Para Textor, técnico Artur Jorge terá um grande desafio pela frenteVítor Silva/Botafogo
Textor se posiciona sobre fair play financeiro e rebate críticas por gastos no Botafogo
Empresário também disse que achou 'muito peculiar' a presença de Pedrinho, do Vasco, numa reunião sobre o tema na CBF
Rio - O fair play financeiro foi um dos temas das apresentações de Aryelson e Vitinho, nesta quarta-feira (4), no Botafogo. Isso porque John Textor marcou presença na coletiva e foi perguntado sobre o assunto. O empresário garantiu que está dentro das regras e revelou que o Glorioso gasta 45% das receitas em salários. Ele também rebateu as críticas sobre a quantia gasta pelo Glorioso na temporada.
"Nós estamos atuando em compreensão com o fair play financeiro. Estamos gastando 45% dos nossos rendimentos em salário. O que estamos fazendo com o nosso capital é investir em ativos, construções e contratos de jogadores. Ativos que vão crescer em valor", disse Textor.
"E em relação às pessoas ofendidas porque o Botafogo está repentinamente forte de novo, nós somos o clube mais tradicional do Brasil, nós somos os gloriosos, nós ganhamos esse nome por uma razão. Não fique tão surpreso se o Botafogo voltou entre vocês como um dos principais times do Brasil. Nós e o Santos começamos essa coisa toda. Nós somos os gloriosos. Então, estamos aqui e não vamos a lugar nenhum", prosseguiu.
John Textor é dono de 90% da SAF do Botafogo. Ele se tornou o acionista majoritário no início de 2022, ano que marcou o retorno do Alvinegro à Série A após uma temporada na segunda divisão. Assim, o empresário investiu não só em jogadores como também na estrutura do clube.
"Eu vim para cá por causa do conhecimento dos legisladores, que passaram a Lei da SAF. A Lei da SAF convidou investidores estrangeiros, o capital viria de fora para dentro do Brasil. A ideia não é boa apenas para o futebol brasileiro como também para a economia brasileira. Eu assinei um contrato em que me exigia investir no clube, não apenas operar, mas investir fortemente no clube, nas estruturas, nos jogadores. O contrato que veio da lei da SAF exigiu que eu investisse, e eu estou investindo", ressaltou.
Nesta semana, a Comissão Nacional de Clubes se reuniu na sede da CBF para debater a implementação do fair play financeiro no futebol brasileiro a partir. Flamengo, Fluminense e Vasco estiveram presentes na reunião.
Também participaram do encontro clubes como o São Paulo, Fortaleza, Internacional e Palmeiras, além de dois representantes da Série B e um da Série C. Os clubes ficaram de marcar uma nova reunião, sem data prevista, para tentar avançar no modelo. A ideia é realizar um encontro mensal na CBF.
"Estou construindo minha relação com o Pedrinho, presidente do Vasco. O Vasco tentou executar a SAF. O contrato deles convidou um investidor que era obrigado a investir bem mais do que eu sou. Então, acho muito peculiar que o Pedrinho esteja neste encontro falando hoje sobre fair play financeiro, limitar gastos só porque sua SAF não funcionou tão bem. Eles tentaram fazer a mesma coisa e não funcionou. Agora, eles estão num encontro que não fomos convidados, reclamando o quanto estamos gastando. Se a 777 estivesse ainda, o Vasco estaria fazendo a mesma coisa agora", pontou Textor.
Além disso, John Textor destacou que discorda do modelo de fair play financeiro do futebol europeu: "Vamos começar com a definição de fair play financeiro. Essa não é uma palavra que as pessoas deveriam ficar dizendo sem manter a constância dessa frase no resto do mundo, porque soa como se fosse uma coisa óbvia. Fair play financeiro. Todo mundo quer fair play. Isso não é o que a expressão significa na Europa. Se você for ao meu site, vai ver uma fala minha sobre isso. O termo fair play financeiro é uma fraude".
Do ponto de vista do empresário norte-americano, o fair play financeiro no Velho Continente não é justo e é feito de forma para manter a hegemonia dos grandes clubes.
"A razão de ser uma fraude é que não é justo. Diz que as equipes podem gastar apenas 75% dos seus rendimentos em salários de jogadores. Essa é uma regra, na Europa, que é desenhada para permitir que as grandes equipes, com as marcas globais, 'os Liverpools', 'os Manchester Uniteds', consigam gastar mais dinheiro. Isso não é justo. Crystal Palace tem que jogar contra o Manchester United, e o United é permitido gastar mais com jogadores, sem teto de salário ou paridade financeira. Não é 'financial fair play', é 'unfair' (injusto)", afirmou.
"Então, eles jogam outras palavras, como sustentabilidade, que a razão pela qual há fair play financeiro é porque se importam com seu clube. Na Premier League, na Inglaterra, você tem pequenos clubes adquiridos cujos donos são mega bilionários. Eles têm muito dinheiro, mas não há permissão para gastar. Só os grandes clubes, com os maiores orçamentos globais, são permitidos a gastar. Não é sobre sustentabilidade financeira ou para a saúde do clube, mas sim uma prática injusta, uma regra feita para permitir uma hegemonia dos clubes dominantes sempre serem dominantes", completou posteriormente.
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