Daniel Alves concedeu a primeira entrevista desde que deixou a prisão em 25 de março. O lateral falou ao jornal catalão 'El Periódico' sobre os 14 meses em que ficou preso pelo estupro de uma jovem, em dezembro de 2022, mas não comentou sobre o processo na Justiça, nem se aprofundou sobre a condenação a quatro anos e meio, confirmada em 22 de fevereiro.
"Onde quer que eu vá, sobrevivo. Eu me adapto a tudo, porque, para mim, não é o lugar que faz a pessoa, mas a pessoa que faz o lugar", afirmou o ex-jogador sobre o período na prisão.
Daniel Alves garantiu estar calmo e não saber quando terá fim o processo na Justiça. Ele pagou a fiança de 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões), o que lhe deu o direito de aguardar em liberdade provisória a análise nas últimas instâncias sobre os recursos contra a condenação.
“A partida que preciso jogar é nos tribunais”, disse.
"É o que me resta. Ir ao Tribunal toda sexta-feira e pronto. Também não tenho muito mais a fazer".
A condenação de Daniel Alves
O Tribunal de Justiça de Barcelona anunciou no dia 22 de fevereiro a condenação de Daniel Alves a quatro anos e meio de prisão, por considerar que foi "comprovado o estupro", e também determinou uma ordem de restrição para que ele não se aproxime da vítima por nove anos. Ele também terá que pagar uma indenização de 150 mil euros (pouco mais de R$ 800 mil).
No julgamento, que aconteceu entre 5 e 7 de fevereiro, a defesa de Daniel Alves havia solicitado a absolvição e, em caso de condenação, havia mencionado o consumo de bebidas alcoólicas como uma das possíveis circunstâncias atenuantes.
Alegação de embriaguez
No terceiro e último dia do julgamento, Daniel Alves voltou a alegar que estava embriagado na noite de 30 de dezembro de 2022, quando ocorreu o estupro. O ex-jogador afirmou que bebeu cerca de duas garrafas de vinho e um copo de uísque, antes de seguir para um bar onde consumiu gin tônica.
"Não sou um homem violento. Não a forcei a praticar sexo oral forçadamente", disse o ex-atleta. A esposa de Daniel Alves, Joana Sanz, prestou depoimento no segundo dia do julgamento e também afirmou que o ex-jogador tinha bebido muito.
"Ele foi comer com seus amigos no restaurante. Passou o dia aí e voltou era quase 4 (horas) da manhã. Voltou muito bêbado, uma pessoa com muito álcool. Bateu no armário e caiu na cama", disse
As informações foram contestadas pela promotoria, que citou que o acusado "a pegou pelo cabelo com força, forçou a fazer sexo oral, deu tapa na cara, a penetrou por trás e ejaculou dentro e fora". Além disso, também apontou que o brasileiro não estava embriagado e que parecia "normal" através das imagens das câmeras da boate Sutton.
Mulheres acusam o ex-jogador de apalpá-las
Na mesma noite, outras duas mulheres dizem ter sido tocadas pelo ex-atleta. Segundo uma amiga e uma prima da vítima, Daniel Alves as apalpou e logo em seguida as convidou para a área VIP da boate Sutton, onde ele estava com um amigo.
O fato teria acontecido momentos antes de Daniel levar a mulher que o acusa de estupro ao banheiro da boate. Ambas também confirmaram que o brasileiro teria apresentando um comportamento agressivo naquela noite.
Repercussão
O caso do estupro teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola ainda em 2022. No dia 31 de dezembro, o diário ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na casa noturna Sutton no dia anterior. A mulher esteve acompanhada por amigas a todo o instante e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
No dia 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e passou a investigar o jogador brasileiro, que, por muitos anos, defendeu a camisa do Barcelona. Inconsistências nas versões dadas pelo atleta à Justiça, além da possibilidade de fuga do país europeu, fizeram com que a juíza Maria Concepción Canton Martín decretasse a prisão no dia 20 de janeiro de 2023.
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