Carlos Augusto Montenegro com Túlio Maravilha após título do Botafogo em 1995Reprodução

Rio - O Botafogo precisa de apenas um empate neste domingo (8), contra o São Paulo, no Nilton Santos, para conquistar o Campeonato Brasileiro pela terceira vez em sua história e quebrar o jejum de 29 anos. A última vez que o troféu foi para General Severiano foi em 1995, quando o clube era presidido por Carlos Augusto Montenegro, tinha Paulo Autuori como treinador e jogadores como Túlio Maravilha, Donizete, Sergio Manoel e outros que entraram para a prateleira de ídolos.
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A conquista no fim do século passado foi marcada por muitos problemas internos, já com o Glorioso em grave crise financeira. Montenegro, em entrevista ao O DIA, recordou o cenário da época e destacou o maior desafio durante a campanha.

"Ganhar o título sem dinheiro. Nós fomos campeões com cinco meses de salário atrasado. O salário esteve atrasado o tempo todo. Foi na conversa, na motivação, na promessa de que todo o dinheiro que pintasse eu dividiria entre o elenco. Naquela época não tinha uma cota de televisão, por exemplo. Não tinha divisão de dinheiro como teve depois. Então foi complicado. O desafio foi enorme. Trazendo um técnico de Portugal (Paulo Autuori), brasileiro, mas que trabalhava em Portugal... Ninguém acreditava", disse o ex-presidente, que geriu o clube de 1994 a 1996.
Botafogo foi campeão brasileiro em 1995 com time que marcou geração  - Divulgação/Botafogo
Botafogo foi campeão brasileiro em 1995 com time que marcou geração Divulgação/Botafogo


Da campanha de 1995, muitos vão lembrar da semifinal contra o Cruzeiro ou da decisão contra o Santos, no Pacaembu. No entanto, para Montenegro, de muitos jogos e histórias marcantes daquele ano, o clássico com o Flamengo representou bem o que foi a equipe na competição.

"Foi o jogo contra o Flamengo em Fortaleza, com toda certeza. O Botafogo deu uma aula de futebol, venceu por 3 a 1, estádio completamente lotado. Começou com o Flamengo com mais torcida e terminou com todo mundo aplaudindo o time de pé. Também teve um jogo no Maracanã que demos de 5 a 0 no Atlético-MG, sempre o Atlético, né? (Risos). Nesse, no final, eu levei 80 torcedores para dentro do vestiário pois me pediram para conhecer. Uma loucura", destacou.
Comemoração de Túlio Maravilha em Botafogo 3 x 1 Flamengo, no Castelão - Reprodução
Comemoração de Túlio Maravilha em Botafogo 3 x 1 Flamengo, no CastelãoReprodução


Carlos Augusto Montenegro foi um dos entusiastas da transformação da estrutura do Botafogo saindo do amador para o profissional. Antes da SAF, com o projeto da "Botafogo S.A.", o ex-presidente conseguiu remodelar a política do clube e apoiou o candidato Durcesio Mello, quem conduziu o futebol para as mãos de John Textor.

Na visão do cartola alvinegro, o empresário estadunidense foi o melhor nome possível para o Botafogo. Campeão da Libertadores antes da projeção feita pela SAF, e com o iminente título do Brasileirão em 2024, o empresário estadunidense já pode considerar um sucesso sua gestão para reconduzir o Glorioso ao protagonismo.

"O John Textor foi um achado. Acho que nem ele imaginava isso, entrou pensando mais no negócio e não sabia que ia se apaixonar pelo Botafogo, pela torcida. Ele conseguiu o maior feito, que foi aumentar muito forte a receita e já pagou mais da metade da dívida. Segurou despesas, investiu forte, contratou bons jogadores... O Botafogo, comigo mesmo, estava na UTI. Sobrevive, morre, e você dando soro, antibiótico, colocando respirador para sobreviver. Eu ficava de mãos dadas torcendo para, um dia, ele virar profissional."

Vindo de um inédito título da Libertadores, o Botafogo joga por um empate neste domingo (8), contra o São Paulo, no Nilton Santos, às 16h (de Brasília), para levantar sua terceira taça do Campeonato Brasileiro.