Ferj realizou uma reunião para conscientizar familiares e clubes sobre comportamentos com os jovens atletas em competições de baseDivulgação/Ferj

Rio - Preocupada com o comportamento de pais, familiares e torcedores nos campeonatos de base, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) realizou uma reunião com representantes dos clubes filiados com o objetivo de educar e garantir um ambiente seguro e saudável nas competições. Além disso, também tem o intuito de conscientizar os responsáveis em relação a pressão sobre os jovens.
"Infelizmente, tivemos episódios recorrentes de mau comportamento de pais e torcedores em jogos de base. Esses fatos têm nos preocupado bastante, principalmente com a segurança de todos que estão participando dos eventos, além da formação desses atletas", afirmou Marcelo Vianna, Vice de Competições da FERJ, que comandou a reunião.
A reunião durou cerca de duas horas, na sede da entidade. O encontro contou ainda com palestras da psicóloga Maíra Ruas e do ex-jogador Vinícius Pacheco, criador do projeto "Categorias de base - Pais e Atletas". O resultado do primeiro encontro, que será permanente, é a aplicação, de imediato, do Protocolo de Ação contra a Violência Verbal. Mas outras ações já estão em pauta.
"O Rio ainda é um dos poucos estados que colocam torcidas divididas nos estádios. E queremos seguir dando exemplo desde a base. Portanto, estamos criando um protocolo de comportamento para prevenir problemas que pais ou torcedores mal educados possam comprometer as partidas e o desenvolvimento dos atletas. As competições de base não só formam atletas, mas cidadãos. E esse comportamento ruim prejudica o desenvolvimento dessas crianças e jovens", afirma o vice-presidente de Competições da FERJ, Marcelo Vianna.
Após a exibição de vídeo reprovável de cena dentro e fora do campo, ocorrido no ano passado, o ex-jogador Vinícius Pacheco falou sobre sua experiência com o projeto "Categoria de base – Pais e Atletas" e por ser pai de dois jovens (11 e 14 anos) que jogam futebol. Ele ressaltou que tem criança que tem medo de voltar para casa quando perde ou vai mal no jogo, e pontuou que essa pressão pode atrapalhar o desenvolvimento.
"Os pais ou torcedores têm de entender que as crianças ou jovens ainda não tem maturidade para certas atitudes. Por isso, o exemplo tem de vir de casa. O problema é que os pais cobram dos filhos como se cobra de um jogador profissional. Hostilizam as crianças e isso prejudica muito até mesmo no desenvolvimento como pessoa. Já vi casos de árbitros terem de parar o jogo, pois a crianças começam a chorar. Isso tem que acabar", disse Vinícius Pacheco.

Com passagens por Botafogo, Vasco, Seleção Brasileira e Comitê Olímpico Brasileiro, a psicóloga Maíra Ruas alertou para a importante contribuição familiar na formação. A profissional, que participou da reunião através de videoconferência, destacou que o peso das cobranças e frisou que as consequências da má formação do caráter do filho/atleta pode interferir na vida profissional e pessoal.
"Sabemos como é difícil lidar com a expectativa dos pais. Os mesmos não tem consciência do quanto influenciam no emocional dos filhos. Esse comportamento ruim na arquibancada não ajuda em nada. Estão punindo e criando Burnout nas crianças. Nosso cuidado é para que não atrapalhe a formação desse jovem. É importante que os clubes conversem com os pais. Prestar atenção também nas redes sociais. Isso pode interferir positivamente ou negativamente no atleta e no evento também", conta Maíra.
Após o debate com os 24 representantes de clubes, está determinada a implementação do Protocolo de Ação contra a Violência Verbal. A medida prevê que quando o árbitro, ao constatar a existência de ofensa, informará ao delegado do jogo que, imediatamente, comunicará às comissões técnicas para advertir o infrator para cessar as agressões.
Em caso de persistência, caberá ao árbitro interromper temporariamente a partida, e os clubes se retirarão do campo. O prazo limite para o fim da falta de educação é de 10 minutos. Se após a pausa, reiniciada a partida, novas ofensas forem reproduzidas, o juiz decretará o encerramento. Relatado em súmula, o caso será encaminhado ao Comitê Disciplinar da competição para devida apuração e sanção cabível.
Outras sugestões foram apresentadas e serão trabalhadas para execução:
- Campanhas de conscientização;
- Palestras educativas;
- Criação do pai capitão;
- Orientação e capacitação de árbitros e delegados para colaborar na formação e educação de atletas e condução de forma apaziguadora dos jogos.