Vítor PereiraAFP
Derrota contra o Al Hilal expõe fragilidade do esquema tático do Flamengo
Após a saída de João Gomes, esquema de Vitor Pereira ficou carente de um primeiro homem de meio campo que proteja a defesa e auxilie na construção
A derrota do Flamengo na semifinal do Mundial de Clubes pegou muita gente de surpresa e foi um legítimo balde de água fria para quem esperava ver o Rubro-Negro enfrentando o Real Madrid na final em busca do bicampeonato mundial. O Al Hilal se aproveitou da expulsão de Gerson no fim do primeiro tempo para sacramentar a vitória por 3 a 2, mas não foi somente isso que determinou a queda do clube carioca.
O Flamengo produziu um bom primeiro tempo mesmo saindo atrás do placar no início, mas uma carência do esquema tático fica visível. A saída de João Gomes deixou uma necessidade de um primeiro homem de meio-campo, que proteja a defesa rubro-negra e que ocupe espaços quando o Rubro-Negro está sem a bola. A expulsão de Gerson apenas evidenciou este fator ainda mais.
Sem João Gomes, Vitor Pereira passou a utilizar Thiago Maia na posição, mas o rendimento está longe de ser o mesmo até por conta das características do atleta. O resultado da mudança gera alguns efeitos negativos. Além da exposição do setor defensivo, a construção partindo da defesa, uma das marcas principais do treinador.
A dupla entre David Luiz e Léo Pereira se destaca, primordialmente, por ter grande habilidade com a bola nos pés, o que facilita a construção de jogo desde a fase defensiva. No entanto, quando os dois estão expostos sem a proteção de um terceiro homem, a pressão acaba inibindo a possibilidade de passes curtos na maioria das vezes. Contra o Al Hilal, a zaga foi bastante pressionada após a expulsão de Gerson e acabou necessitando usar chutões para rifar a bola.
Em 2019, uma situação parecida aconteceu com o Flamengo e coube a Jorge Jesus ousar para buscar uma solução. Com a saída de Cuellar, o treinador português apostou na adaptação de Willian Arão, que atuava como segundo volante e chegou até mesmo a atuar como terceiro meia nos tempos de Botafogo, no setor. A adaptação deu super certo e o jogador se transformou, alcançando um patamar técnico na carreira que não se imaginava.
Quando Vitor Pereira olha para o banco, Pulgar e Vidal não apresentam as características defensivas e físicas para cumprir a função que o 'Mister' precisa. Thiago Maia, por enquanto, não chega perto de suprir a necessidade atual de um jogador que ofereça segurança ao setor defensivo. O treinador já pediu e a diretoria deve ir ao mercado buscar uma reposição, mas Gerson, por exemplo, está longe de ser este jogador.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.