Carlos Augusto Montenegro com Túlio Maravilha após título do Botafogo em 1995Reprodução
A conquista no fim do século passado foi marcada por muitos problemas internos, já com o Glorioso em grave crise financeira. Montenegro, em entrevista ao O DIA, recordou o cenário da época e destacou o maior desafio durante a campanha.
"Ganhar o título sem dinheiro. Nós fomos campeões com cinco meses de salário atrasado. O salário esteve atrasado o tempo todo. Foi na conversa, na motivação, na promessa de que todo o dinheiro que pintasse eu dividiria entre o elenco. Naquela época não tinha uma cota de televisão, por exemplo. Não tinha divisão de dinheiro como teve depois. Então foi complicado. O desafio foi enorme. Trazendo um técnico de Portugal (Paulo Autuori), brasileiro, mas que trabalhava em Portugal... Ninguém acreditava", disse o ex-presidente, que geriu o clube de 1994 a 1996.
Da campanha de 1995, muitos vão lembrar da semifinal contra o Cruzeiro ou da decisão contra o Santos, no Pacaembu. No entanto, para Montenegro, de muitos jogos e histórias marcantes daquele ano, o clássico com o Flamengo representou bem o que foi a equipe na competição.
"Foi o jogo contra o Flamengo em Fortaleza, com toda certeza. O Botafogo deu uma aula de futebol, venceu por 3 a 1, estádio completamente lotado. Começou com o Flamengo com mais torcida e terminou com todo mundo aplaudindo o time de pé. Também teve um jogo no Maracanã que demos de 5 a 0 no Atlético-MG, sempre o Atlético, né? (Risos). Nesse, no final, eu levei 80 torcedores para dentro do vestiário pois me pediram para conhecer. Uma loucura", destacou.
Carlos Augusto Montenegro foi um dos entusiastas da transformação da estrutura do Botafogo saindo do amador para o profissional. Antes da SAF, com o projeto da "Botafogo S.A.", o ex-presidente conseguiu remodelar a política do clube e apoiou o candidato Durcesio Mello, quem conduziu o futebol para as mãos de John Textor.
Na visão do cartola alvinegro, o empresário estadunidense foi o melhor nome possível para o Botafogo. Campeão da Libertadores antes da projeção feita pela SAF, e com o iminente título do Brasileirão em 2024, o empresário estadunidense já pode considerar um sucesso sua gestão para reconduzir o Glorioso ao protagonismo.
"O John Textor foi um achado. Acho que nem ele imaginava isso, entrou pensando mais no negócio e não sabia que ia se apaixonar pelo Botafogo, pela torcida. Ele conseguiu o maior feito, que foi aumentar muito forte a receita e já pagou mais da metade da dívida. Segurou despesas, investiu forte, contratou bons jogadores... O Botafogo, comigo mesmo, estava na UTI. Sobrevive, morre, e você dando soro, antibiótico, colocando respirador para sobreviver. Eu ficava de mãos dadas torcendo para, um dia, ele virar profissional."
Vindo de um inédito título da Libertadores, o Botafogo joga por um empate neste domingo (8), contra o São Paulo, no Nilton Santos, às 16h (de Brasília), para levantar sua terceira taça do Campeonato Brasileiro.
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