Após ganhar a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a judoca Rafaela Silva chegou ao Rio de Janeiro nesta quarta-feira (7). A atleta, que já havia conquistado o ouro na Olimpíada do Rio, em 2016, desembarcou no Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, Zona Norte, e foi recebida pelos familiares com gritos de apoio, cartazes e bandeiras.
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Rafaela conduziu o Brasil para o pódio na disputa por equipes, se reerguendo cinco dias após ser eliminada da competição individual. Ela precisou ter resiliência para lidar com a frustração da derrota e, sabendo da sua importância para o time, conseguiu dar a volta por cima.
"Foi um momento bem complicado, fiquei bastante chateada. Cheguei até a semifinal no individual, acabei saindo da competição sem medalha. Não queria falar com ninguém e ficar só comigo, mas ao mesmo tempo, acompanhei meus amigos durante a semana. Eu sabia o quão importante eu era pro time e o quanto a gente merecia a medalha na competição por equipes. Então, eu tive que virar a chavinha, me concentrar e fiquei feliz de terem me sorteado. Eu estava pedindo para sair o meu nome, porque eu sabia a responsabilidade, do tamanho que era aquela competição."
A judoca revelou sua estratégia para contornar mentalmente a derrota no individual e entrar nas disputas restantes com "sangue nos olhos". "Coloquei na minha cabeça que eu ia entrar naquele tatame como se fosse a minha última Olimpíada, como eu gostaria que as pessoas lembrassem da Rafaela Silva", disse.
Na disputa pelo bronze por equipes, o Brasil estava vencendo a Itália por 3 a 1. No entanto, os adversários conseguiram empatar o duelo em 3 a 3 após Willian Lima e Ketleyn Quadros perderem suas lutas. Foi quando o sorteio determinou que Rafaela, que luta na categoria até 57 kg, disputasse o duelo de desempate contra Veronica Toniolo, que ela já havia enfrentado no dia. Em poucos segundos, a brasileira aplicou um waza-ari e garantiu a quarta medalha do judô brasileiro em Paris-2024.
"Eu estava meio perdida. Logo quando a Ketleyn caiu, eu pensei: 'não acredito que eu perdi uma medalha de novo'. E eu sabia que quando terminasse aquela luta, ia acabar, eu só não lembrava da pontuação. Aí, daqui a pouco, falaram: 'concentra aí que vocês têm chance', e eu já levantei pensando: '57, 57, 57 [kg]…'. E geralmente, quando sorteia, o atleta que vai lutar permanece no tatame e o restante sai. E eu vi que a italiana desceu junto com a equipe para beber água. Eu pensei: 'ela tá se cagando'. Nisso, eu fui mais confiante ainda, porque era o golden score, então qualquer pontuação já resolvia a luta. Eu fui para definir. Durante a luta anterior, eu vi que ela me deixava em uma posição confortável para entrar meu golpe, aí eu aproveitei a primeira oportunidade e consegui marcar o ponto."
Rafaela também afirmou estar com saudades da comida brasileira e fez coro às críticas da Vila Olímpica, local de residência dos atletas durante os Jogos que vem sendo alvo de comentários negativos. "Com certeza estou com saudades. Voltar para casa, poder me alimentar bem. Como todo mundo está acompanhando, as pessoas comentando sobre a alimentação na Vila Olímpica. Também não podia ficar comendo muito, porque tinha que dar o peso no individual e na equipe, mas voltar agora e comer com minha família vai ser a melhor coisa", disse.
Ela detalhou mais perrengues que passou, que serviram para alimentar a saudade de casa. "Dormir é muito bom, comer também. Lá, acorda de manhã e o ônibus atrasa 50 minutos, você fica em pé porque não tem nem banco para todo mundo. Estava bem complicado. Agora, a gente teve seis horas de atraso no voo e foi duro. Estávamos batendo cabeça no aeroporto, tomando conta das malas, mas a gente precisa descansar agora", comentou.
Rafaela garantiu estar disposta a participar da próxima edição dos Jogos Olímpicos, em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 2028. "Difícil eu cravar que estarei lá. São quatro anos de um processo de classificação. Não sabemos como vai funcionar ainda, mas o meu objetivo é, sim, estar em mais uma Olimpíada", projetou.
Orgulho da família
Familiares não conseguiram conter a emoção ao ver Rafaela desembarcado no Galeão. A mulher da atleta, Eleudis Valentim, destacou a felicidade em ver a esposa medalhista novamente. "A Rafa é merecedora, por todo o esforço dela, e agora ela é ícone brasileira. Conseguiu sua segunda medalha olímpica, é um orgulho de todos", disse.
Já a irmã, Raquel Silva, também mencionou a trajetória da atleta na competição. "A gente ficou muito feliz de ela conseguir. No individual ela bateu na trave e ficou meio triste, porque ela treinou muito para trazer a medalha de ouro e não conseguiu, mas Deus deu a oportunidade da medalha por equipe. Independentemente do resultado, a gente já estava muito feliz e orgulhoso de toda a trajetória dela, mas ela conseguiu a conquista e a gente ficou muito mais contente. Ainda mais com a oportunidade que foi, com o sorteio. Foi muito emocionante para a família inteira", celebrou.
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