Jogos Olímpicos de ParisAFP
O transporte público de Paris recebe elogios globalmente pela sua malha ferroviária extensa que conecta as mais diferentes regiões. Algumas estações, mais velhas, estão carregadas por um odor desagradável. Outras recém-reformadas, com reparos no piso, paredes e teto, deixam o cheiro de tinta no ar. O mesmo se vê no principal Centro de Mídia, que fica no Palais des Congrès, um centro de convenções onde se organizam eventos, palestras, feiras e congressos. Nos pisos inferior há um shopping, com não muitas lojas abertas, mas muitas reformas ainda em andamento.
A fama de que o francês transmite mau humor nos contatos com os estrangeiros se tornou um mito durante esses primeiros dias. No geral, os voluntários e pessoas envolvidos de alguma maneira nos Jogos Olímpicos são atenciosos. Até demais. Desde a chegada ao aeroporto até as caminhadas pela cidade, perto de áreas restritas ou não.
No Centro de Mídia, uma longa fila para resolver problemas nos credenciamentos se faz muito mais pelo tempo gasto pelos funcionários em justificar tal falha aos jornalistas do que em solucioná-la. O segredo para ser bem tratado na França é o famoso 'bonjour'. A expressão não é apenas um "bom dia", mas traduz uma posição de equilíbrio entre quem questiona e quem responde.
CALMARIA E 'FUGA'
Outra explicação dada por moradores de Paris para a falta de movimentação às vésperas da cerimônia de abertura é que os tradicionais turistas, que vêm à capital francesa para visitar o Museu do Louvre, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e os outros pontos turísticos da Cidade Luz, escolheram desembarcar no país em junho ou em agosto, em período anterior ou posterior aos Jogos Olímpicos. O turista esportivo é de uma natureza diferente do turista comum.
Quem não gosta ou não se importa com o maior evento esportivo do planeta costuma sair da cidade. É o caso da tradutora polonesa Sylvia Burkowska, de 57 anos. Ela decidiu alugar seu pequeno apartamento de pouco mais de 30 metros quadrados em Clichy, uma agradável comuna nos arredores de Paris, e deixar a capital francesa por uns dias. "Preferi viajar a Londres com meu marido", conta a polonesa, que cita também o aumento de bens e serviços durante os Jogos. O valor do metrô, por exemplo, saltou de 2 euros para 4 euros.
O governo francês estima que 15 milhões de turistas estejam em Paris para acompanhar as Olimpíadas. Destes, apenas cerca de 2 milhões são estrangeiros. A maioria, portanto, vem mesmo da França. O número é expressivo, hotéis, companhias aéreas e agências de viagens esperavam ver uma lotação maior, visto que os níveis de ocupação da hoteleira da cidade atingiram cerca de 80%, de acordo com dados da CoStar divulgados recentemente.
O percentual é consideravelmente menor do que ocupação hoteleira durante Londres 2012 e Rio 2016, que alcançaram uma média de 88,6% e 94,1%, respectivamente, o que fez os empresários do setor reduzir os preços para as hospedagens em até 40%.
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