Rio - Depois de mais de 30 anos, Botafogo e Peñarol se reencontram em um jogo decisivo válido por um torneio continental. Em 1993, o Alvinegro superou o clube uruguaio, nos pênaltis, para conquistar a Copa Conmebol. Agora, as equipes medem forças pela semifinal da Libertadores em mais uma etapa na luta pela tão sonhada Glória Eterna.
Torcedor fanático do Glorioso, Ricardo Oliveira, de 62 anos, não poderia deixar de ir ao Nilton Santos para assistir ao confronto. Ele, que marcou presença na decisão no passado, estará apoiando o time nesta quarta-feira (23) em busca de um novo final feliz.
O botafoguense, que passou a torcer pelo clube por causa de um tio, aos cinco anos de idade, está acostumado às arquibancadas desde pequeno, quando se apaixonou. Agora, tem como companheiro assíduo o filho Daniel, de 33 anos.
Em 1993, foi ao Maracanã de ônibus, com três amigos. Nem todos os setores estavam abertos, mas a situação mudou a partir da mobilização dos torcedores, empolgados com a decisão.
"Ninguém esperava um grande público. O primeiro jogo, no Uruguai, que terminou empatado em 1 a 1, não teve transmissão nem mesmo de rádio. Nós começamos a ver o estádio ficar cada vez mais cheio e ouvimos que milhares de pessoas estavam lá fora para entrar, mas não tinham ingresso. Então, em cima da hora, decidiram abrir os portões e liberar alguns setores que estavam fechados", contou Ricardo.
Outro que esteve no estádio e participará da festa no Nilton Santos é Fabiano Bandeira, de 40 anos. O torcedor valorizou não só a vitória sobre os Carboneros na final, mas a garra para sair com a classificação diante do Atlético-MG, na fase anterior. Um roteiro de muita superação até o troféu conquistado na década de 1990.
"O time era limitadíssimo tecnicamente, porque mudou completamente de 1992, vice do Brasileiro, para 93. Mesmo assim, acho que quem foi ao estádio acreditava no título pela camisa e pela forma como tinha se recuperado na semifinal contra o Galo, perdendo de 3 a 1 na ida, fora de casa, e virando com 3 a 0 no Rio. Também contou muito a forma como a equipe se comportava na Conmebol, era bem diferente", ponderou.
Banho de água fria antes de levantar o troféu
No primeiro tempo, o Botafogo sofreu gol de Bengoechea, aos 35 minutos, que comemorou no saudoso orelhão para calar o Maracanã e instaurar "um desânimo geral", de acordo com Ricardo. Já na segunda etapa, o Alvinegro conseguiu virar com Eliel e Sinval, resultado que dava o título para os cariocas.
Porém, quase no fim, Otero balançou a rede para empatar e levar a decisão aos pênaltis. "Foi uma tristeza imensa, um silêncio. Eu tive vontade de chorar", revelou.
No entanto, depois das cobranças, veio a felicidade preta e branca no estádio: "Incrível. Foi uma histeria. Uma vibração nas ruas espetacular. Eu nem lembro a hora que voltei para casa".
Para o futuro repetir o passado
Agora, a dupla está confiante de que o Botafogo possa fazer um bom jogo contra o Peñarol, no Nilton Santos lotado, às 21h30 (de Brasília). É um novo momento para o clube da estrela solitária, agora gerido pelo empresário John Textor, com grande aporte de dinheiro e apontado como uma das principais potências do futebol sul-americano.
"Eu espero que vença por pelo menos dois gols de diferença, mas sei que é difícil. O Peñarol vai jogar fechado e vai exigir intensidade. Não vai ser fácil, mas não dá para negociar a vitória", disse Ricardo.
"O cenário atual é completamente diferente. A torcida pode ficar apreensiva por algumas questões, mas sabe que o Botafogo é favorito. Isso não quer dizer que vai passar, claro, mas hoje sabemos que independentemente do que vier pela frente, o time vai brigar constantemente pelos títulos e em breve vai ser campeão. Tomara que seja em 2024", analisou Fabiano.
Na próxima semana, dia 30, no mesmo horário, a vaga será definida no Estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu.
*Reportagem do estagiário Theo Faria, sob a supervisão de Leonardo Bessa
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