Lin Yu-ting chegou à semifinal na categoria feminina até 57 kg do boxe, em meio a polêmica de gênero Mohd Rasfan / AFP
Envolvida em polêmica de gênero, boxeadora taiwanesa garante medalha
Lin Yu-ting iguala campanha da argelina Imane Khelif, que também sofre com ataques
A taiwanesa Lin Yu-ting, uma das duas boxeadoras nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 que foram envolvidas em uma polêmica de gênero, garantiu uma medalha olímpica neste domingo (4), após uma vitória contundente nas quartas de final da categoria até 57 quilos.
Lin, que garantiu ao menos uma das duas medalhas de bronze distribuídas em cada categoria do boxe olímpico, venceu por decisão unânime dos juízes a búlgara Svetlana Staneva, em um combate na Paris Arena Norte.
Apesar da agressividade da adversária, que adotou uma estratégia muito ofensiva, Lin manteve a calma e lutou com paciência, aguardando as oportunidades e aproveitando o cansaço progressivo de Staneva.
"Hoje, eu garanti uma medalha contra uma rival muito respeitável", disse a taiwanesa ao sair do ringue. "Vencer este confronto não significa que posso relaxar, é claro. Preciso me aperfeiçoar a cada passo para derrotar todas as rivais e conseguir o ouro".
Relembre a polêmica de gênero na Olimpíada
A participação em Paris-2024 de Lin e da argelina Imane Khelif, que no sábado também se classificou para as semifinais na categoria até 66 quilos, provocou uma grande agitação política e midiática. Elas estão no centro de uma polêmica depois que foram desclassificadas do Mundial de Boxe do ano passado por terem sido reprovadas em um teste de elegibilidade de gênero, que não teve os detalhes divulgados.
A desclassificação de Khelif e Lin do Mundial de 2023 foi decidida pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que o Comitê Olímpico Internacional (COI) retirou da organização do torneio olímpico da modalidade por falta de transparência.
As imagens da primeira luta da argelina Khelif em Paris-2023, contra a italiana Angela Carini, provocaram um terremoto nas redes sociais na quinta-feira, com milhares de pessoas questionando se a argelina é uma mulher.
Figuras políticas conservadoras, como a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o presidente argentino Javier Milei e o ex-presidente americano Donald Trump criticaram a autorização do COI para a participação de Khelif e Lin em Paris-2024.
O COI defendeu a participação das boxeadoras, nenhuma delas identificada como pessoa transgênero.
O presidente do COI, Thomas Bach, garantiu no sábado que "nunca houve qualquer dúvida de que são mulheres".
O "discurso de ódio" nas redes sociais é "inaceitável" e está alimentando uma "agenda" política, afirmou Thomas Bach em entrevista coletiva no sábado.
"Muitas pessoas me apoiaram em Paris e também no meu país", declarou Lin neste domingo, antes de afirmar que não está acompanhando a polêmica nas redes sociais porque apagou suas contas.
Nova chance para as boxeadoras
Lin e Khelif disputaram os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, mas não conseguiram chegar ao pódio.
Lin e Staneva se conheciam bem, pois foram rivais nas quartas de final do Mundial de 2023, também com vitória da taiwanesa.
A desclassificação posterior de Lin do Mundial a privou da medalha de bronze, que foi repassada para Staneva.
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