Ninho do UrubuCleber Mendes/Agencia O Dia

Rio - Uma atitude do delegado Márcio Petra na condução da investigação da tragédia do Ninho do Urubu, que vitimou dez atletas da base do Flamengo em 2019 pode gerar uma reviravolta no caso. Isso porque fora dos registros o policial civil consultou informalmente Cacau Cotta, atual diretor de Relações Externas do Rubro-Negro. As informações são do portal "Metrópoles".
No mesmo ano, Márcio Petra indiciou Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, por conta do ocorrido e isentou a gestão atual do Flamengo, presidida por Rodolfo Landim. A tragédia do Ninho do Urubu aconteceu 39 dias após a presidência do clube migrar de Bandeira para Landim.
Na ocasião, Cacau Cotta ainda não havia assumido o cargo na atual gestão do Flamengo. O dirigente, que é casado com uma prima do delegado, acabou tomando posse na função alguns dias depois. Márcio Petra explicou o motivo de ter consultado o diretor rubro-negro em depoimento.
"Eu que fui até ele, porque ele era referência para mim do Flamengo. Eu não gosto de futebol, não tenho time, né. Então ele, para mim, era a pessoa que poderia me dar a estrutura do Flamengo. Eu não queria nomes, eu queria a estrutura. Como que o Flamengo comportava e basicamente as responsabilidades", afirmou. Petra admitiu não ter registrado o contato e disse que a conversa foi "informal".
Bandeira de Mello foi indiciado dez vezes pelo crime de homicídio, três vezes por lesão corporal e por "causar incêndio expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem", agravado pela morte dos jovens da base do Flamengo. O ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e responde a uma ação penal. 
Os advogados de Bandeira de Mello representaram pela abertura de procedimento apuratório investigativo contra o policial. Além disso, a defesa do ex-presidente do Flamengo crê que Márcio Petra feriu o princípio da impessoalidade das investigações ao permanecer na condução do inquérito mesmo após o marido de sua prima ser nomeado para a diretoria do Flamengo.
Cacau Cotta é sócio-proprietário do Flamengo desde 2009. Em 2013, no primeiro ano de gestão de Eduardo Bandeira de Mello, ele foi acusado de agressão ao então diretor-executivo do clube, Clément Izard, durante um partida contra o Botafogo no Engenhão, devido à demissão de sua irmã. Cacau foi suspenso pelo clube e respondeu a processo disciplinar.
Atualmente, o dirigente segue na função durante a gestão de Rodolfo Landim, porém, anunciou o seu afastamento do futebol do Flamengo, após viver uma "queda de braço" com Marcos Braz, vice de futebol. A polêmica entre os dois começou quando Cacau Cotta se tornou pré-candidato a vereador no Rio. Braz atualmente ocupa a função na Câmara Municipal da capital fluminense.