Lance que gerou reclamação por parte do VascoReprodução/CBF TV

Rio - Nesta terça-feira (24), a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) criticou a arbitragem do jogo entre Vasco e Palmeiras, válido pela 27ª rodada do Brasileirão. A polêmica foi a não marcação de um possível pênalti a favor do Cruz-Maltino, que perdeu a partida por 1 a 0.
O Departamento de Arbitragem da Ferj disse que analisou a jogada em questão e afirmou que "a divergência gritante de critérios fica cada vez mais evidenciada". A federação também criticou a ida do árbitro de campo ao monitor e a condução do VAR no lance.

Leia a nota

Não vale a pena ver (VAR) de novo

O Departamento de Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro, com os dados disponíveis e divulgados, analisou o lance polêmico de Vasco x Palmeiras.

1) O lance dentro ou fora da área é factual, ou seja, não precisa ir à ARA (Área de Revisão): igual a bola entrou ou não entrou. Portanto, a chamada foi para convencer o árbitro de não pênalti, e aí ele mudou de posição.

2) A divergência gritante de critérios fica cada vez mais evidenciada.

3) Fica muito claro o que estamos falando repetidas vezes: o maior problema está na qualidade da instrução. Não existe nenhuma direção, não de padronizar, mas ao menos de tentar aproximar critérios. Subir o sarrafo para o erro claro e óbvio, e não descer para verificar se a decisão do árbitro foi correta.

4) A chave é estabelecer critérios de intervenção para cima e linguagem objetiva e clara do árbitro de campo para o VAR, inibindo prováveis sintomas de ansiedade do VAR para apitar os jogos.

5) Se foi estabelecido em reunião que o VAR não devia falar para não induzir, mas apenas sugerir a revisão, quando for o caso, e fornecer as imagens, fica a pergunta: E agora, José?

Agência FERJ

Como foi o lance?

A jogada aconteceu durante a etapa complementar. Após um cruzamento de Emerson Rodríguez, a bola bate na mão do lateral-esquerdo Vanderlan, do Palmeiras.
Inicialmente, Rafael Rodrigo Klein (FIFA/RS) assinala infração fora da área. O VAR Gilberto Rodrigues Castro Junior (AB/PE) aponta que o toque aconteceu dentro, mas não vê falta no lance. Ele ressalta que Vanderlan está "tirando o braço" e que a bola acertaria o corpo do jogador se não tivesse batido na mão.
Com isso, o árbitro de campo foi ao monitor. Depois de rever o lance, Klein desmarca a falta e dá bola ao chão para o goleiro Weverton, do Palmeiras.

Veja a revisão

VAR: Vamos checar. A mão está protegida aí. Se não bate na mão, bate no corpo.
VAR: Ele está tirando o braço.
VAR: Se a bola não pega na mão, pega no corpo do jogador.
Aqui, o VAR fala com o árbitro de campo.
VAR: Klein, o jogador do Palmeiras está protegendo a mão. Se a bola não pega na mão, pega na nádega, pega no corpo dele, tá? Estava, a princípio, aparentemente, dentro da área.
Árbitro: Ok. Então, vou ter que ir lá (no monitor) olhar.
VAR: Ok, beleza.
Árbitro: Tem um ângulo de costas que eu consigo ver? Do lado do Stanislau (assistente 2).
VAR: Vou colocar.
Árbitro: Essa aí, essa aí eu quero ver. Ok, ele está recolhendo esse braço. Não é falta. Vou reiniciar com bola ao chão para o Vasco, ok?
VAR: Para o goleiro, porque é dentro da área.
Árbitro: Perfeito.

Desdobramentos

Depois da partida, o Executivo de Futebol da SAF do Vasco, Marcelo Sant´Anna, criticou a falta de critério da arbitragem no Brasileirão. Além disso, questionou a mudança de decisão do árbitro Rafael Rodrigo Klein ao usar o auxílio do VAR.
"O árbitro confirma duas vezes que foi mão (na bola), a imagem é clara e mostra que foi dentro da área. E para não dar o pênalti, ele muda o critério e diz que o movimento da mão foi natural. Se ele tivesse alguma dúvida da origem, não precisava ter marcado a falta inicialmente, podia ter deixado o lance seguir", avaliou o dirigente.
Sant´Anna ainda confirmou que o Cruz-Maltino enviará um ofício contra o árbitro à Comissão de Arbitragem da CBF. Ele também levantou a possibilidade do Palmeiras ter sido beneficiado porque briga pelo título do Brasileirão.
"Questionamos os critérios, estamos falando de uma situação objetiva. Como se fosse um crime dar o pênalti porque o Palmeiras está disputando a liderança com o Botafogo. Fica o repúdio e vamos ver na reunião de segunda-feira (23, na sede da CBF) qual vai ser a justificativa, porque mais uma vez vão apelar para o lado subjetivo", completou.