasileiro teria apresentando um comportamento agressivo naquela noite.

Risco de fuga em caso de liberdade condicional

Desde janeiro de 2023, quando foi preso, Daniel Alves fez três pedidos de liberdade condicional, mas nenhum foi aceito pela Justiça espanhola. A alegação era o risco do jogador voltar para o Brasil, uma vez que os dois países não possuem acordo de extradição.
De acordo com a informação de um colega de cela do ex-atleta, publicada pela TV espanhola "Telecinco", essa era justamente a intenção do acusado.
"Assim que lhe dessem a liberdade condicional ele iria fugir para o Brasil", afirmou o presidiário, que teve sua identidade mantida em sigilo pelo programa de TV "Fiesta", onde o caso foi revelado.

Repercussão 

O caso do estupro teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola ainda em 2022. No dia 31 de dezembro, o diário ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na casa noturna Sutton no dia anterior. A mulher esteve acompanhada por amigas a todo o instante e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
No dia 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e passou a investigar o jogador brasileiro, que, por muitos anos, defendeu a camisa do Barcelona. Inconsistências nas versões dadas pelo atleta à Justiça, além da possibilidade de fuga do país europeu, fizeram com que a juíza Maria Concepción Canton Martín decretasse a prisão no dia 20 de janeiro de 2023.