Luiz Mello é o CEO do VascoFOTO: DANIEL RAMALHO/VASCO

Nesta segunda-feira, o Vasco e a 777 Partners, dona de 70% da SAF vascaína, rebateram as declarações polêmicas do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sobre o processo de licitação do Maracanã. Em vídeo divulgado "Vasco TV", o CEO Luiz Mello classifica as falas de Castro como "infelizes" e ressalta que o Cruz-Maltino é um clube de futebol. Mello ainda tranquilizou a torcida e destacou que o Vasco irá entregar a melhor proposta possível para administrar o estádio junto aos seus parceiros.
"Fomos surpreendidos ontem (domingo) com as infelizes declarações do governador (do Rio de Janeiro, Claudio Castro) com respeito à licitação do Maracanã. Mas um ponto foi importante: ele disse que o Maracanã vai ser administrado por clubes de futebol. O Vasco é um clube de futebol. O Vasco é o primeiro time a ganhar um título no Maracanã. A sua torcida entende que o Maracanã também é a sua casa. Por essa razão, ficamos felizes de cumprir com esse requisito. Quero tranquilizar a torcida vascaína para que eles saibam que iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que, quando as regras forem publicadas, o Vasco consiga entregar a melhor proposta possível, o melhor produto possível para que a gente consiga administrar o Maracanã junto aos nossos parceiros", disse o CEO Luiz Mello.
Já a 777 se manifestou por meio do diretor geral e chefe de esportes, mídia e entretenimento da holding estadunidense, Juan Arciniegas. Ele afirmou que o compromisso do consórcio formado pelo Vasco e as empresas "Legends" e "WTorre" é transformar o Maracanã "em uma das melhores arenas no mundo". Além disso, Arciniegas disse que o grupo está pronto para trabalhar com o governador e sua equipe "neste processo, desde que seja sempre de forma respeitar e profissional".
"A 777 Partners decidiu investir no Brasil porque acredita no país e nas suas incontáveis oportunidades. Levamos ao Governo o projeto 'Maracanã para Todos', um consórcio formado por um gigante clube de futebol como o Vasco e as renomadas empresas Legends e WTorre, duas das maiores gestoras de arena no planeta. Nosso compromisso é transformar este ícone global esportivo em uma das melhores arenas no mundo. Estamos confiantes de que nossa oferta é a melhor e que qualquer processo justo e objetivo chegará a esta mesma conclusão", afirmou Juan Arciniegas . 
"Reiteramos publicamente nosso pleito de que a licitação do Maracanã seja justa e transparente. E renovamos nossa promessa de tornar o estádio disponível para todos os clubes e seus torcedores. Estamos prontos para trabalhar com o governador e sua equipe neste processo, desde que seja sempre de forma respeitosa e profissional", completou.
ENTENDA O CASO
Na última sexta-feira, a "Coluna do Lauro Jardim", no jornal "O Globo", noticiou que, durante uma reunião entre executivos da 777 Partners e o governador do Rio, foi perguntado a Cláudio Castro garantias de que o processo para a concessão do Maracanã seria justo. Segundo informou a coluna, a resposta teria sido a seguinte: "Isso aqui é Brasil. Ninguém pode te dar qualquer garantia". 
No domingo, Castro publicou um vídeo nas redes sociais em que nega a informação e pontua que teria dito o seguinte: "sejam bem-vindos ao Brasil. Aqui, os Tribunais de Contas têm autoridade de retirar editais ao seu tempo e enquanto não fosse superado todos os questionamentos, não haveria o que se falar em data". 
No entanto, Castro foi adiante. Além de prestar o esclarecimento, ele se mostrou incomodado pelos dirigentes do Cruz-Maltino presentes na reunião não terem se manifestado para negar a informação da coluna. Nesse sentido, o governador chegou a dizer que eles não estavam "à altura de uma instituição centenária como o Vasco da Gama".
Também vale destacar que, em outro momento do vídeo, Castro chama a holding estadunidense que detém 70% da SAF vascaína de "o tal fundo 777" e diz que está convicto de que o Maracanã deve ser administrado pelos clubes de futebol, "e não simplesmente por empresas".
Veja a declaração completa e o vídeo divulgado por Castro: 
Na última sexta-feira, fui surpreendido por uma nota sobre a concessão do Maracanã, plantada de forma mentirosa na coluna do renomado jornalista Lauro Jardim. Aguardei até ontem para que os presentes à tal reunião pudessem desmentir tal nota, o que não fizeram. Demonstrando, dessa forma, não estarem à altura de uma instituição centenária como o Vasco da Gama. Dirigir um clube de dimensões do Vasco requer seriedade e, sobretudo, honestidade.
Mas antes de mais nada, quero fazer dois registros aqui. O primeiro é sobre a minha convicção de que o Maracanã deve ser administrado pelos clubes de futebol, e não simplesmente por empresas. A vocação do maior do mundo é para o futebol, e quem faz os espetáculos são os clubes. Portanto, é dessa premissa que nasce a minha certeza de que o melhor para o Maracanã é ter clubes de futebol à frente da sua gestão.
O segundo registro é sobre a minha determinação de que o processo de concessão deverá ser o mais transparente possível, já que estamos falando de patrimônio de valor afetivo para o nosso povo e o nosso país. É partir desse ponto que volto à nota da coluna do Lauro da última sexta-feira.
Recebi recentemente a diretoria do Vasco da Gama, conjuntamente com seu novo investidor, o tal fundo 777. Em momento algum, eu fui questionado se o processo de concessão seria justo. Seria, no mínimo, desrespeitoso perguntar isso para mim e para minha equipe. Se o fizessem, teria convidado a todos para se retirarem da sala imediatamente por tamanha ousadia.
O que me foi perguntado é se teria data prevista para concessão. O que eu disse foi: 'sejam bem-vindos ao Brasil. Aqui, os Tribunais de Contas têm autoridade de retirar editais ao seu tempo e enquanto não fosse superado todos os questionamentos, não haveria o que se falar em data'.
É muito triste saber que à mesa estavam sentados pessoas que eu prezo e gosto, como o ex-deputado estadual e hoje dirigente do Vasco da Gama, Carlos Roberto Osorio, assim como o deputado estadual Chiquinho da Mangueira, os quais não tiveram coragem de desmentir essa nota plantada de forma covarde.
Nunca foi me perguntado se eu garantiria a lisura. Foi me perguntado se eu garantiria a data. E o que eu disse foi o seguinte: 'isso está no Tribunal de Contas'. Enquanto o Tribunal de Contas não devolver, não há de se falar. Infelizmente faltou coragem. Eu esperei mais de 24 horas a fim de que as pessoas que estavam na sala desmentissem. Como não fizeram, eu estou aqui, perante vocês, desmentido agora. Um forte abraço a todos, um forte abraço à toda nação vascaína e forte abraço a todos do nosso Rio de Janeiro e do Brasil.
No domingo, antes de Cláudio Castro divulgar o vídeo nas redes sociais, o VP do Vasco, Carlos Osorio, se manifestou para esclarecer o que foi dito na reunião. Confira abaixo:
"Com relação à nota publicada na sexta-feira na coluna de Lauro Jardim, eu gostaria de esclarecer que estive presente na reunião do Vasco com o Governador Claudio Castro no último dia 12/12/22. Acho importante contextualizar a situação. O tema principal da reunião era a Concessão do Maracanã. O Governador falava sobre a dificuldade dos ritos do sistema público brasileiro e por isso afirmou não poder dar garantias de datas para a conclusão da licitação, que foi suspensa pelo TCE", disse Osorio.