Pedrinho, presidente do Vasco, em entrevista coletivaReprodução/Vasco TV
Pedrinho explica situação do Vasco e projeta venda da SAF: 'Tenho dívidas e compromissos'
Presidente citou trabalho na busca por investidores e pressa por reestruturação financeira
Rio - Presidente do Vasco, Pedrinho concedeu longa entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (14), em São Januário, para falar sobre os próximos passos da SAF. O ex-jogador e atual mandatário da parte social afirmou que sua intenção é vender as ações do futebol e não tem interesse em gerir, deixando essa parte para o futuro investidor.
"Enquanto eu for presidente do Vasco, a minha intenção vai ser vender a SAF. A minha intenção (com ênfase) é vender. Vender é um outro processo. Não posso ficar sentado esperando um investidor, porque tenho contas a pagar e preciso fazer com que o clube ande. Tenho dívidas, tenho compromissos e preciso fazer uma reestruturação financeira", iniciou Pedrinho.
Em maio desde ano, uma liminar concedida após ação cautelar na Justiça afastou a 777 Partners do comando do Cruz-Maltino, deixando o controle do futebol com o quadro social - Pedrinho foi eleito presidente pela chapa "Sempre Vasco".
"A associação não vai gerir o futebol se virar SAF. Isso é uma narrativa, vocês têm entendimento e têm que começar a entender o que é a história do clube. Por que eu falo sobre intenção de vender? Porque eu posso não encontrar um investidor. Aí eu vou ser cobrado porque eu falei que vou vender. Quando eu falo que tenho intenção de vender é porque eu quero vender. Eu vou conseguir? Vou ter um investidor? A gente está no mercado, atende todo mundo, algumas coisas são muito superficiais. A gente nunca vai pedir para o associativo ser majoritário", afirmou o presidente do Vasco.
A última aparição do ex-jogador, ídolo e agora presidente para assuntos de gestão foi, justamente, um dia após a liminar entrar em vigor, no dia 16 de maio.
No mês de outubro, o Vasco abriu processo formal de mediação com seus credores para equacionar as dívidas do clube, o que está sendo tocado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em meio a isso, Pedrinho apontou que já há interessados na SAF do Vasco, ainda que em revelar nomes e entrar em mais detalhes.
"Existem alguns investidores, e eu tenho que tomar cuidado quando falo porque as pessoas acham que são negociações avançadas. Existem alguns e existem NDAs (sigla em inglês para acordos de confidencialidade) assinados desse início de conversa, que eu não vou chamar nem de negociação. Por meio desse acordo de confidencialidade, não posso falar quem são os investidores. O que posso falar é que já tem muito mais de um mês. Há conversas com mais de um investidor que são muito iniciais."
"Tem um que já assinamos o acordo de confidencialidade e nem começamos a conversar. A conversa inicial é muito mais para você passar um diagnóstico, por isso há um acordo de confidencialidade, os números do clube. Essa conversa de conhecimento do que está acontecendo com o clube às vezes não consegue ser nem no primeiro dia, vão ser dois, três encontros só para mostrar a realidade. Se isso avançar, você vai para o segundo passo e começa a construir", revelou.
Critérios para venda da SAF
"Tem alguns critérios óbvios para a gente alinhar com um investidor: credibilidade reconhecida, saúde financeira, planejamento esportivo financeiro com prazos para de cumprimento, estrutura de CT com prazo de cumprimento, porque a gente pode botar "gastar R$ 50 milhões no CT" e nunca gasta. A gente precisa ter garantias para proteger a instituição para não cometer o mesmo erro cometido com a 777. Na minha única conversa presencial com o Josh (Wander, sócio-majoritário da 777), pedi garantias do aporte de R$ 270 milhões, e ele disse que as garantias eram as próprias ações."
Modelo com investidor majoritário
"O investidor vai ser majoritário, até porque é difícil achar. Ninguém vai botar dinheiro para outro mandar, e nem é a minha intenção. Um ponto para ficar claro é que em nenhum momento, em cláusulas contratuais com um possível investidor, vai ter qualquer exigência de que eu participe do futebol. Zero. Essa chance é zero. Não vai ter nenhum empecilho relacionado ao futebol. Todas as cláusulas vão ser de proteção à instituição."
2025 e as finanças sem a SAF (Carlos Amodeo, CEO do Vasco)
"Para o próximo ano, o que posso dizer é que as receitas projetadas estão praticamente íntegras. Não houve antecipação dessas receitas. Isso nos dá uma previsibilidade de fluxo de caixa muito melhor para 2025, e as receitas de 2025 também deverão ser substancialmente maiores do que as que tivemos em 2024, e também nos anos anteriores."
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