Léo Pelé assinou com o Vasco até o fim de 2025Daniel Ramalho/C.R. Vasco da Gama

O zagueiro Léo exaltou os 100 anos dos Camisas Negras, time histórico do Vasco que conquistou o primeiro título Carioca do clube e que lutou e ajudou a romper a barreira do racismo no futebol. Em entrevista à Vasco TV, o defensor falou sobre este momento histórico do Cruz-Maltino e agradeceu ao clube por sempre se posicionar e lutar contra o racismo.
"O que mais me chamou atenção na história do Vasco foi os Camisas Negras. Quando eles quiseram os excluir do Vasco, do futebol, ali o Vasco se posicionou. Estudando um pouquinho, pesquisando um pouquinho sobre a história em 1923, quando foram campeões cariocas, e, depois, em 1924, foi quando tentaram os excluir. Aquilo me tocou bastante, me fez lembrar um pouco do que eu passei", disse Léo.
"Como sempre falo, se você pegar o exemplo do futebol, o melhor de todos os tempos é um negro. No basquete, é um negro. Então, o negro, sempre vou falar isso, é exemplo em várias posições, como presidente, como no basquete, como no futebol e em qualquer outro lugar. A gente não para ser acima de qualquer um, a gente luta por igualdade e estar onde bem entender. Agradeço ao Vasco por estar sempre apoiando essa causa, sempre lutando por essa causa, porque foi muito importante para mim", completou. 
Em 1923, os Camisas Negras conquistaram o Campeonato Carioca com uma campanha de 11 vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Por conta do feito, os clubes grandes do Rio abandoaram Liga Metropolitana em 1924. Botafogo, Flamengo e Fluminense, com apoio do Bangu e do São Cristóvão, então, criaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). Tal Associação tinha cláusulas que impediam a inscrição de jogadores sem profissão definida e analfabetos, justamente para minar o sucesso do Cruz-Maltino, que reunia negros e pobres na equipe.
"Estar no centenário dos Camisas Negras para mim é um sabor especial porque acredito que essa luta do Vasco não foi só pelos cidadãos daquela época. O ato que o Vasco fez abriu as portas para mim hoje. Se o Vasco não toma aquela atitude no passado, talvez não estivesse no Vasco ou em qualquer outro lugar".
EPISÓDIO DE RACISMO
Por fim, Léo relembrou o momento de "maior humilhação" da sua vida. O zagueiro contou o episódio em que, anos atrás, foi "barrado" de um shopping enquanto se dirigia ao CT para treinar. 
"Agradeço pela oportunidade de estar falando desse tema. É, para mim, muito importante. Me identifico bastante. Meu antigo clube tinha um quadro, que era 'Conta a sua História' e compartilhei algo que passei. Não gostava muito de comentar, mas naquele momento achei que era preciso, quando fui expulso de um shopping, lugar público. Para mim, aquele momento foi a maior humilhação da minha vida. Quando entrei no shopping, o rapaz virou para mim e disse: 'Você está aqui para pedir dinheiro?'. Falei: 'Não, senhor, só estou aqui para ir ao CT. Ele respondeu: 'Não, não, sai daqui!'", revelou Léo.
"Naquele momento, só sabia chorar. Se é hoje, eu mudaria a minha atitude, com a mentalidade que tenho hoje, eu me posicionaria de uma forma totalmente diferente. Mas como era jovem, só soube ligar para o meu irmão e falar o que aconteceu. Aquilo foi uma marca que ficou, uma cicatriz que ficou, mas hoje levo bem natural. Se eu estou em um lugar, é porque posso estar ali, independente das vestes e de qualquer coisa. Sou igual a qualquer um. Posso chegar, sair e estar em qualquer lugar que eu quiser. Naquele momento eu cheguei em desistir, em parar. Agradeço ao Vasco por ter aberto as portas para mim", concluiu.