Seleção brasileira ainda não conseguiu recuperar o respeito perdido entre os amantes do futebolArquivo

Rio - Nesta segunda-feira (8), o futebol brasileiro apaga as velas de 10 anos de um aniversário que, infelizmente, será comemorado por muito tempo: a goleada histórica por 7 a 1 sofrida para a Alemanha, no Mineirão, na semifinal na Copa do Mundo. Um marco importante no mundo da bola e que deixou traumas em uma geração quando o assunto é a Seleção.

O cenário ainda é de uma ferida que não foi curada. Isso porque, na década que passou, o Brasil não respondeu em campo e escancarou os impactos da dura derrota para os europeus: desconfiança, desânimo e desvalorização.

Desde de então, a seleção brasileira acumulou mais fracassos do que sucessos. Em duas edições de Copa do Mundo, novas derrotas que abalaram o ambiente: para a Bélgica, em 2018, e Croácia, em 2022. A nível continental, a Copa América foi conquistada em 2019, mas foram quatro edições em branco - sendo que em três, fora até mesmo da decisão. Em 2021, o Brasil perdeu dentro do Maracanã para a Argentina.

Para muitos, a pior derrota da história das Copas. Para os brasileiros, uma virada de chave importante no discurso de "o país do futebol" e "futebol arte". Sem jogo bonito, sem resultados. A médio prazo, ainda segue em reconstrução por um projeto da CBF para resgatar, principalmente, os laços com o torcedor.

Os efeitos do vexame

O placar se tornou uma metáfora no cotidiano do brasileiro, tanto em questões sociais quanto futebolísticas. Em qualquer situação de chacota, a frase "todo dia um 7 a 1 diferente" é empregada.

Dentro e fora das quatro linhas, o vexame expôs fragilidades do futebol brasileiro. Em campo, os treinadores entenderam que precisavam estudar mais para fugir dos adjetivos de "ultrapassado", que ficaram fortes com Felipão na Copa de 2014. No entanto, a escola de técnicos do país pouco evoluiu. Nos últimos anos, a preferência dos clubes da elite do Brasileirão é cada vez mais em ter treinadores estrangeiros - oito das vinte equipes do torneio possuem comandantes de fora.

Na parte estrutural, questionamentos em relação a produção de jogadores eram feitas. Por muito tempo, o Brasil ficou "refém" de Neymar como promessa. Porém, com o passar dos anos, clubes investiram mais em suas categorias de base, e, hoje, muitas são referências. Jovens como Endrick, Estevão, além de, claro, Rodrygo e Vini Jr já viraram realidade. O camisa sete do Real Madrid, inclusive, é um dos favoritos para conquistar a Bola de Ouro nesta temporada, sendo o primeiro brasileiro desde Kaká, em 2007, a poder vencê-la.

A goleada acarretou diversas mudanças, que podem ou não ter gerado efeitos. No entanto, apesar disso, o 7 a 1 ficará para sempre na memória dos que viveram, e que certamente irão repassar para as gerações futuras sobre o quão doloroso foi o dia 8 de julho de 2014 para o nosso futebol.